quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A uma mulher.



Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.



Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz


Mas acontece que eu sou triste...



Conversa com Caymmi

Sábado - o dia da Criação - cheguei ao Zum-Zum para fazer meu show com Caymmi e fui encontrar o baiano, como sempre, aboletado na copa, de papo com seus amigos, os garçons da boate. Paulinho Soledade, que eu desconfio fez o Zum-Zum (a dois passos de seu apartamento) muito mais para deleite próprio que do alheio (o que constitui um certificado de garantia) tem neste momento a melhor equipe de serviço da noite carioca: um pessoal que, desde o mâitre até o último garçom, é simpático, eficiente e devotado à casa. Adolfo, o porteiro, por exemplo, que acaba de perder o irmão e quatro sobrinhos no rolamento da pedra da rua Euclides da Rocha, está lá firme no seu posto, imerso em sofrimento mas nunca desatento: uma instituição da noite!

Caymmi anda no auge da forma. Com a chegada de Nana, a sua "oncinha", e dos netinhos, da Venezuela, o baiano está nos seus quintais. Tudo nele respira saúde moral e realização. Não fosse a ausência de sm caçula Danilo, o flautista, a quem Caymmi mandou numa excursão à Europa, e sua felicidade seria integral. Dori está se firmando cada, vez mais como um dos jovens compositores mais importantes da última safra. E Stela, sua mulher, é aquele baluarte. De que mais precisa um homem?

Pedimos cada um um uisquinho, e eu disse a Caymmi:

- Você sabe, meu Caymmi, o que um bombeiro disse a meu filho Pedro? Simplesmente o seguinte: que tem uma pedra ali em cima do túnel da Barata Ribeiro, que pela sua tonelagem, se cair vai até a Nossa Senhora de Copacabana, fácil.

- Não me diga...

- Isso não é nada. Atrás de onde eu moro, ali na rua Diamantina, ao sopé do Corcovado, tem uma outra pedra, que, essa, vai cair mesmo. Os bombeiros estiveram lá e já fizeram evacuar três edificios de apartamentos que ficam na trajetória de sua queda. Ela deve pesar umas dez toneladas.

Caymmi considerou seu uísque.

- Pois é, seu poeta... Veja você... Tudo por causa disto.

E apontou com os olhos um jarro de água à sua frente. Depois, seu olhar baixou um instante e ele se deixou estar, pensando...

- Ela tem um ar tão inocente, mas não é? Tão fresca, tão clarinha... No entanto, ninguém sabe o mal que isso faz!

Olhou-me de soslaio, num sestro muito seu:

- É capaz de devastar uma cidade...

Novo olhar:

- Dá tifo...

Mais outro:

- É por essas e outras que Dorival Caymmi nunca põe água no uísque…

E bebendo uma golada do seu, puro e sem gelo:

- É, meu irmão... Água é fogo!


Chorinho para a amiga

Se fosses louca por mim, ah eu dava pantana, eu corria na praça, eu te chamava para ver o afogado. Se fosses louca por mim, eu nem sei, eu subia na pedra mais alto, altivo e parado, vendo o mundo pousado a meus pés. Oh, por que não me dizes, morena, que és louca varrida por mim? Eu te conto um segredo, te levo à boate, eu dou vodca pra você beber! Teu amor é tão grande, parece um luar, mas lhe falta a loucura do meu. Olhos doces os teus, com esse olhar de você, mas por que tão distante de mim? Lindos braços e um colo macio, mas porque tão ausentes dos meus? Ah, se fosses louca por mim, eu comprava pipoca, saía correndo, de repente me punha a cantar. Dançaria convosco, senhora, um bailado nervoso e sutil. Se fosses louca por mim, eu me batia em duelo sorrindo, caía a fundo num golpe mortal. Estudava contigo o mistério dos astros, a geometria dos pássaros, declamando poemas assim: "Se eu morresse amanhã... Se fosses louca por mim... ". Se você fosse louca por mim, ô maninha, a gente ia ao Mercado, ao nascer da manhã, ia ver o avião levantar. Tanta coisa eu fazia, ó delícia, se fosses louca por mim! Olha aqui, por exemplo, eu pegava e comprava um lindo peignoir pra você. Te tirava da fila, te abrigava em chinchila, dava até um gasô pra você. Diz por que, meu anjinho, por que tu não és louca-louca por mim? Ai, meu Deus, como é triste viver nesta dura incerteza cruel! Perco a fome, não vou ao cinema, só de achar que não és louca por mim. (E no entanto direi num aparte que até gostas bastante de mim...). Mas não sei, eu queria sentir teu olhar fulgurar contra o meu. Mas não sei, eu queria te ver uma escrava morena de mim. Vamos ser, meu amor, vamos ser um do outro de um modo total? Vamos nós, meu carinho, viver num barraco, e um luar, um coqueiro e um violão? Vamos brincar no Carnaval, hein, neguinha, vanios andar atrás do batalhão? Vamos, amor, fazer miséria, espetar uma conta no bar? Você quer quer eu provoque uma briga pra você torcer muito por mim? Vamos subir no elevador, hein, doçura, nós dois juntos subindo, que bom! Vamos entrar numa casa de pasto, beber pinga e ceveja e xingar? Vamos, neguinha, vamos na praia passear? Vamos ver o dirigível, que é o assombro nacional? Vamos, maninha, vamos, na rua do Tampico, onde o pai matou a filha, ô maninha, com a tampa do maçarico? Vamos maninha, vamos morar em jurujuba, andar de barco a vela, ô maninha, comer camarão graúdo? Vem cá, meu bem, vem cá, meu bem, vem cá, vem cá, vem cá, se não vens bem depressinha, meu bem, vou contar para o seu pai. Ah, minha flor, que linda, a embriaguez do amor, dá um frio pela espinha, prenda minha, e em seguida dá calor. És tão linda, menina, se te chamasses Marina, eu te levava no banho de mar. És tão doce, beleza, se te chamasses Teresa, eu teria certeza, meu bem. Mas não tenho certeza de nada, ó desgraça, ó ruína, ó Tupá! Tu sabias que em ti tem taiti, linda ilha do amor e do adeus? tem mandinga, tem mascate, pão-de-açúcar com café, tem chimborazo, kamtchaka, tabor, popocatepel? tem juras, tem jetaturas e até danúbios azuis, tem igapós, jamundás, içás, tapajós, purus! - tens, tens, tens, ah se tens! tens, tens tens, ah se tens! Meu amor, meu amor, meu amor, que carinho tão bom por você, quantos beijos alados fugindo, quanto sangue no meu coração! Ah, se fosses louca por mim, eu me estirava na areia, ficava mirando as estrelas. Se fosses louca por mim, eu saía correndo de súbito, entre o pasmo da turba inconsútil. Eu dizia : Woe is me! Eu dizia: helàs! pra você… Tanta coisa eu diria que não há poesia de longe capaz de exprimir. Eu inventava linguagem, só falando bobagem, só fazia bobagem, meu bem. Ó fatal pentagrama, ó lomas valentinas, ó tetrarca, ó sevícia, ó letargo! Mas não há nada a fazer, meu destino é sofrer: e seria tão bom não sofrer. Porque toda a alegria tua e minha seria, se você fosse louca por mim… Mas você não é louca por mim... Mas você não é louca por mim...


