terça-feira, 27 de abril de 2010

Reconheça: Naná Vasconcelos.



Nana nasceu em Recife, Pernambuco, no dia dois de agosto de 1944. Nana Vasconcelos pertence áquele interminável grupo de talentosos percussionistas brasileiros que mudaram a direção e o som do jazz brasileiro na fase post-bossa nova da década de setenta.

Vasconcelos, é especialmente, um virtuoso berimbau, e também adepto de métricas pouco usuais no jazz (5/4, 7/4), mas que são freqüentemente utilizadas no nordeste brasileiro.Filho de violonista, Vasconcelos teve o seu começo na banda de seu pai, aos doze anos, tocando bongos e maracas.

Levando a seção de bateria como parte de seu arsenal, Nana se mudou para o Rio na metade dos anos sessenta, se reunindo ao grupo do jovem Milton Nascimento, onde pesquisou e incorporou uma série de instrumentos de percussão.

Gato Barbieri ao escutá-lo, o convocou para para as excursões que fez na Argentina, Europa e Estados Unidos, em 1971; Nana pode ser escutado nos álbuns de Gato no selo Flying Dutchman. Logo após a excursão, Nana foi viver por dois anos em Paris, e às vezes tocava com Don Cherry na Suécia.

Em 1976, ele realizou um inesquecível álbum, em duo com o guitarrista Egberto Gismonti, "Dança Das Cabeças", o primeiro de uma série, como líder e sideman para o selo ECM. Ele se reuniu com Cherry em 1978, e com Collin Walcott, formando o Codona, um trio que tocava a fusão da música dos quatro continentes, até a morte de Walcott em 1984.

Vasconcelos se integrou ao Pat Metheny Group de 1980 a 1983 como convidado especial, servindo como âncora rítmica para a música de Metheny em sua rota de influências brasileiras. Desde então, Vasconcelos tem tocado com Don Cherry, excursionado e gravado com Jan Garbarek, e em 1995, criou um duo pouco usual com o percussionista clássico escocês Evelyn Glennie durante o Bath International Music Festival.

Pasquim entrevista Madame Satã [trechos]

Pasquim - Eu ouvi dizer que você matou um com um soco.

Satã - Não, eu fui acusado de ter matado o falecido compositor Geraldo Pereira com um soco. Mas o caso foi o seguinte: eu entrei no Capela e estava sentado tomando um chope. Ele chegou com uma amante dele (ainda vive essa mulher), pediu dois chopes e sentou ao meu lado. Aí tomou uns goles do chope dele e cismou que eu tinha que tomar o chope dele e ele tinha que tomar o meu. Ele pegou o meu copo e eu disse pra ele: "olha, esse copo é meu. Aí ele achou que aquele copo era dele e não era o meu. Então eu peguei meu copo e levei pra minha mesa. Aí ele levantou e chamou pra briga. Disse uma porção de desaforos, uma porção de palavras obicênias (sic), eu não sei nem dizer essas coisas. Aí eu perdi a paciência, dei um soco nele, que caiu com a cabeça no meio-fio e morreu. Mas ele morreu por desleixo do médico, porque ele foi pra assistência vivo.

Pasquim - Quem é que te deu esse apelido de Madame Satã?

Satã - Esse apelido de Madame Satã ganhei em 1938, no "Bloco Caçador de Veados", depois passou para "Caçador da Floresta" e morreu com esse nome. Depois nasceu como "Turunas de Monte Alegre".

Pasquim - Mas você era caçado ou caçador?

Satã - Eu era caçador.

Pasquim - Mas conta a história do apelido.

Satã - Bem, havia o baile de carnaval e o concurso. Então eu me exibi com a fantasia de "Madame Satã" no Teatro República e ganhei o primeiro lugar. Ganhei um tapete de mesa e um rádio Emerson, feito um balezinho, ele abria do lado, assim, feito uma portinha. O último ano que eu desfilei foi em 41. Eu estava preso, mas anulei um processo e vim passar o carnaval na rua. Desfilei com "A Dama de Vermelho".

Pasquim - O que que você acha do Clóvis Bornay?

Satã - Eu vou te explicar uma coisa: eu não tenho o que dizer dessas bichas velhas, não.

Pasquim - ainda agora nós estávamos conversando sobre Osvaldo Nunes. É verdade que ele briga bem?

Satã - Eu conheci o Osvaldo Nunes, mas ele não era cantor ainda. Mas eu não acho que ele brigue bem, não. De quando em quando eu fico sabendo dos escândalos que eles fazem por aí. Eu acho que do jeito que eles brigam não é briga, é escândalo.

Pasquim - Você disse que foi amigo do Francisco Alves. O que que você achava dele?

Satã - O Chico Alves pra mim foi uma grande pessoa, não só como cantor, mas também como companheiro de farra e como amigo.

Pasquim - E Noel Rosa, era bom sujeito?

Satã - Noel Rosa já desceu de Vila Isabel como um bom sujeito, pelo menos como cantor e como companheiro.

Pasquim - Você conheceu a Araci de Almeida?

Satã - Araci de Almeida eu conheci menina, ainda, quando ela começou a gravar as músicas de Noel Rosa. Pra mim foi uma grande amiga e uma grande companheira. Era o meu tipo, o tipo assim que quando se queimava já viu, né.

Pasquim - Quando Nelson Cavaquinho foi da polícia, ele nunca te prendeu, não?

Satã - Nunca. Nelson Cavaquinho é muito meu amigo, sempre foi.

Pasquim - Mas ele não era civil.

Satã - Mas era muito meu amigo.

Pasquim - E esses compositores: Wilson Batista, Ismael Silva e tal, você conheceu?

Satã - Wilson Batista eu tive uma briga com ele muito grande quando ele desceu lá do morro com aquela disputa com Noel Rosa. Foi outra briga que eu tive. Foi ali na Galeria Cruzeiro, ele saiu correndo por ali. Foi quando ele tirou aquele samba "Rapaz Folgado", pro Noel.

Pasquim - E o Ismael Silva?

Satã - Ismael Silva preto? Ele estava sempre ali na Lapa. Era um bom sujeito só que quando bebia muito ficava chato.

Triste Bahia, Ildásio Tavares.


Tenho andado, trafegado pelas ruas favelizadas de Salvador; pelo asfalto esburacado; pela solidão babelizada de não nos vermos mais a não ser em enterros ou efemérides significativas. Tenho assistido ao esboroar-se de uma das cidades mais amenas que já conheci e presenciado o embrutecimento de uma gente antes doce e cordial, envolvida pela violência; atolada em condições subhumanas de existência; uma gente que já foi unida e solidária e de Itapuã a Paripe falava mais ou menos a mesma língua, terra da felicidade.


Todo mundo se conhecia em Salvador. Numa geografia aprazível os bairros se distribuíam pelas colinas, cada uma com uma infra-estrutura própria. Onde eu morava, por exemplo, no Boulevard América, havia uma cocheira de onde vinha o leite, os vendedores passavam com a verdura, o peixe, cavala, peixe, a gorda negra de manhã, mungunzá, lelê, a camionete da Sorveteria Primavera passava no horário certo, os meninos vendendo taboca, o amolador de facas com seu realejo e na esquina da entrada o Armazém de Mendes vendia tudo na base do caderninho para pagar no fim do mês.

Os bondes rolavam nos trilhos, 1 Nazaré, 2 Barra, 7 Federação, 14 Amaralina. Havia as opções perfeitas para tudo. De refrigerante o famoso Guaraná Fratelli Vita que ainda oferecia a gasosa de maçã e a de limão que eu bebia escondido em casa, enchendo as garrafas de água até que um dia uma visita refugou e tomei uma bela surra depois.