Não comerei da alface a verde pétala



Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.


Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas pêras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.


Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; dêem-me feijão com arroz


E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão



Morrer num bar

Aí está, meu Maria... Acabou. Acabou o seu eterno sofrimento e acabou o meu sofrimento por sua causa. Na madrugada de 15 de outubro em que, em frente aos pinheirais destas montanhas queridas, eu me sento à máquina para lhe dar este até-sempre, seu imenso coração, que a vida e a incontinência já haviam uma vez rompido de dentro, como uma flor de sangue, não resistiu mais à sua grande e suicida vocação para morrer.

Acabou, meu Maria. Você pode descansar em sua terra, sem mais amores e sem mais saudades, despojado do fardo de sua carne e bem aconchegado no seu sono. Acabou o desespero com que você tomava conta de tudo o que amava demais: o crescimento harmonioso de seus filhos, o bem-estar de suas mulheres e a terrível sobrevivência de um poeta que foi o seu melhor personagem e o seu maior amigo. Acabou a sua sede, a sua fome, a sua cólera. Acabou a sua dieta. Aqui, parado em frente a estas montanhas onde, há trinta anos atrás, descobri maravilhado que eu tinha uma voz para o canto mais alto da poesia, e para onde, neste mesmo hoje, você deveria chamar porque (dizia o recado) não agüentava mais de saudades - aprendo, sem galicismo e sem espanto, a sua morte. Quando a caseira subiu a alegre ladeirinha que traz ao meu chalé para me chamar ao telefone - eram nove da manhã - eu me vesti rápido dizendo comigo mesmo: "É o Maria!" E ao descer correndo para a pensão fazia planos : " Porei o Maria no quarto de solteiro ao lado, de modo a podermos bater grandes papos e rir muito, como gostamos…" E ainda a caminho fiquei pensando: "Será que Itatiaia não é muito alto para o coração dele?..." Mas você, há uma semana - quando pela primeira e última vez estivemos juntos depois de minha chegada da Europa, numa noitada de alma aberta - me tinha tranqüilizado tanto que eu achei melhor não me preocupar. Eu sabia que seu peito ia explodir um dia, meu Maria, pois por mais forte e largo que fosse, a morte era o seu guia.

Outra noite, pelo telefone, ao perguntar eu se você estava cuidando de sua saúde, você me interpelou: "Você tem medo de morrer, Poesia?" "Medo normal, meu Maria", respondi. " Pois olhe: eu não tenho nenhum" retorquiu você sem qualquer bravata na voz. "Só queria que não doesse demais, como na primeira crise. Aquela dor, Poesia, desmoraliza."

Mas como eu descesse - dizia - para atender à sua chamada, e atravessasse o salão da casa-grande, e entrando na cabine ouvisse (como há 14 anos atrás ouvi a voz materna) a voz paternal de meu sogro que me falava, preparando-me: "Você sabe, Antônio Maria está muito mal...": e eu instantaneamente soubesse... - justo como naquela época soube também, quando a voz materna, em sinistras espirais metálicas, me disse do Rio para Los Angeles: "Sabe, meu filho, seu pai está muito mal…", o nosso encontro marcado deu-se numa dimensão nova, entre o mundo e a eternidade: eu aqui; você... onde, meu Maria? - onde?

Ah, que dor! Agora correm-me as lágrimas, e eu choro embaçando a vista do teclado onde escrevo estas palavras que nem sei o que querem dizer…

Há uma semana apenas conversamos tanto, não é, meu Maria? Você ainda não conhecia minha mulher, foi tão carinhoso com ela... Tomamos uma garrafa de Five Stars no Château, depois fomos até o Jirau e terminamos no Bossa Nova. Eu ainda disse: "Você pode estar bebendo e comendo desse jeito?" "Por que, Poesia? Não há de ser nada... Qualquer dia eu vou morrer é assim mesmo, num bar..."

Eu só espero que não tenha doído muito, meu Maria. Que tenha sido como eu sempre desejei que fosse: rápido e sem som. Mas é uma pena enorme. Você tinha prometido à minha mulher, a pedido dela, que recomeçaria hoje, nesta quinta-feira do seu recesso, no seu "Jornal de Antônio Maria" o seu "Romance dos pequenos anúncios", que foi uma de suas melhores invenções jornalísticas e onde eu era personagem cotidiano: você sempre a querer fazer de mim, meu pobre Maria, o herói que eu não sou...

Mas por outro lado, sei lá... Você disse nessa noite, à minha mulher e a mim, que nem podia pensar na idéia de sobreviver às pessoas que mais amava no mundo: sua mãe, seus dois filhos, suas irmãs e este seu poeta. "E Rubem Braga…", acrescentou você depois, brincando com ternura, "Eu não queria estar aí para ler quanta besteira se ia escrever sobre o Braguinha..."Não irei ao seu enterro, meu Maria. Daria tudo para ter estado ao seu lado na hora, para lhe dar a mão e recolher seu último olhar de desespero, de maldição para esta vida a que você nunca negou nada e o fez sofrer tanto. Daqui a pouco o sino da casa-grande tocará para o almoço. Verei minha mulher descer, triste de eu lhe ter dito (porque ela dorme ainda, meu Maria...) e de me deixar assim sozinho, sentado à máquina de escrever, com a sua morte enorme dentro de mim.


Ausência


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Para viver um grande amor

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica, e gostosa, farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor. Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.


Namorados públicos

Da mesma forma que os monumentos históricos ou artísticos, as belezas naturais, os bailes e cafés, os parques e jardins - os casais de namorados são coisa que pertencem ao patrimônio de uma cidade. Uma cidade sem namorados públicos não é uma verdadeira cidade. Os cicerones de Paris costumam mostrá-los aos turistas, inteiramente despreocupados em suas ternuras, como típicas curiosidades locais. No Hyde Park, em Londres, é possível vê-los às centenas, sobre o gramado esmeralda desse parque inexcedível como se estivessem em casa. O transeunte margeia beijos intermináveis, abraços infinitos, olhares abissais, namorados que lêem romances, namorados que dormem, namorados que brigam, a um passo uns dos outros, perfeitamente indiferentes ao que lhes vai em torno, - e o que é formidável - guardados da curiosidade, ou malícia alheias, por um passante constable, cuja função é zelar pela perfeita consecução de seus carinhos, com uma imparticipação e fidelidade dignas de todos os aplausos. É claro que os namorados não abusam. Mas nessa questão de carinhos de superfície eles se permitem um uso inumerável. Estrafegam-se em beijos que fariam a inveja de John Gilbert ao tempo da sua paixão por Greta Garbo. Dão-se abraços de não se saber mais quem é o outro. Fazem-se cafunés maravilhosos, esfregam-se os narizes, acarinham-se os rostos, enfim: tudo isso que faz a deliciosa cozinha dos que se amam e que vem sendo a mesma desde os tempos mais recuados no tempo.

Ninguém pode dizer que o Rio não seja uma cidade de namorados: ela o é. Seria difícil, aliás, compreender-se uma cidade tão pródiga em beleza, sem namorados. Mas são namorados, meu Deus, ou tão ousados ou tão tímidos que parecem uma contrafação da natureza humana diante da Natureza. Grande culpada disso foi, até certo tempo, a nossa polícia de costumes, que arrolava todas as carícias de namorados dentro de um mesmo código moral, chegando até ao abuso de prender gente casada que saía para namorar fora de casa. Não. Há carícias e carícias. Que mal existe em se beijarem os namorados em praça pública ou nos cantos de rua? Em que uma coisa dessas ofende a moral? Por que não se poderão eles abraçar ternamente, quando tiverem vontade? Pois parece incrível: outro dia um amigo meu contou que foi "apitado" várias vezes por um guarda do Jardim Botânico, por estar dando um "peguinha" na namorada. De fato: é justo, mais do que justo, que se moralizem os costumes. Nada mais certo. Mas perseguir os namorados, da mesma forma que arrancar as plantas dos parques, ou maltratar os animais, é indício de mau caráter. Que os namorados se beijem à vontade nesta linda Rio de Janeiro. Nada há de mal no beijo dos namorados, como no amor dos pássaros. Deixai-os nos seus parques, nas suas ruas escuras, nos seus portões de casa. Deixai-os namorar, Senhor Prefeito, Senhor Diretor do Jardim Botânico, deixai-os namorar, porque eles têm cada dia menos lugares onde ir esconder seus anseios. Deixai-os se beijarem à vontade, porque o que em seus beijos irrita os burgueses moralizantes é justamente essa liberdade, essa beleza, essa poesia, esse vôo que há num beijo de amor. Tréguas aos namorados!


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Conheça Susan Pinker.



Após abandonar o feminismo, a psicóloga Susan Pinker adotou um novo olhar sobre as diferenças biológicas que existem entre os sexos. Para ela, o movimento foi bom por ter dado liberdade de escolha às mulheres, mas errou ao afirmar que todas as distinções de gênero eram socialmente construídas. Em seu novo livro, "O Paradoxo Sexual", ela defende que salários de homens costumam ser maiores hoje não por discriminação no mercado, mas porque eles priorizam mais isso.

Seu livro fala sobre mulheres em empregos com bons salários, mas que as afastavam dos filhos, tornando-as infelizes. Por que elas quiseram anonimato?

Susan Pinker - Acho que as mulheres que fazem essa escolha ainda estão envergonhadas de não estar agindo como homens. Mas não podemos esperar isso delas. Elas não são homens.
Como assim?

Pinker - Existe a expectativa, no Ocidente, de que mulheres devem voltar a trabalhar normalmente quando seus filhos ainda são pequenos sem que se sintam mal por isso. Mas essa angústia tem razões biológicas. Se você der liberdade de escolha, mulheres vão querer trabalhar menos enquanto seus filhos forem novos. Na América do Norte e na Europa, entre as empresas que oferecem aos seus funcionários trabalhos em meio período, 89% dos que aceitam são mulheres. Isso oferece às mulheres mais tempo não só para os seus filhos, mas para seus outros interesses.