As lojas do comércio eram personalizadas. A gente ficava amigo dos donos da loja. A Ernesto, por exemplo. Fiz meus primeiros óculos ali na Piedade, receitados por Dr. Marback, um monumento da oftalmologia, 1949. E nunca mais deixei de fazer óculos na Ernesto. Griffe de boa qualidade, seu Ernesto sério, austero, ele mesmo atendendo a freguesia; ele mesmo garantindo o nível do produto.

Mais tarde eu iria conhecer Bubba e Willy, lá mesmo na loja e Liselotte na ACBEU, vistosamente bela, toda de negro, do alto de uma varanda, fumando um cigarro, vejam. Lise foi a primeira menina que eu vi fumando em público na minha vida, 1956, e sua imagem, loura do alto da varanda, cigarro nos dedos, nunca saiu de minha cabeça. A Ernesto não era uma ótica despersonalizada. Como não era A Suprema Móveis do meu amigo Leão, a Foto Jonas de meu tio Vivaldo que era presidente do Ipiranga e botava os sobrinhos todos pra jogar no juvenil. Me lembro que eu ia pra Fonte Nova e dizia ao cara da entrada no campo, vou ficar com meu Tio Vivaldo, ele abria o portão e eu via o jogo do banco, era uma glória.

Lojas como as Duas Américas, A Florensilva de seu Florentino, O Adamastor do pai de Glauber, a Civilização Brasileira de Dmeval Chaves.Jornais como os Diários Associados de Odorico Tavares, A Tarde de Jorge Calmon. O dusty miller da Cubana? Ou o carnaval no Bahiano, Associação e Yacht e de botar cadeira na rua na Av. Sete pra assistir as batucadas, os Filhos de Ghandy, Mercadores de Bagdá, os caretas. As matinés do Excelsior, Glória, Guarany. A cidade era proporcional a si mesma. Desgovernou-se. Desandou. Assusta.

Ronaldo de Almeida explica os Demônios.

Que mudanças a Igreja Universal do Reino de Deus, no contexto pesquisado pelo senhor, introduziu no campo religioso, político e social?

Ronaldo de Almeida - É realmente uma igreja inovadora. A Universal significou, em primeiro lugar, uma transformação no jeito de ser pentecostal. Essa é a diferença frente às igrejas mais tradicionais, de pentecostalismo clássico, como a Assembleia de Deus. No meio político, ela, junto com outros movimentos maiores de evangélicos, tem participação na esfera política, políticos com mandatos e assim por diante.Acho que tem uma mudança interessante também no comportamento em relação aos meios de comunicação, que é utilizado por ela em grande escala. Não é só uma comunicação religiosa, mas sim algo que disputa o mercado não-religioso dos meios de comunicação. Também acho que é uma religiosidade que emprega outra relação com a pobreza, com os bens materiais, que visa muito mais uma melhora de vida do que simplesmente achar que tem algum valor religioso positivo na pobreza. Na verdade, a Universal inova em muitas coisas, essas são algumas delas, mas é importante saber que existem outros agentes e religiões participando disso.

Durante o ritual do exorcismo, os pastores e bispos convocam os demônios a se manifestarem. Qual a importância desse momento para os fiéis?

Ronaldo de Almeida - Uma das coisas que a Igreja Universal inova é no conflito mais aguerrido com outras religiões, além do aspecto evangélico. Para eles, de um lado está o catolicismo e, de outro, as religiões afro. Neste momento de conflito e disputa que a igreja faz, o que ela argumenta é que os males da vida, sejam financeiros, físicos, familiares, têm causa maligna e diabólica. Portanto, o homem precisa ser libertado disso.Um dos lugares onde está a fonte desse mal são, para a Universal, as religiões afro, em particular. Então, quando ela exorciza as pessoas, está libertando dos espíritos malignos, que causam esse males e que são apresentados como espíritos ou entidades de outras religiões. Para os fiéis, o momento do exorcismo representa todas essas coisas: do ponto de vista particular, uma libertação daquilo que seria a fonte do mal; e, por outro lado, uma condenação de outras religiões.

Como a figura do diabo aparece no discurso dessa religião?

Ronaldo de Almeida - Aparece sendo a causa dos males, e os males não têm muito a ver com ir para o inferno ou uma condenação pós-morte. Na verdade, o diabo causa problemas cotidianos que enfrentamos. De um lado, ele representa esses males, e, de outro, se tem uma performance ritual desses males. A referência sai das religiões afro-brasileiras ou espírita kardecista. Há uma manifestação diabólica naquele formato de Exu e Pomba Gira. Essa é a referência simbólica.

Qual a diferença do discurso sobre o diabo feito pela Igreja Universal do Reino de Deus em relação a outras religiões?

Ronaldo de Almeida - Acho que, no aspecto cristão, todo mundo fala de diabo, isso não é novidade. Na própria evangelização das Américas no período colonial português, demonizaram-se as práticas indígenas, por exemplo. Isso vem de longe, da Idade Média. Acho que a novidade que a Universal introduz, primeiro, é uma ênfase exacerbada em relação ao diabo, mais do que as outras religiões cristãs. Em segundo lugar, é a caracterização desse diabo em forma daquelas religiões que estão competindo com ela. Enquanto o diabo, nas outras religiões, é mais medieval, na Igreja Universal ele tem uma cara afro-brasileira.

Quem ou o que são esses demônios da Igreja Universal?

Ronaldo de Almeida - Do ponto de vista acadêmico, antropológico, a Igreja Universal acaba criando a própria performance do diabo, que só aparece desse jeito em seus cultos. A Universal diz que são manifestações de entidades afro-brasileiras. Quando se olha por um lado se parece, por exemplo, com uma Pomba Gira ou Exu, com as mãos cruzadas para trás ou com as mãos na cintura e gritando. De certa forma, isso nos remete às manifestações das entidades da umbanda, mas também há representações de outras coisas que não tem nada a ver com a umbanda, tem a ver com a dinâmica de uma Igreja evangélica. Há uma ênfase em que o exorcizado se ajoelhe, bata a cabeça para Jesus, além de uma combinação de uma série de outras coisas. De um ponto de vista não religioso, a impressão é de que a Igreja faz uma síntese entre uma prática religiosa cristã e as religiões afro. Daí a ideia da brincadeira do título é dizer que, de certa forma, a Universal produz aquilo que combate, fazendo com que a própria Igreja fique parecida com a religião que está combatendo. Os tais "demônios" são essas coisas que estão em nossas cabeças, que remoemos atacando o outro, mas que, na verdade, estamos falando de nós mesmos. Tenho essa leitura da Igreja Universal.

Como o senhor define o universo simbólico construído pela Igreja Universal do Reino de Deus?

Ronaldo de Almeida - É bastante amplo. Estou dando uma ênfase a essa questão dos demônios exatamente por que estou dando uma ênfase à dimensão do conflito, da maneira como ela lida contra as outras religiões. Hoje isso está um pouco mais suave, pois a Universal sofreu reações, mas em sua formação, nos anos 1980 e 1990, ela viveu períodos de conflito. Na verdade, é uma Igreja que também motiva muito as pessoas a ter iniciativa própria, a enfrentar seus problemas financeiros, por exemplo. Mas em uma lógica muito empreendedora do que propriamente uma disciplina do trabalho que era o clássico de uma tradição protestante, a ênfase está em que você monte seu próprio negócio e tenha pretensões de ser chefe e empresário mais do que ser empregado. Há toda uma dimensão simbólica de um jeito de se comportar e se conduzir na vida material e econômica. Isso é uma coisa importante para a Igreja e que tem eficácia na vida de muitas pessoas.

Como o senhor vê a relação da Igreja Universal do Reino de Deus com a mídia?