Ganhar um salário menor é o preço que as mulheres pagam para satisfazer seus sentimentos?
Pinker- Sim. Fui entrevistada por uma jornalista na Holanda, onde há leis que dizem que, se você quer trabalhar só meio período, não pode ser demitido. A maioria das mulheres na Holanda não trabalham o dia inteiro, tendo filhos ou não. Essa jornalista trabalhava só quatro dias por semana. Ela dedicava as sextas para tocar piano, e achava que não seria feliz sem isso. Então não se trata apenas de cuidar dos filhos, mas também de ter uma vida mais equilibrada. Para as mulheres, a vida não é apenas trabalho, salário e promoções, ao contrário do que pensam muitos homens, que acham que tudo isso vale a pena quando compram um novo carro. Incomoda a muitos deles pensar que outras pessoas estão ganhando mais dinheiro, que moram em um lugar mais legal. São mais competitivos, gostam mais de assumir riscos. Não todos, mas eu diria que 75% dos homens são assim.

Ou seja, não é regra.

Pinker - Eu sempre deixo claro que cada pessoa é um indivíduo único. Ciência é estatística, pessoas são únicas. Então, quando você estuda ciência, está analisando probabilidades. Sempre existirão exceções. Compare com a altura. Em geral, homens são mais altos, mas existem várias mulheres mais altas do que muitos homens.
Mas ainda existe muita resistência à ideia de que as diferenças entre os gêneros não são apenas socialmente construídas.

Pinker - As mulheres foram discriminadas por tanto tempo que as pessoas têm uma aversão à ideia de que existe uma diferença natural, biológica. Acham que falar sobre diferenças é voltar a pensar como antigamente, quando, na verdade, não tem nada a ver com discriminação. É bobo ignorar as evidências científicas porque você tem medo do que elas vão dizer.

Mas pode soar como "acabou a festa, todas de volta para a cozinha, os afazeres domésticos"...

Pinker - Estou muito longe dessa mensagem. O que acontece de bom quando as mulheres aceitam que existem diferenças biológicas naturais é que elas se sentem muito menos isoladas com seus sentimentos. Se ignoramos as diferenças, estamos forçando mulheres a assumir cargos e trabalhos nos quais boa parte delas não serão felizes, talvez como executivas ou engenheiras. Muitas mulheres me disseram: "Graças a Deus você fez esse livro. Eu achava inaceitável aquilo que eu sentia". É difícil para elas gostar de trabalhar com pessoas, mas saber que empregos assim não são tão bem pagos quanto os que envolvem lidar com "coisas", como engenharia. A maioria das mulheres gosta de trabalhos como assistência social, pedagogia, profissões na área de saúde, mas salários nessas áreas costumam ser menores.

Mas, se as mulheres gostam de áreas que pagam menos, não há nada a fazer, então?

Pinker - Precisamos remunerar melhor as mulheres pelos trabalhos que elas preferem. Ou seja, começarmos a pagar aos professores tanto quanto pagamos aos engenheiros. Muitas mulheres esperam que as suas conquistas sejam reconhecidas sem que tenham de pedir aumentos. E, por isso, têm menos chances de ver os seus salários subindo. Se eu sou um chefe e recebo um homem em meu escritório dizendo "veja o que estou fazendo, eu mereço um salário maior", tenho mais propensão a oferecer um aumento a ele do que a outra pessoa que faz o seu trabalho sem reclamar.

O que a sra. pensava sobre as diferenças de gênero quando era jovem? Leu Simone de Beauvoir?

Pinker - Sim, claro, como todo mundo naquela época. Estamos em um ponto alto do movimento feminista. Quando eu estava na universidade, no final dos anos 1970 e começo dos 1980, a expectativa era que homens e mulheres fossem idênticos, que nós deveríamos fazer as mesmas coisas, trabalhar a mesma quantidade de horas, no mesmo tipo de emprego, ter o mesmo tipo de vínculo emocional com o trabalho doméstico e com as outras pessoas. Eu acreditava muito nisso, li todos os livros das principais feministas. Foi só quando eu fui trabalhar e quando meus filhos nasceram que percebi que havia um buraco entre a minha abordagem intelectual do assunto e os meus sentimentos.

Então deveríamos agora esquecer "O Segundo Sexo" [livro de Simone de Beauvoir, de 1949, marco do feminismo]?

Pinker- "O Segundo Sexo" era interessante em sua época, mas está ultrapassado. A ciência avançou muito desde então. Não tínhamos ressonância magnética nem o mapeamento do genoma humano, não sabíamos metade do que sabemos hoje. Hoje estamos entendendo como os hormônios afetam os comportamento humano.

Como foi a experiência da sra. em um kibutz?

Pinker - Eu tinha 19 anos e fiquei um ano num kibutz porque eu era socialista. Era um lugar interessante para perder noções irrealistas. Existiam trabalhos que a maioria das mulheres não queriam fazer, que exigiam muito esforço físico ou eram perigosos. Existia uma divisão natural de trabalhos por sexo, ainda que os kibutzim tivessem sido planejados para que isso não existisse.
Quando Summers perdeu o cargo em Harvard após dizer que a falta de mulheres em ciência é questão de aptidão, o que a sra. pensou?

Pinker - Foi assustador, porque eu tinha acabado de decidir escrever o meu livro quando vi o que aconteceu a esse pobre homem. Ele foi atacado simplesmente por comentar as evidências que a maioria das pessoas que trabalham com biologia e antropologia evolutiva vêm dizendo há anos.

Fonte: Folha de São Paulo.

Breve resgate, por Suzana Keniger Lisbôa.

Romeu Tuma esteve presente no palco dos acontecimentos relativos ao desaparecimento dos presos políticos. Como Diretor do DOPS e, posteriormente, na PF, foi ele quem "arrumou" os arquivos do órgão antes de serem tornados públicos.