Ronaldo de Almeida - A Universal entra não como uma mídia religiosa, mas para disputar o mercado. Muito do que está ocorrendo no momento é mais um capítulo deste conflito, ou seja, a condenação da Igreja Universal pela Rede Globo no primeiro semestre deste ano, a própria reação da Rede Record e da Rede Globo - que já havia ocorrido em 1992 e em 1995 - com uma história mais pesada. São vários capítulos de um mesmo conflito. Os atores desses conflitos são aqueles que estão na disputa do campo da mídia, e que, às vezes, se travestem em uma linguagem religiosa, aí entra a Igreja Universal e a Igreja Católica. Na verdade, existe um grande jogo de interesses religiosos e econômicos.

A bola, Luis Fernando Veríssimo.

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.

O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando não gostam do presente ou não querem magoar o velho.

Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.

- Como e que liga? - perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
- Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
- Claro que é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
- Nada, não.

O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.

O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.

- Filho, olha.
O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela.O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada.Talvez um manual de instrução fosse uma boa idéia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

Cine Tube apresenta: Pulp Fiction, Quentin Tarantino.



título original:Pulp Fiction
gênero:Policial
duração:02 hs 34 min
ano de lançamento:1994
direção:
Quentin Tarantino
roteiro:Quentin Tarantino, baseado em estória de Roger Avary e Quentin Tarantino
produção:Lawrence Bender
fotografia:Andrzej Sekula
direção de arte:Charles Collum
figurino:Betsy Heimann
edição:Sally Menke


O livro que Vincent (John Travolta) carrega sempre toda vez que entra no banheiro, "Modesty Blaise", de Peter O'Donnell, tem um assassino que sempre cita versos bíblicos muito similares ao de Jules (Samuel L. Jackson);

A personagem de Harvey Keitel possui o mesmo nome (Mr. Wolf) e a mesma especialidade (limpar “bagunças”) da mesma personagem em A Assassina (1993), que também é interpretado por Keitel, velho parceiro de Tarantino desde Cães de Aluguel (1992), filme pelo qual ele ajudou a angariar verba para produção;

A história envolvendo a overdose da mulher do chefão, Mia Wallace (Uma Thurman) e sua ressurreição através da injeção de adrenalina no coração é a mesma do documentário American Boy: A Profile of: Steven Prince (1978), dirigido por Martin Scorsese;

Quando Butch (Bruce Willis) pergunta a Zed (Peter Greene) com a espada de samurai: “Você quer essa arma, não quer Zed? Vá em frente e escolha uma. Eu quero que você escolha uma.” É a mesma frase pronunciada pelo Xerife Chance (John Wayne) em Rio Bravo (1959), que é um dos filmes favoritos de Tarantino;

Quando Mia vai ao toilete “retocar” a maquiagem no Jackrabbit Slims e puxa uma carreira de cocaína no banheiro, ela diz: "I said goddamn, goddamn." É uma referência a música "The Pusher" de Steppenwolf, a música de abertura de Sem Destino (1969);

Todas as vezes que Vincent vai ao banheiro, algo acontece. E na cena com Jules, em que um sujeito sai do banheiro e descarrega a arma nos dois é a primeira vez que o banheiro aparece na vida de Vincent. É uma homenagem a Alfred Hitchcock, que também usava freqüentemente o banheiro em seus filmes.

Saulo não cabe só na Holofote, James Martins.

Uma das discussões mais freqüentes neste Bahia Notícias ultimamente pretende separar os assuntos que seriam dos domínios da coluna Holofote e os da coluna Entretenimento. Às vezes embola, porque afinal de contas tudo é entretenimento na imprensa atual. Até a morte da mãe de Roberto Carlos saiu na capa do Correio* com a seguinte manchete “QUE DOR / MEU REI”. Brincadeiras à parte, parece que a Holofote é uma coluna sobre os astros da Axé Music e correlatos, enquanto a Entretenimento está seguindo uma linha que às vezes eu acho enjoativamente internacional: uma espécie de World Music do Axé! Mas por que é que eu tô falando disso? Porque hoje eu quero falar de Saulo Fernandes, um assunto dos domínios da Holofote. Posso, Lívia? Saulo participou do projeto Veja Música, da revista Veja, onde aparece cantando uma canção de Cartola (Nervos de Aço) e outra de Alcivando Luz e Carlos Coqueijo (É Preciso Perdoar), imortalizada por João Gilberto. Acho que este assunto já é domínio da Entretenimento. Enfim, quando um astro da Axé Music se coloca numa posição difícil de classificar eu tenho orgulho de tudo o que ainda representa este movimento da MPB – Música PraPular Brasileira.

É preciso que eu diga que, diferente de um monte de gente, não fiquei surpreso com Saulo interpretar tais canções. E nem tampouco com o seu modo à vontade diante (e por dentro) delas. Vou contar um caso rápido e esclarecedor: certa feita Chico Kertész me chamou para vermos juntos um show de Ângela Rô Rô & Ivete Sangalo, na Concha. No meio do caminho eu soube que Saulo Fernandes viria conosco, mas achei que não pegava nada. O cantor da banda Eva usava boné cobrindo o rosto, jeans surrado e chinelinhos flip-flop: um figurino de anti-astro. Você reconheceu ele? Pois a multidão sim. E o assediou de todas as formas. Todas mesmo. Até os homens com cara de pai de família pediam pra tirar uma foto. Querem saber um segredo? Saulo tem uma paciência de São Francisco de Assis. Mas eis o que eu queria dizer: como ficou difícil ver o show, fomos embora, comemos um sanduíche de pernil no Líder e depois, já na casa de Chico, Saulo tocou e cantou ‘É Preciso Perdoar’, que agora gravou no programa da Veja. Repetimos várias vezes o encanto diante da linha melódica do refrão que diz “pobre de quem não entendeu que a beleza de amar é se dar (...)”. Eu ainda toquei algumas canções da Los Hermanos para ele cantar.

Para mim o grande problema da cultura baiana atualíssima é que ela tende a carnavalizar tudo. Até num velório toca-se uma levada louca pra dançar. Eu mesmo já disse que Salvador é uma cidade devastada pela alegria, frase diante da qual o maestro Aldo Brizzi exultou e que repercutiu em seu Facebook, para meu orgulho bobo. Vendo Saulo no Veja Música, quieto, sereno, cantando uma música que eu sei que ele gosta e compreende realmente, com arranjo cool e preciso, sem prejuízo de nada o que nele é efusividade, alio isso ao fato de o Morotó Slim, guitarrista da pulsante Retrofoguetes, estar interessado em alguns aspectos da música de carnaval da Bahia, via guitarra baiana, e crio esperanças. Aliás, a versão de ‘Cordas de Aço’ me agradou ainda mais que a de É Preciso Perdoar, onde Saulo faz ainda uma surpreendente menção a ‘Jesus Chorou’, dos Racionais MC’s (veja aqui). Espero que isso não seja apenas um episódio isolado, como o interesse de Paul McCartney por Stockhausen, mas o início de uma quebra dessas demarcações atoleimadas que hoje vigem na Bahia, que afinal é de todos os santos e não pode descobrir um para cobrir o outro. É preciso misturar. É preciso variar. É preciso perdoar... e só não há perdão para o chato. E pro cagão.

PS: Minha filha Dora, batizada assim por causa de Caymmi, adora aquela música da Banda Eva que diz “Ô zuzum bá zumbaiôba / Oba oba oba (...)”. Eu também gosto.


Sinta-se em casa: Studio 54.

Carmen D’Alessio é uma lenda viva da vida noturna nova-iorquina. No final dos anos 70, esteve à frente das mais badaladas festas da cidade no Studio 54, a boate mais famosa do mundo, onde celebridades como Andy Warhol, Liza Minelli e Bianca Jagger sacudiam na pista ao som de disco music. A boate de Steve Rubell e Ian Schrager deu início à era das superdiscotecas. Abriu as portas em 26 de abril de 1977 num antigo teatro na rua 54, mas perdeu o brilho em 1980, quando os proprietários foram presos por sonegação de impostos, até fechar em definitivo em 1985. “Eram noites inesquecíveis”, lembra o empresário carioca Ricardo Amaral, que freqüentou o Studio nos tempos áureos.

A começar pela inauguração. Naquela noite, o artista plástico Andy Warhol e o fotógrafo das estrelas Francesco Scavullo estavam entre as três mil pessoas que chacoalharam na pista. Do lado de fora, uma multidão acotovelava-se atrás da temível corda de veludo vermelho, na porta, sem conseguir entrar. O roqueiro Mick Jagger voltou para casa e o cantor Frank Sinatra fez a badalação na sua limusine. No Studio 54, Carmen desenvolveu uma receita para boas festas: “Misturava gente da alta sociedade, modelos, artistas, gays e anônimos no mesmo lugar”, conta ela, que esteve no Brasil para uma festa do amigo Ricardo Amaral, no Rio de Janeiro. “Carmen transformou a promoter de clube noturno numa figura glamourosa”, afirma ele.

Peruana, Carmen chegou em Nova York aos 18 anos, em 1965. Trabalhou na ONU e, como relações públicas, nas lojas de Yves Saint Laurent e Valentino. Assim, conheceu o jet-set internacional, público que conferia charme e glamour dos freqüentadores do Studio 54. Com o sucesso da discoteca, ela ilustrou a capa da revista Newsweek e ganhou um perfil na Interview, de Andy Warhol, com o título de Oh, Carmen Miranda, Move Over (Oh, Carmen Miranda, saia daí). “Sempre fui alegre e apaixonada pela vida”, conta ela, que foi casada quatro vezes e está solteira há cinco anos.
As festas organizadas por Carmen fizeram história registrada em livros, filmes, exposições de fotos e documentários. O primeiro grande evento foi o aniversário de Bianca Jagger, em 1977, que entrou na boate montada num cavalo branco. Na festa do estilista italiano Giorgio Armani, ela trouxe de Monte Carlo um grupo de travestis. “Não queria que a festa ficasse careta”, diz Carmen. Ricardo Amaral conta que uma vez foi à discoteca com Pelé. O DJ o reconheceu e focou o spotlight no jogador. A pista parou. “E ele foi aplaudidíssimo”, lembra Ricardo. Para a amiga Paloma Picasso, Carmen fechou a boate para 100 pessoas, gastou US$ 40 mil na produção e chamou Liza Minelli para cantar.

Liza, aliás, era habitué da casa. Ela, Andy Warhol, o escritor norte-americano Truman Capote e os estilistas Halston e Calvin Klein costumavam freqüentar a sala vip da boate, segundo Carmem, onde rolava disco music e, claro, muita droga. “O Steve gostava de oferecer a melhor cocaína aos seus convidados”, conta. Uma imensa lua, em neon, aspirando pó de uma colher pendurada no teto, aliás, era um dos símbolos da casa. Na pista, fumava-se maconha à vontade. “Mas não era nada negativo”, conta Carmen, que, aos 54 anos, continua na noite, mas de forma light. Promoter de um restaurante e um clube noturno em Manhattan, ela hoje prefere um bom jantar ao lado dos amigos Calvin Klein e Carolina Herrera a varar a madrugada numa pista de dança. “Para viver na noite tem de ter pique, ser jovem”, resume.

Aos poetas, Libertinagem!, Cazzo Fontoura.

Quando me vi libertino
no traquejo das letras
desisti de ser o poeta feroz
das verdades inflamadas
a recitar em plena praça
a dor do mendigo
do desvalido
agredindo públicos ouvidos
com versos vomitados
incompreendidos.

Nem nunca movi
palha alguma
articulações espúrias
para tornar-me
porta-voz
de rubros partidos
soando alto
horrorosos hinos
tal fossem
o suado clamor
de um povo sofrido.

Preferi a alegria
e a tristeza
introspectivo
porque enquanto poeta
não me faz sentido
fazer da pena leve
pesado martírio
fazer de meus versos
discurso apocalíptico
pois não tenho força
nem disposição
para trilhar sonoras
trincheiras.

E quando desço
inteiro
de um muro repartido
- entre panfletos partidos -
ergo no ar
soberbo
sem armas sem gritos
Manuel, minha bandeira.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Salve, Jorges!


Elogio da Sombra, Jorge Luis Borges


A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão)
pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.
Vivo entre formas luminosas e vagas
que não são ainda a escuridão.
Buenos Aires,
que antes se espalhava em subúrbios
em direção à planície incessante,
voltou a ser La Recoleta, o Retiro,
as imprecisas ruas do Once
e as precárias casas velhas
que ainda chamamos o Sul.
Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas;
Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar;
o tempo foi meu Demócrito.
Esta penumbra é lenta e não dói;
flui por um manso declive
e se parece à eternidade.
Meus amigos não têm rosto,
as mulheres são aquilo que foram há tantos anos,
as esquinas podem ser outras,
não há letras nas páginas dos livros.
Tudo isso deveria atemorizar-me,
mas é um deleite, um retorno.
Das gerações dos textos que há na terra
só terei lido uns poucos,
os que continuo lendo na memória,
lendo e transformando.
Do Sul, do Leste, do Oeste, do Norte
convergem os caminhos que me trouxeram
a meu secreto centro.
Esses caminhos foram ecos e passos,
mulheres, homens, agonias, ressurreições,
dias e noites,
entressonhos e sonhos,
cada ínfimo instante do ontem
e dos ontens do mundo,
a firme espada do dinamarquês e a lua do persa,
os atos dos mortos,
o compartilhado amor, as palavras,
Emerson e a neve e tantas coisas.
Agora posso esquecê-las. Chego a meu centro,
a minha álgebra e minha chave,
a meu espelho.
Breve saberei quem sou.


Jornal Apocalipse Now: “Emo tem cabelo cortado à força pela mãe.”

Um garoto de 14 anos foi amarrado e teve o cabelo cortado à força pela mãe, ontem, em Sorocaba. Tudo porque ele se identifica com o movimento "emo", no qual os meninos deixam os cabelos lisos e penteados caírem sobre os olhos. O rapaz foi além e, sem a autorização da mãe, colocou um aplique colorido para aumentar a cabeleira.

Ao chegar à casa, no Jardim Iguatemi, a mãe, identificada apenas como Lucimar, de 37 anos, e a avó, Lúcia, de 57, correram atrás do garoto com uma tesoura e ainda o ameaçaram com um pedaço de pau. O garoto saiu de casa e correu cerca de um quilômetro, até atingir a Praça das Águas, no Jardim Abaeté, mas as mulheres o perseguiram de carro. Ele foi amarrado com uma corda e, além do aplique, teve cortado o próprio cabelo.

Em seguida, mãe e avó levaram o menino a um distrito policial, pois queriam denunciá-lo por desobediência. O caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar. O garoto foi levado para a casa da avó paterna.
Os conselheiros tentarão intermediar a relação da mãe com o filho. Lucimar diz que voltará a amarrá-lo, se precisar. "Estamos fazendo isso por desespero, pois ele está tomando um caminho errado e, se der mal na vida, não será por minha omissão", alegou.

O movimento emo ou emocore, abreviações do inglês emotional hardcore, é um gênero musical adotado originalmente pelas bandas do cenário punk de Washington (EUA). No Brasil, o gênero se estabeleceu em meados de 2003 e influenciou a moda de adolescentes caracterizada pelo comportamento geralmente emotivo e tolerante, e também pelo visual, que consiste em trajes pretos ou listrados, cabelos coloridos e franjas caídas sobre os olhos.