Há que considerar-se, além dos documentos que diretamente envolvem Romeu Tuma na rede montada pelos órgãos repressivos para acobertar os desaparecimentos políticos e as mortes sob tortura, de que o DOPS de São Paulo não foi um mero espectador das violências cometidas pelos órgãos de repressão política, mas um de seus braços principais. Basta, para tanto, lembrar o nome do famigerado Delegado Sérgio Paranhos Fleury, que fez do DOPS/SP, uma máquina de matar, competindo palmo a palmo com a eficiência assassina do DOI/CODI. (vejam as fotos de Fleury e Tuma no livro Autopsia do Medo, de Percival de Souza, como também a afirmação de que foi Tuma que indicou ao II Exército quem seriam os responsáveis pelo sumiço dos corpos - fls. 180)

Ali, no DOPS, estava Tuma – desde 1954, conforme declara, tornando-se seu diretor em 1977 e levando consigo para a Polícia Federal, em 1983, não só os arquivos que ajudara a organizar, mas também os torturadores ali lotados, tais como Aparecido Laertes Calandra – conhecido à época como “capitão Ubirajara” – e o delegado Davi Araújo dos Santos, ambos envolvidos diretamente em torturas e assassinatos de presos políticos, e outros certamente não descobertos por nós.

As requisições de exames necroscópicos dos presos políticos, enterrados com nomes falsos ou verdadeiros, a maior parte delas marcada com um “T” em vermelho, eram todas enviadas ao DOPS, como também as fotos dos corpos, sendo que alguns dos envelopes de negativos do arquivo de fotos do IML, que encontramos vazios, contém a observação: “negativo enviado ao DOPS”. Tais fotos desapareceram com Tuma e Harry Shibata - do IML e do DOPS.

O “Xerife Tuma” cumpriu tão brilhantemente seu papel, que foi escolhido pelo General Figueiredo para Superintendente da PF em São Paulo, levando consigo os arquivos, pouco antes do ato do Governador Montoro que extinguiu o DOPS.

Quando Fernando Collor de Mello, então Presidente da República, resolveu entregar ao governo de São Paulo os arquivos do DOPS , (intermediação feita através de contatos nossos com o então Ministro João Santana, com quem militamos na luta pela Anistia e no PT), Tuma já tentava construir uma nova pose, tendo por diversas vezes afirmado publicamente que entregaria os arquivos à Luiza Erundina, então Prefeita de São Paulo e envolvida na investigação da Vala do Cemitério de Perus.

Quando Collor anunciou que entregaria os arquivos, Tuma e seus subordinados apressaram-se em “arrumá-los”. Desesperados pelo certo desaparecimento de provas contundentes que há anos buscávamos (e ainda buscamos!), fizemos vigília em frente ao prédio da PF em São Paulo , e obtivemos audiência com o então Diretor, por intermediação de Dom Paulo Evaristo Arns, que recebera denúncias de que os arquivos estavam sendo literalmente esvaziados.

De nada adiantaram os telefonemas de D. Paulo, as pressões... Não temos como calcular a extensão do retirado, mas arquivos inteiros referentes a “Colaboradores” e à “Guerrilha do Araguaia” estavam vazios.

Ficaram, entretanto, provas dos assassinatos sob tortura, em uma pasta de fotos desaparecida do IML. Uma dessas fotos, a de Sonia Maria de Moraes Angel Jones, assassinada sob torturas em 30 de novembro de 1973, foi mostrada a sua mãe, Cléa Moraes por Harry Shibata, que declarou ter sido a foto entregue a ele por Tuma. (Teria ele guardado outras?). Sonia, enterrada com nome falso, teve seu corpo reconhecido por ocasião das investigações procedidas durante o governo de Luiza Erundina.

Coletamos, também, documentos que provam a participação do Tuma. Relato e documento alguns fatos concretos que o envolvem, certamente não os únicos, mas aqueles que posso lembrar e comprovar através de documentos.

1. Luiz Eurico Tejera Lisbôa, meu marido, constou da lista de desaparecidos políticos até abril de 1979, quando pudemos localizá-lo enterrado, sob o nome falso de Nelson Bueno, no Cemitério de Perus. No dia da votação do projeto de Anistia, em 22 de agosto de 1979, a denúncia do encontro de seu corpo foi feita no Congresso Nacional. Somente após esse fato, “apareceu” o inquérito, feito com nome falso e que concluía pelo seu suicídio. A versão oficial diz que Luiz Eurico suicidou-se, em um quarto de pensão na Liberdade, após disparar 3 ou 4 tiros a esmo pelo quarto. Deitado, uma arma em cada mão, disparara talvez contra o vento, para depois buscar abafar o tiro que se deu na cabeça, envolvendo a arma em uma colcha que cobria seu corpo. Essa é a explicação para as marcas que aparecem no quarto onde foi “encontrado” seu corpo e na colcha que lhe cobria.

Através de processo na Vara de Registros Públicos, busquei a retificação dos registros de óbito. Nesse processo, o Juiz solicitou que fossem localizadas cartas endereçadas a Luiz Eurico, que faziam parte dos documentos com ele apreendidos. Dois ofícios foram dirigidos pelo Juiz a Tuma, sem obter resposta. Oficiado, então, o Secretário de Segurança, Tuma respondeu que no DOPS nada constava em nome de Nelson Bueno. Dois novos ofícios foram dirigidos a Tuma e outro ao Secretário de Segurança, agora em nome de Luiz Eurico, todos sem resposta. (anexo 1)

Obtive a retificação, e permaneceu a versão oficial de suicídio até 1990, quando Caco Barcelos, repórter da Rede Globo, fez um programa sobre a Vala de Perus e apareceram novos fatos. Envolvida com as questões mais gerais dos mortos e desaparecidos e, sem assistência jurídica, perdi todos os prazos para judicialmente processar a União pelo assassinato e ocultamento de seu corpo.
Ao examinar os arquivos do DOPS, em 1991, lá encontrei uma lista, endereçada a Tuma, datada de 05 de novembro de 1978, com o nome de “Retorno ao Brasil” (anexo 2).

Junto ao nome de Luiz Eurico, lê-se – morreu em setembro de 1972. Ou seja, Tuma sabia da morte de Luiz Eurico em novembro de 1978, antes, portanto da minha descoberta e denúncia. E sabia por que dispunha o arquivo do DOPS do inquérito em nome de Nelson Bueno e de ficha em nome de Nelson Bueno, fato que negou existir ao responder ofício ao Juiz (anexo 3).

Não é uma simples acusação: Tuma mentiu ao Juiz! E ocultou as informações sobre o desaparecimento e assassinato de Luiz Eurico. 2. Do mesmo anexo 2 - o "Listão do Tuma" - retiramos informações que nos permitiram localizar o local de sepultamento de Ruy Carlos Vieira Berbert, único paradeiro de desaparecido político identificado a partir da abertura dos arquivos do DOPS (fls. 57 do anexo 2). Teríamos também localizado Maria Augusta Tomas e Márcio Beck Machado (fls. 48 e 46), fato que já era de nosso conhecimento, apesar de termos perdido a corrida para a repressão, que chegou antes ao local e sumiu com os restos mortais. Jane Vanine Capozzi, desaparecida no Chile também é dada como morta.

Aos demais desaparecidos citados no "listão", é dada a informação: "não está em Cuba".

3. Flávio de Carvalho Molina constou da lista dos desaparecidos políticos até 1979, quando localizamos ofício (anexo 4) endereçado ao Juiz Auditor de São Paulo, assinado por Romeu Tuma, informando que ele fora morto e enterrado pelo nome de Álvaro Lopes Peralta. Somente ao descobrirmos esse ofício, a família de Flávio certificou-se de sua morte. Enterrado no cemitério de Perus, com esse mesmo nome falso informado por Tuma, seu corpo permanece, até hoje, dentre as mais de 1000 ossadas não identificadas da Vala de Perus. Maria Helena, sua mãe, que acompanhava cotidianamente nossas lutas, é hoje uma senhora idosa, sem ter podido, tantos anos depois, ver o enterro do corpo do filho que a mão de Tuma ajudou a esconder...

4. Helder José Gomes Goulart foi assassinado sob torturas no DOI-CODI de São Paulo. Seus restos mortais foram identificados durante o governo de Luiza Erundina e trasladados para Mariana, em Minas Gerais.

O laudo necroscópico de Helder, assinado por Harry Shibata, o mais “famoso” dentre os médicos legistas que assinaram laudos falsos, atende à requisição de exame de Romeu Tuma (anexo 5). A versão de Tuma na requisição ao IML é de que Helder morrera às 16 horas do dia 16 de julho de 1973, no Museu Ipiranga. Entretanto, deu entrada no IML antes de ser morto - às 8 horas, e três horas antes do tal tiroteio no Museu, que teria ocorrido às 11.30h. Na verdade, foi assassinado sob tortura, sendo que a foto localizada nos arquivos do DOPS tem indícios de que tenha sido tirada quando ainda vivia.

5. Norberto Nehring - assassinado sob torturas em 1970, é de Tuma a versão oficial à imprensa: suicidara-se em um quarto de hotel, perto do DOPS. Não tenho o documento citado na matéria de Emanuel Neri (anexo 6).

Temos a certeza de que, se tivesse permanecido no DOPS de São Paulo uma pasta com todos os ofícios expedidos por Romeu Tuma, certamente teríamos acesso aos nomes falsos com que foram enterrados os desaparecidos e, possivelmente, aos restos mortais e às circunstâncias das mortes.
Para Tuma, há que valer-se das palavras do filho do assassino Sérgio Paranhos Fleury, conforme publicou a Folha de São Paulo, na última eleição:

“Questão de afinidade"

Filho de Sérgio Paranhos Fleury, ícone da repressão e da tortura no regime militar, o também delegado Paulo Sérgio Fleury justifica assim o seu voto em São Paulo: "Pelo relacionamento pessoal e profissional que existiu, nós vamos apoiar e votar em Romeu Tuma".

Suzana Keniger Lisbôa é integrante da Comissão de Familiares de mortos e Desaparecidos Políticos



Para que serve o Parlamentar?


O papel do Parlamentar, segundo a visão jurídica, é a elaboração e votação de proposituras (Indicações, Requerimentos, Resoluções, Projetos de Leis etc.) e a fiscalização, interna, do Poder Legislativo e, externa, do Poder Executivo, além de participar de decisões políticas de interesse dos Municípios, Estados e União. É importante ressaltar que ninguém pode substituir o Parlamentar no exercício de sua função. Por isso, o vereador, o deputado estadual ou federal e o senador devem exercer o mandato com o máximo de eficácia possível, sob o risco de manchar a sua imagem e a do partido que representa. Neste sentido precisa ser sério e, ao votar qualquer propositura, necessita analisá-la com a profundidade devida, como impacto político, social, ambiental, econômico, jurídico e nível de prioridade. É preciso pensar sempre na cidade, no estado e no país como um todo, pois sem esta análise não é possível votar conscientemente.

Todavia, o parlamentar não pode ficar apenas no aspecto jurídico do mandato. Ele é também um agente de transformação social e das relações entre o Estado e a sociedade e, ainda, um porta-voz dos cidadãos e cidadãs no Legislativo, sob a ótica do partido político ao qual é filiado e, portanto, deve fidelidade.

O Parlamentar sério tem obrigação de combater o clientelismo político, o tráfico de influências, a troca de favores e a corrupção. Precisa contribuir com a organização e conscientização da sociedade ao levar informações corretas para a população e colocando o seu gabinete a serviço das mudanças positivas.

Para isso, é fundamental lutar para que a "máquina administrativa" seja transparente, por igualdade de condições no acesso aos serviços públicos, pela participação da sociedade na definição de prioridades e discussão pública do orçamento, seja na esfera municipal, estadual ou federal, pois estão contidos no orçamento quais as prioridades do governo para o ano seguinte, e não existe democracia sem que a sociedade possa dizer de quem arrecadar e onde gastar o dinheiro público.

Para que o Parlamentar exerça a sua função de maneira eficaz, ele precisa de estrutura, como assessoria, veículo, meio de comunicação com a população, muitas vezes esta estrutura é olhada pela população como sendo mordomia, mas na realidade é utopia exercer o mandato de maneira eficaz sem estrutura adequada no gabinete.