Fragmentos-Fundamentos de Hilda Hilst.

PEQUENAS SUGESTÕES E RECEITAS DE ESPANTO-ANTITÉDIO PARA SENHORES E DONAS DE CASA.

I
Pegue uma cenoura. Dê uns tapinhas para que ela fique mais rosadinha (porque essa que você pegou era uma pálida cenoura). Aí diga: cenoura, tu me lembras uma certa tarde, uma certa loira, quando meu nabo, num fiasco, emurcheceu de vez. Se a tua mulher te encontrar na cozinha com a cenoura na mão, dizendo essas coisas, diga apenas: que bonita que é a cenoura, né bem?

VIII
Enfeite a mesa com flores. Compre um peru. Feche as crianças no banheiro. Antes de começar a ceia convide seu marido para dançar ao redor da mesa (não mexa com o peru). Inopinadamente pergunte se ele gosta de trufas. Se ele disser que sim, gargalhe algum tempo atrás da porta e diga que “trufas não tem não, amorzinho”.

IX
(Se você for PhD, leia até o fim. Se não, pule esta.) Faça um buquê de orelhas. É fácil. Peça apenas uma a cada um de seus dez amigos íntimos. Diga-lhes que é para uma causa nobre. Se perguntarem qual causa (não confundir com Cáucaso, é outra coisa), diga que você precisa mandar o buquê para tua velha e querida preceptora inglesa (quando você tinha quinze anos, lembra-se?), que arrancou as tuas duas porque você insistiu inquebrantável durante doze horas seguidas que aquela primeira frase do discurso de Marco Antonio para o povão, era na “tua” tradução “Empresta-me tuas orelhas”. Todos concordarão, acredite, com o teu pedido. Ainda mais porque todo mundo sabe que “Lend me your ears” quer dizer isso mesmo.

XI
Compre manteiga. Passe-a nos dedos. (Esqueça-se de Marlon Brando.) Chupe-os. E diga em tom de oração: que vida solitária, meu Deus. (Contenha-se).



Mind the gap, Antônio Cícero.

NO METRÔ do Rio de Janeiro, quando o trem se aproxima de uma estação, ouve-se uma voz a anunciá-la, dizendo, por exemplo: "Próxima estação: Botafogo". De um tempo para cá, começaram a anunciar a próxima estação também em inglês, como: "Next station: Botafogo". Em português, às vezes dão outras informações, como "estação de transferência para a Gávea" etc. Em inglês, porém, só dizem o nome da estação. Por isso, recentemente fiquei surpreso quando, tendo ouvido a advertência "cuidado com o vão entre o trem e a plataforma", ouvi, em seguida: "Mind the gap".

Isso me transportou para muitos anos atrás, quando eu morava em Londres. Lembro-me de que me divertia ao ouvir essa mesma sentença em algumas estações do metrô. É que "mind the gap" quer dizer, literalmente, "atenção ao vão", "cuidado com o vão" ou "cuidado com a lacuna", e tudo isso já era sugestivo. Ademais, a palavra "mind" pode ser também usada como substantivo, significando "mente". A expressão "mind the gap" pode, portanto, ser ouvida mais ou menos como "a mente, o vão" ou “a mente, a lacuna”. E eu "viajava" um pouco com essa ambigüidade.

Naturalmente, não fui o único a perceber a graça de "mind the gap". Há pouco tempo, tomei conhecimento de que existem ao menos um filme, uma produtora de cinema, uma companhia de teatro e um romance chamados "Mind the Gap", todos inspirados na frase dita no metrô de Londres.De todo modo, o prazer que eu sentia com a ambiguidade da sentença "mind the gap" dita no metrô era de natureza estética. Eu apreendia essa sentença à maneira de um "ready made" poético. Como se sabe, o conceito de "ready made", cunhado pelo artista plástico Marcel Duchamp, designa um objeto já existente que, deslocado do seu contexto e colocado numa exposição ou num museu, pede para ser apreciado esteticamente. É o caso do urinol que Duchamp submeteu a uma exposição.

Na verdade, a intenção do gesto de Duchamp havia sido mais a de contestar a instituição da arte do que a de revelar a possibilidade de que qualquer coisa, mesmo a mais improvável, pudesse ser objeto de fruição estética: de que esta residisse mais na atitude estética do receptor do que na própria coisa. No entanto, creio que foi desse modo que a maior parte dos artistas e críticos sempre a entenderam.

Mais próxima de celebrar a atitude estética parece-me ser a peça musical de John Cage "4'33"". Descrevo-a para o leitor que não a conheça. Trata-se de uma composição de três movimentos, composta para qualquer instrumento ou combinação de instrumentos. Os músicos entram, mas não tocam música nos instrumentos que seguram ou ante os quais se sentam. O primeiro movimento dura trinta segundos, o segundo, dois minutos e vinte e três segundos, e o terceiro, um minuto e quarenta segundos. O que os ouvintes realmente ouvem é o “silêncio” que, na verdade, consiste no som ambiente: a tosse de alguém, o ranger de uma poltrona, a respiração do ouvinte ao lado, o som distante de um avião que passa. Trata-se, portanto, de aprender a captar esteticamente, como se fosse música, o que chamamos de “silêncio” ou de “ruído”.

O fato é que assim como, nas artes plásticas, o "ready made" levou muitos artistas e críticos de arte a considerarem obsoleta a arte de pintar ou esculpir, na poesia ele levou muitos poetas e críticos literários a considerarem obsoleta a arte de fazer poemas. Entende-se: se é possível encontrar prazer estético num texto recortado do jornal, num trecho de diálogo de uma novela mexicana, numa sentença grafitada, numa frase ouvida ao léu ou na advertência do metrô, quem precisa da arte da poesia, de poemas ou de poetas?

A melhor resposta a uma pergunta dessas seria, evidentemente: "Ninguém". Não é preciso arte ou poesia. "Toda arte é perfeitamente inútil", como diz Oscar Wilde. E: "A única desculpa para fazer uma coisa inútil é admirá-la intensamente".

Mas a verdade é que, embora a celebração da atitude estética tenha sido extremamente importante, é evidente que seria uma tolice inferir que, em consequência dela, a arte se tenha tornado obsoleta. Do fato de ser possível obter prazer estético de diversas fontes não decorre que se trate do mesmo prazer, seja quantitativa, seja qualitativamente. Do fato de que se possa obter prazer estético tanto da sentença ouvida no metrô de Londres quanto do poema "Numa estação de metrô", de Ezra Pound, não decorre que ambos tenham o mesmo valor. Pensar o contrário equivaleria a supor que, do fato de que os seres humanos são capazes de se deleitar com o farfalhar das copas das árvores ao vento, de habitar cavernas e de comer frutas silvestres, devamos jogar fora a música, a arquitetura e a culinária.


Aspas para Raul!



"Ninguém morre, as pessoas despertam do sonho da vida"

"Meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar"

"Quero a certeza dos loucos que brilham. Pois se o louco persistir na sua loucura, acabará sábio"

"A desobediência é uma virtude necessária à criatividade"

"Sou tão bom ator que me finjo de compositor e poeta e todo mundo acredita"

"O homem é o único ser que tem o poder de modificar as coisas"

"Que capacidade impiedosa essa minha de fingir ser normal o tempo todo"



Peça que a gente passa: PLACEBO.

Karina Dummont parou-me na rua e fez o seguinte reclame:

“Porra, foi a única vez que vi uma banda de responsa pisar nessa maldita terra do axé, do bozó e do pagodão pseudo-erótico. Toca Placebo nesse caralho!”


PEDIDO ATENDIDO

Versões: Venus In Furs.

VÊNUS E OS PÁSSAROS , ADOLPHE BOUGUEREAU
Da espuma do mar, fecundada pelo sangue de Urano (o Céu) nasceu uma jovem levada em primeiro lugar para a ilha de Cítera e em seguida a Chipre. Deusa encantadora, não tardou percorrer a costa, e as flores nasciam sob os seus pés delicados. Chama-se Afrodite (Vênus), ou Citeréia, do nome da ilha a que aportou, ou ainda Cipris, do nome da ilha em que é honrada. Pelo menos, é essa a tradição mais difundida, pois algumas lendas diferentes vieram confundir-se em Vênus que, às vezes, surge como filha de Júpiter e de Dionéia. É também a que devemos adotar, pois os artistas que representaram o nascimento de Vênus mostram sempre a deusa no momento em que sai das vagas.

Nas pinturas antigas, Vênus é freqüentemente representada deitada sobre uma simples concha; nas moedas, vemo-la num carro puxado pelos Tritões e pelas Tritônidas. Finalmente, numerosos baixos-relevos no-la apresentam seguida de hipocampos ou centauros marinhos. No século dezoito, os pintores franceses, e notadamente Boucher, viram no nascimento de Vênus um tema infinitamente gracioso e útil à decoração. Uma multidão de pequenos cupidos paira nos ares ou escolta a deusa. Aliás, os pintores franceses seguiram, nesse ponto, as tradições bebidas da Itália.
Conformando-se à narração dos poetas, Albane colocou a deusa num carro puxado por cavalos marinhos. Assim é que ela vai ter a Cítera, onde a aguarda Peitho (a Persuasão), que, na margem, estende os braços à jovem viajante. Cupido está sentado perto do mar; as Nereidas e os Amores montados em delfins formam o cortejo da deusa. Alegres Amores festejam a chegada de Vênus, e outros esvoaçam no ar semeando flores na passagem.

Num quadro dotado de grande frescor e brilho, que faz parte do museu de Viena, Rubens pintou a festa de Vênus em Cítera. Ninfas, sátiros e faunos dançam em torno da sua estátua, enquanto os Amores entrelaçam guirlandas de flores e enchem os ares de alegres cadências. Ao fundo, mostrou o pintor o templo da deusa.
O atavio de Vênus é um tema que a arte e a poesia fixaram bem. Enquanto as Horas estavam incumbidas da educação da deusa, as Graças presidiam aos cuidados do seu atavio. Uma multidão de quadros reproduziu tão encantadora cena, e os pintores não deixaram de acrescentar todos os pormenores que lhes sugeriu a imaginação. Quando Boucher faleceu, tinha sobre o cavalete um quadro representando o atavio de Vênus. Prudhon pintou Vênus estendida num leito antigo e servida pelos Amores que lhe perfumam os cabelos, lhe estendem um espelho, queimam perfumes em tôrno da deusa, trazem-lhe jóias e lhe entrelaçam guirlandas de flores. Rubens também faz intervir Cupido que segura um espelho no qual a mãe se fita; infelizmente, é uma velha que lhe arranja os cabelos. A velhice lenta e enrugada jamais deve aproximar-se de Vênus.

Albane, que está longe de ser artista de primeira ordem, é, no entanto, o que mais lembra, pela natureza de suas composições, as graciosas ficções da antigüidade sobre Vênus. O Atavio de Vênus, quadro que infelizmente escureceu, é talvez, a sua obra-prima como concepção mitológica. Num terraço, à beira-mar, Vênus contempla-se num espelho que o Cupido lhe apresenta, enquanto as Graças lhe perfumam a linda cabeleira, e lhe arranjam os atavios. Diante dela está uma fonte onde o Amor faz que matem a sede duas pombas. Um palácio aéreo, como convém a Vênus, aparece no fundo de um tanque, ao passo que, nas nuvens, Amores alados atrelam cisnes brancos ao carro de ouro que vai conduzir o passeio a deusa, e enchem os ares dos seus melodiosos concertos.

Aula de Hoje: Poesia.



Três Metades (Paulo Leminski)

Meio dia,
um dia e meio,
meio dia, meio noite,
metade deste poema
não sai na fotografia,
metade, metade foi-se.
Mas eis que a terça metade,
aquela que é menos dose
de matemática verdade
do que soco, tiro, ou coice,
vai e vem como coisa
de ou, de nem, ou de quase.
Como se a gente tivesse
metades que não combinam,
três partes, destempestades,
três vezes ou vezes três,
como se quase, existindo,
só nos faltasse o talvez.

sábado, 17 de abril de 2010

Jornal Apocalipse Now: “Keith Richards largou as drogas.”


O veterano encrenqueiro Keith Richards diz que a única razão pela qual ele não consome mais drogas é que a qualidade delas agora é "muito ruim".


O guitarrista da canção "Brown Sugar" foi viciado em heroína durante quase toda a década de 1970 e permanece como o mais célebre sobrevivente daquela época. Mas ele não se impressiona com os narcóticos atuais. Conforme suas palavras: “Eu realmente acho que a qualidade caiu. Tudo o que eles fazem é tentar deixar as pessoas cada vez mais 'altas'. Eu não gosto da maneira deles trabalharem no cérebro ao invés de apenas no sistema circulatório. É por isso que não tomo mais nada. E você está falando com uma pessoa que conhece as drogas que toma”.


Richards admite que experimentou Morfina novamente no hospital depois da cirurgia no cérebro que teve que fazer após cair de uma árvore quando estava de
férias em Fiji. Ele acrescenta: “Eu não tomo drogas a menos que eu seja obrigado, como quando estava muito estressado depois de terem aberto meu cérebro. Fiquei tomando Morfina por umas duas semanas. Eu realmente tentei pedir um pouco mais pra enfermeira do turno da noite. Ela foi muito gentil”.


Trecho: Ulisses, James Joyce.