Ressaltamos que em diversos locais o Poder Executivo tem toda a estrutura e, ainda, acaba comprando Parlamentares fisiológicos com cargos, o que é um absurdo. Evidentemente, não estamos falando das pessoas que ocupam cargos com a finalidade de ajudarem a executar o programa de governo eleito nas urnas, apenas estamos nos referindo aos parlamentares e executivos que indicam e nomeiam cargos de confiança com finalidade fisiológica e compra de votos no legislativo.

A origem do nome: Cecília.



Significado de Cecília: PADROEIRA DA MÚSICA.

Significado e origem do nome Cecília - Analise da Primeira Letra do Nome: C

Pessoa charmosa, amável e expressiva, muito criativa e um tanto curiosa. Tem uma certa dificuldade na concentração e como gosta de compartilhar tudo com os outros é o tipo de pessoa que não consegue guardar suas idéias só para si. Sempre de bom astral, é daquelas que adora festa. Só tem um problema em enfeitar demais a realidade, exagerando na dose e não conseguindo controlar sua mania de falar. Pode criar a imagem de fofoqueiro.

Significado do nome Cecília - Sua marca no mundo!

COMUNICAÇÃO, AMIZADE, OTIMISMO, DESPREOCUPAÇÃO, BOM HUMOR

Otimismo e afetuosidade são qualidades que projetam a imagem de uma pessoa popular que alegra seu circulo de amizades. Adora baladas e agitos onde possa demonstrar seu talento artístico. Muito criativa e comunicativa, possui um charme especial que usa para conquistar o que quer. Sua descontração e bom humor a mantém sempre jovem, não importa a idade que tenha. Sempre aberta a novidades, possui uma mente fértil para os negócios. Seu otimismo permite que mesmo diante das mais difíceis situações encontre um lado positivo e anima todos à sua volta. Se aproveitar este lado para aprender com as situações muitas portas estarão abertas, pois não cometerá os mesmos erros. Por ser muito extrovertida a pessoa de personalidade com vibração 3 pode passar algumas vezes por imatura, portanto, para tirar proveito dos aspectos positivos aja com seriedade, e prove o contrário sendo responsável em todas as situações.

Decifrando Anjos Católicos.



Qual a natureza desses puros espíritos?

Os Anjos são seres puramente espirituais, dotados de inteligência, vontade e livre arbítrio, elevados por Deus à ordem sobrenatural, isto é, chamados pela graça a participar na vida de Deus através da visão beatífica. Muitíssimo mais perfeitos que os homens, sua inteligência é inerrante e sua vontade imensamente poderosa. Como não têm dependência nenhuma da matéria, seu conhecimento é consideravelmente mais perfeito que o do homem; para eles, ver é já conhecer. E conhecer significa compreender a coisa em toda a profundidade de que são capazes, em sua substância, e sem possibilidade de erro.

Por isso, a prova, para eles, teve conseqüência imediata e irremediável. Pois seu querer é absoluto, sem volta atrás. Aquilo que querem, desejam-no para todo o sempre. Daí o fato de, após a prova, terem passado imediatamente à eternidade do Inferno (os demônios), como à do Céu (os anjos bons).

Deus criou os Anjos para conhecê-Lo, amá-Lo, servi-Lo e proclamar suas grandezas, executar suas ordens, governar este universo e cuidar da conservação das espécies e dos indivíduos que ele contém.

"Como príncipes e governadores da grande Cidade do Bem, a que se refere todo o sistema da criação, os anjos presidem, na ordem material, ao movimento dos astros, à conservação dos elementos, e à realização de todos os fenômenos naturais que nos enchem de alegria ou de terror. Entre eles está compartilhada a administração deste vasto império. Uns cuidam dos corpos celestes, outros da terra e seus elementos, outros de suas produções, árvores, plantas, flores e frutos. A estes, está confiado o governo dos ventos e mares, dos rios e fontes; àqueles, a conservação dos animais. Não há uma criatura visível, nem grande nem pequena, que não tenha uma potência angélica encarregada de velar por ela" (12).

Algumas vezes os Anjos, quando são enviados por Deus aos homens para alguma missão, utilizam a forma humana, a fim de acomodar-se à nossa natureza. Entretanto, nesses corpos etéreos e ligeiros com os quais em geral aparecem, não estão como a alma humana está no corpo, dando-lhe vida e tornando-o capaz de operações vegetais e animais. Pelo contrário, ali estão como um operário está em sua máquina, da qual se serve para executar as obras de sua arte. Fora do horário de trabalho, não têm com elas nenhuma ligação.

"Segundo os mais doutos intérpretes, as aparições acidentais dos anjos no mundo não são mais que o prelúdio de sua aparição habitual no Céu. Assim, é provável que no Céu os anjos assumirão magníficos corpos aéreos para regozijar a vista dos eleitos e conversar com eles face a face" (13).

A maravilhosa classificação dos coros angélicos

A distinção dos Anjos em nove coros, agrupados em três hierarquias diferentes, embora não conste explicitamente da Revelação, é de crença geral. Essa distinção é feita em relação a Deus, à condução geral do mundo, ou à condução particular dos Estados, das companhias e das pessoas.
Os três coros da primeira hierarquia, vêem e glorificam a Deus, como diz a Escritura: "Vi o Senhor sentado sobre um alto e elevado trono .... Os Serafins estavam por cima do trono ... E clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos" (Is. 6, 1-3). "O Senhor reina .... está sentado sobre querubins" (Sl. 98, 1).

Os três Coros inferiores aos acima enunciados estão relacionados com a conduta geral do universo.