«Calmamente, desafectadamente, Rumbold subiu os degraus do cadafalso em impecável traje matinal e levando sua flor favorita, o Gladiolus Cruentus. Ele anunciou sua presença por aquela gentil tosse que tantos têm tentado (mal-sucedidamente) imitar — curta, meticulosa mas ademais tão característica do homem. A chegada do mundifamoso carrasco foi saudada por um bramar de aclamações da enorme concorrência, as senhoras vice-reais ondulando seus lenços na excitação enquanto os ainda mais excitáveis delegados estrangeiros vivavam vociferamente numa miscelânea de gritos, hoch, banzai, eljen, zivio, chinchin, polla kronia, hiphip, vive, Allah, em meio dos quais os tintineantes evviva do delegado da terra do canto (em duplo fá agudo que lembrava aquelas penetrantes notas adoráveis com que o eunuco Catalani enfeitiçara nossas tetravós) eram facilmente distinguíveis. Eram exactamente as dezassete horas. O sinal da prece foi então prontamente dado por megafone e num instante todas as cabeças se desnudaram, sendo o sombrero patriarcal do Commendatore, que estava na posse da sua família desde a revolução de Rienzi, removido por seu consultor médico de serviço, Dr. Pippi. O erudito prelado que administrou as últimas ajudas da sagrada religião ao mártir herói no instante de pagar com a pena capital se ajoelhou em cristianíssimo espírito numa poça de chuva, sua sotaina sobre a cabeça encanecida, e ofereceu ao trono da misericórdia preces ferventes de súplica. Firme ao pé do cepo erguia-se a figura lúgubre do verdugo, seu semblante recoberto por um panelão de dez galões perfurado de duas aberturas circulares pelas quais seus olhos chispeavam furiosamente. No que esperava o sinal fatal experimentou o gume de sua arma hórrida afiando-o no seu musculoso antebraço ou decapitando em rápida sucessão um rebanho de ovelhas que fora fornecido pelos admiradores de seu cruel mas necessário ofício. Numa elegante mesa de mogno perto dele estavam ordenadamente dispostos o cutelo esquartejador, o variado instrumental finamente temperado do estripamento (especialmente suprido pela mundialmente famosa firma de cutelaria, os senhores John Round e Filhos, Sheffield), uma caçarola de terracota para a recepção do duodeno, colon, intestino cego e apêndice etc. ao serem bem-exitosamente extraídos e duas leituras adequadas destinadas a receber o preciosíssimo sangue da preciosíssima vítima. O ucheiro do asilo consolidado de gatos e cães estava presente para apresenar esses recipientes uma vez abastecidos àquela instituição beneficente. Um mui excelente repasto consistente de toicinho e ovos, carne frita e cebolas, feitos à maravilha, deliciosos pãezinhos quentes e chá revigorador, havia sido obsequiosamente fornecido pelas autoridades para consumação da figura central de tragédia que estava em espírito capitoso já que preparado para a morte e que demonstrava o mais genuíno interesse pela pragmática desde o começo até o fim, mas que, com uma abnegação rara nestes nossos tempos, se punha à altura da ocasião e exprimira o desejo mortal (a que se acedeu imediatamente) de que a refeição fosse dividida em partes alíquotas entre os membros doentes e indigentes da associação dos domésticos como penhor de sua consideração e estima. O nec e o non plus ultra da emoção foram atingidos quando a ruborizada noiva eleita rompeu caminho por entre as filas cerradas dos espectadores e se arremessou contra o peito musculoso daquele que se aprestava a ser lançado na eternidade por causa dela. O herói enlaçou a forma esbelta dela num amplexo amorável murmurando ternamente Sheila, minhazinha. Encorajada pelo uso do seu nome de baptismo ela beijou apaixonadamente todas as várias áreas adequadas da pessoa dele que a decência do traje penitenciário permitia ao ardor dela atingir. Ela jurou-lhe no que se mesclavam as salinas correntes de suas lágrimas que ela iria acarinhar sua memória, que ela jamais esqueceria seu jovem herói que se ia para a morte com uma canção nos lábio como se estivesse indo para uma partida de hóquei no parque de Clonturk. Ela trouxe de volta à remembrança dele os felizes dias da infância ditosa juntos nas ribeiras do Anna Liffey quando eles se compraziam em passatempos inocentes de jovens e, descuidosos do temebundo presente, eles ambos riam coroçoadamente, todos os espectadores, inclusive o venerável pastor, juntando-se à garrulice geral. Aquela audiência monstra simplesmente se contorcia de gozo. Mas em pouco eles eram vencidos pela mágoa e se afivelavam as mãos pela última vez. Uma nova torrente de lágrimas irrompia de seus ductos lacrimais e a vasta concorrência de gente, tocada no imo cerne, rompeu em soluços confrangedores, sendo não menos afectado o próprio prebendário ancião. Fortes homens graúdos, oficiais da paz e gigantes afáveis da polícia real irlandesa faziam franco uso de seus lenços e é válido dizer que não havia um olho seco naquela assembleia insuperada. Um incidente romanticíssimo ocorreu quando um elegante jovem graduado de Oxford, notado por seu cavalheirismo para com o belo sexo, galgou à frente e, apresentando seu cartão de visita, seu carné de banco e sua árvore genealógica, solicitou a mão da desventurada jovem senhorita, rogando-lhe que nomeasse o dia, sendo aceito de chofre. Cada senhora da audiência foi presenteada com um souvenir da ocasião de bom gosto na forma de um broche de crânio e ossos cruzados, um acto oportuno e generoso que avocou uma nova irrupção de emoção: e quando o galante jovem oxoniano (portador, diga-se em tempo, de um dos mais sempronrados nomes da história de Albion) colocou no dedo de sua ruborizada fiancée um custoso anel de compromisso com esmeraldas engastadas na forma de um trevo quadrifólio a excitação não conheceu limites. Sim, que até o duro marechal-preboste, tenente-coronel Tomkin-Maxwell ffrenchmullan Tomlison, que presidia à triste ocasião, ele que disparara um considerável número de sipaios da boca de canhão sem titubear, não pôde conter sua natural emoção. Com sua manopla de malha ele removeu uma furtiva lágrima e foi ouvido por acaso por aqueles privilegiados burgueses que acontecia estarem em seu entourage imediato a murmurar de si para si num cicio balbuciante:— Deus me castigue se não é um pedaço, essa galinha aí dos meus pecados. Me castigue se não me dá uma vontade de ganir, no duro, que dá, só de ver ela e pensar na velha caravela que me espera lá em baixo em Limehouse.»


Detalhe do teto da Capela Sistina, Michelangelo.

Impressionados pela liberalidade sexual e vocação orgiástica da elite romana, ainda majoritariamente não-cristã, os apologistas daqueles primeiros tempos fizeram questão de manter uma marcada distância em relação aos deuses e ritos pagãos e, inspirados pelos solitários "homens do deserto", eremitas e anacoretas, inauguraram uma política de completo repúdio ao sexo. Esse radicalismo - enfatizado pelas epistolas de Paulinas - acentuou-se pela prática da abstinência carnal, transformando-se num atrativo tão forte para novos seguidores como o martírio dos crentes nas arenas romanas. Enquanto estes davam suas entranhas para as feras devorarem, outros abandonavam as práticas sexuais para sempre: o martírio e a castidade eram faces diferentes da mesma moeda.

Havia muito simbolismo atrás disso tudo. Não só a busca da perfeição atrás do "coração simples", mas uma nova visão do ser humano, na qual ele somente poderia manter-se na frescura com que saiu das mãos do criador permanecendo puro ou intocado. Sendo igualmente - por meio da propaganda do ascetismo - uma forma peculiar de manifestar abertamente seu protesto e desprezo pela época em que viviam, por sua excessiva concupiscência, sua impiedade, libertinagem e crueldade pagã.

O problema que enfrentavam os pregadores da nova fé era em relação ao casamento: como conseguir manter um dos princípios básicos do cristianismo aceitos na forma do "crescei e multiplicai-vos" sem considerar a atração ou o prazer sexual?

Tentado resolver esse conflito S. Agostinho, bispo de Hipona, no norte da África, terminou por gerar sua doutrina sobre o casamento, o sexo e a privação carnal. Donde viria, indagava ele, essa miséria que nos cerca, essa corrupção, essas heresias e a crassa maldade? Existia na sociedade, concluiu ele, uma mancha inapagável motivada pelo pecado original advindo do impulso sexual, que atormentava o homem até a morte. Essa era a maldição que acompanhava Adão e Eva e seus descendentes desde a queda do Paraíso.

Para S.Agostinho, na situação paradisíaca não havia tensão entre o impulso e o ato sexual. Foi a partir da danação dos nossos pais primevos que essa desgraça começou. Parecia-lhe que o casamento, a relação sexual e o Paraíso eram tão incompatíveis como o Paraíso e a Morte. Desse modo, a sexualidade permanecia como o indicador da queda do homem, do seu triste declínio da anterior situação angelical, fazendo com que deslizasse para baixo, para a natureza física, e desta para a sepultura. Esta certo que os casais deveriam preocupar-se em gestar filhos, mas que o fizessem conscientes de estavam cometendo um ato de rebaixamento. Era algo necessário mas humilhante, que deveria ser praticado sob os acordes de uma intensa melancolia.
Dessa forma, Agostinho introduziu entre os cristãos uma definitiva nódoa de consciência culpada quando faziam sexo ou tinham sentimentos e impulsos prazerosos. Trouxe para dentro dos lares e para os leitos conjugais uma sombra de coisa maligna, de impureza, perversão e vício, que arruinou a vida de incontáveis casais, para quem o sexo passou a ser associado a um "presente do demônio", ou um discordium malum, um princípio de discórdia alojado no interior de cada um desde a Queda. Opôs definitivamente a Carne a Deus!
Talvez uma das maneiras de entender-se essa obsessão dele, de Santo Agostinho, em denunciar a sexualidade deve-se a ele ter sido um renegado do erotismo. Como todo abjurado das suas paixões sensuais pregressas, votou intenso ódio ao que, no passado, o atraiu, lamentando ter desperdiçado nele tanta energia. Ele mesmo não negou ter sido dominado na sua juventude por uma intensa voluptuosidade, pela lasciva, ao ponto de que, em determinado momento, quando pediu a Deus que o fizesse casto, acrescentou... "mas não ainda!"
E foi mais longe ainda. A presença do impulso sexual nos seres humanos era a marca da corrupção da nossa natureza. Tratava-se de uma perversidade intrínseca que, tal uma erva daninha espalhada numa pradaria, jamais poderia ser removida de todo. Santo Agostinho explicava a maldade como resultante desse tumor sensual e dissoluto existente em todos nós, provocador de uma desordem crônica nas nossas relações, que o tempo inteiro nos perturba com suas poluções, com seus sonhos inconvenientes, incestuosos, inconfessáveis. Não havia dieta ou jejum que nos salvasse ou nos libertasse dele, acompanhando-nos até na velhice e no encarquilhamento, como uma cicatriz não sarada do nosso passado libidinoso e pecador.

Clima: Tropical

O clima tropical é um clima quente que abrange a região próxima aos trópicos de Câncer e de Capricórnio. Podemos dividi-lo em dois tipos diferentes: o clima tropical úmido e o tropical seco.

O clima tropical é uma espécie de faixa de transição entre o
clima equatorial, excessivamente úmido devido à alta pluviosidade, e o clima desértico, excessivamente seco. Por isso, ele apresenta intensas variações em suas características. Em algumas regiões, o clima tropical apresenta estações bastante equilibradas quanto á distribuição das chuvas, porém à medida que vai se aproximando dos trópicos a estação seca tende a aumentar, caracterizando o clima tropical seco, quando a estação seca é mais prolongada que a estação úmida. Se ocorrer o contrário, a estação úmida superar a seca, então o clima é caracterizado como tropical úmido.

As regiões que compreendem o clima tropical são a partes da América do Sul (incluindo grande parte do território brasileiro), África Oriental e parte da África do Sul, Sul da Ásia (Índia e Indochina), onde o clima tropical é condicionado pelas monções, e Norte da Austrália.

O clima tropical é caracterizado pelas temperaturas elevadas, em média 20ºC, e com uma amplitude que não ultrapassa os 10ºC. Os verões são quentes e úmidos e os invernos costumam registrar temperaturas menores e queda no índice de precipitação.




quinta-feira, 8 de abril de 2010

Roteiro: Barcelona. Guia: Lilian Piraine.

Barcelona é marcada pela criatividade e ousadia do arquiteto espanhol Antonio Gaudi. Talvez não lembre esse nome, mas com certeza você já viu alguma foto da sua maior obra, o Templo da Sagrada Família. Trata-se da espetacular igreja que ainda não foi finalizada. O projeto é tão grandioso, que está previsto para ser concluído somente lá no distante ano de 2082, completando cem anos de construção! Minha primeira impressão, ao me deparar com essa imensa construção da Sagrada Família, foi de perplexidade. É necessário parar e observar para entender seus detalhes e o seu conjunto. Suas 8 torres estão desenhadas com adornos como se fossem castelos de areia, e arredondadas nas pontas. Gaudi não gostava de linhas retas. Na nave da Igreja, imagens de Jesus, de Maria e dos apóstolos, além de passagens bíblicas. Se a Igreja for concluída, será a maior catedral da Europa.


Entre muitos prédios projetados por Gaudi, destaque para La Pedrera e para a Casa Batllo. Ambos situam-se no centro de Barcelona; esses edifícios constituem verdadeiras esculturas, que revelam a audácia e originalidade de Gaudi, na sua busca em unir arquitetura, arte e natureza.

Um pouco mais ao norte da cidade, o Parque Guell também reúne um bom conjunto de obras do arquiteto. Independente de ser bonito ou não, já que isso varia de acordo com o gosto das pessoas, é impossível ficar-se indiferente às formas criadas por Gaudi. Para comemorar o 150° aniversário do arquiteto, foi organizado um roteiro pelos prédios que ele projetou, com exposições e galerias sobre sua vida e obra. Melhor não poderia ser, já que a própria cidade de Barcelona é seu maior museu, em pleno céu aberto.

Por ser antiga, Barcelona também oferece igrejas e casas históricas. O bairro Gótico é o mais antigo, com estreitas ruelas de pedra onde não passam carros. É lá que está localizada a Catedral de Barcelona, uma bonita construção gótica. O interior dessa igreja é lindo, um dos mais bonitos que já vi na Europa.

Ainda no centro, a Avenida La Rambla é como a "rua da Praia" dos portoalegrenses, mas um pouco mais turística. Está cheia de lojinhas de souvenirs, de restaurantes e de hotéis. O que mais atrai são as feiras de artesanatos e bijouterias, sem falar, é claro, dos graciosos artistas de rua. Tradicionais em Barcelona, eles fazem a alegria dos turistas e viajantes. No fim da avenida, e já próximo do porto, na praça de Cólon, a estátua de Cristóvão Colombo aponta em direção da América. Chegando na costa do Mar Mediterrâneo, a grande avenida com Palmeiras não deixa dúvidas de que estamos em uma praia, e de mar muito azul. Nos arredores da praia situam-se os prédios mais novos e chiques.


Um pouco mais afastado do centro, encontram-se os sinais das famosas Olimpíadas de 92. É possível conhecer o estádio de futebol, as piscinas de natação e as pistas de atletismo. Mas para se chegar até o Parque Olímpico, é preciso passar antes pelo Museu Nacional, que constitui um imponente e belíssimo prédio, e dali, de quebra, ter uma vista panorâmica da cidade.


Por que Barcelona e tão visitada? Para mim, a cidade é única. Primeiro, pelo toque mágico e artístico de Antoni Gaudi. Por mais intrigante que seja sua arquitetura, você nunca vai ver nada igual assim como em Barcelona. Segundo, Barcelona possui uma linda praia mediterrânea e prédios muitos históricos importantes. E, por fim, porque é uma cidade espanhola cheia de atrações, de graça, de vida e de magia!


Perfil: Isabel Aquino [ninguém, nem mesmo a chuva...]

relacionamento: solteiro(a)

aniversário: 8 setembro

idade: 22

idiomas que falo: Amo

quem sou eu:

"Não me pergunte quem sou e não me diga pra permanecer sempre o mesmo", como diria Foucault

"Eu é um outro", como diria Rimbaud...

qualquer coisa que não fique ilesa,
qualquer coisa,
qualquer coisa que não fixe...

etnia: multiétnico

fumo: de vez em quando

bebo: socialmente

moro:


paixões: SONHOS.

esportes: "sexo é esporte..."

atividades: cuidar de mim e do universo ao meu redor, diariamente.

livros: "Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro"

música: "Um pierrot retrocesso
meio bossa nova e 'rock'n roll"

programas de tv: "Mas não me deixe sentar na poltrona
No dia de domingo, domingo!"

filmes: "O amor é filme, eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama."

cozinhas: "Não sei cozinhar, mas sou carinhosa e tenho talento pra boemia."


Powered By Blogger