E os três últimos Coros dizem respeito à conduta particular dos Estados, das companhias e das pessoas. (14).
Conclusão: devoção e fidelidade aos Anjos

Evidentemente, todas essas maravilhas do mundo angélico deveriam levar-nos a um profundo amor, reverência e gratidão especialmente para com nosso Anjo da Guarda, evitando tudo aquilo que possa contristá-lo, como são nossos pecados. "Como te atreverias a fazer na presença dos Anjos aquilo que não farias estando eu diante de ti?", interpela-nos o grande São Bernardo.

E deveríamos fazer tudo o que sabemos poder alegrar o Anjo da Guarda, pois só assim estaremos trabalhando efetivamente para nossa própria santificação e salvação.

A reverência a seu Anjo da Guarda levava Santo Estanislao Kostka, que o via constantemente, a este requinte de delicadeza: quando ambos deviam entrar por uma porta, ele pedia ao Anjo para passar antes. E como este, às vezes, se recusasse, insistia com ele até que cedesse (15).

Oxalá tantos e tão belos exemplos nos sirvam para reverenciar e acrescer nossa devoção a esses bem-aventurados espíritos angélicos que Deus, em sua misericórdia, concedeu-nos como guardiões, conselheiros, protetores e mensageiros – especialmente valiosos no mundo neopagão em que vivemos –, com vistas à obtenção da vida celeste!

Aula do Dia: Sexo [parte 7], José Ângelo Gaiarsa.

Para se roubar um coração, Luis Fernando Veríssimo.



Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa. Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado.

Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente. Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.

Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.

Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago.

...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.

Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava.

... e é assim que se rouba um coração, fácil não?

Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.

Reconheça: Ernesto Nazareth.

Ernesto Nazareth (1863-1934) nasceu no morro do Nheco, na região da Cidade Nova, no Rio de Janeiro. Aprendeu a tocar piano com sua mãe, Carolina Augusta Pereira Nazareth. Na infância sofreu um acidente em que perdeu a audição de um dos ouvidos, fato que não o impediu de tornar-se um exímio pianista e compositor reconhecido mundialmente. Entre valsas, polcas e maxixes, construiu uma obra de aproximadamente 212 peças.

Tinha apenas 14 anos quando fez sua primeira música, a polca-lundu Você bem sabe,dedicada a seu pai, o despachante Vasco Lourenço da Silva Nazareth. No ano de 1880, fez seu primeiro recital e publicou sua polca Gracietta. Logo depois tomou aulas com o professor Lucien Lambert e passou a apresentar-se com frequência pelos clubes de sociedade da época, executando no repertório composições próprias e eruditas.

Em 1894, o tango Brejeiro, reeditado e gravado pela Banda da Guarda Republicana de Paris, atingiu sucesso internacional. O desenvolvimento de sua carreira a partir de então permite que um número cada vez maior de suas peças sejam editadas. Trabalhou na primeira década do século XX como pianista na sala de espera do cine Odeon, cujo nome batizou um de seus mais famosos tangos brasileiros.

O tango brasileiro, surgido na segunda metade do século XIX, era uma fusão de gêneros estrangeiros de música dançante em voga na época, entre eles a habanera cubana, o schottisch, a polca e notadamente o maxixe, gênero já formado no Brasil e que apresentava características de ritmos africanos. Essa nova forma musical tem seu desenvolvimento creditado ao maestro Henrique Alves de Mesquita, e com Nazareth atinge seu mais alto nível. Sua característica de virtuosismo instrumental o tornava mais propício para ser ouvido do que para dançar. E sua forma de construção o coloca em um lugar de difícil definição entre a música erudita e a popular, sendo de fato um resultado híbrido entre as duas vertentes.

A coleção de documentos de Ernesto Nazareth foi incorporada pelo Instituto Moreira Salles em 2003. É composta por centenas de documentos como fotos de família, partituras de autores, métodos de estudo de piano, cartas, cartões de visita, cartazes de recitais, recortes de jornal com reportagens sobre suas apresentações, compêndios de música, textos de músicos como Henrique Oswald, Heitor Villa-Lobos, entre outros. Os documentos mais raros dessa coleção constituem-se em manuscritos autógrafos do autor de músicas, tais como: Nenê (tango), Remando (tango), Beija-flor (polca), Julieta (valsa).

Em 2007, o IMS publicou o livro O enigma do homem célebre: ambição e vocação de Ernesto Nazareth, no qual o historiador Cacá Machado realiza um estudo profundo da obra e da vida do compositor e pianista, estabelecendo uma aproximação com o conto O homem célebre, de Machado de Assis. Nesse trabalho, utilizou-se de conceitos musicológicos, da história social e da literatura trazendo para o público contemporâneo uma nova abordagem sobre o lugar crucial ocupado pela música de Ernesto Nazareth na cultura popular brasileira do século XX.

Em 1935, Paul Valéry disse:


“O tempo livre que tenho em mente não é o lazer tal como normalmente entendido. 

O lazer aparente ainda permanece conosco, e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico. 

As jornadas de trabalho são medidas, e a sua duração em horas, regulada por lei. 

O que eu digo, porém, é que o nosso ócio interno, algo muito distinto do lazer cronometrado, está desaparecendo. 

Estamos perdendo aquela paz essencial nas profundezas do nosso ser, aquela ausência sem preço na qual os elementos mais delicados da vida se renovam e se confortam, ao passo que o ser interior é de algum modo liberado de passado e futuro, de um estado de alerta presente, de obrigações pendentes e expectativas à espreita. Nenhuma preocupação, nenhum amanhã, nenhuma pressão interna, mas uma forma de repouso na ausência, uma vacuidade benéfica que traz a mente de volta à sua verdadeira liberdade, ocupada apenas consigo mesma. Livre de suas obrigações para com o saber prático e desonerada de qualquer preocupação sobre o porvir, ela cria formas tão puras como o cristal. Mas as demandas, a tensão, a pressa da existência moderna perturbam e destroem esse precioso repouso. Olhe para dentro e ao redor de si! O progresso da insônia é notável e anda pari passu com todas as outras modalidades de progresso.”


terça-feira, 16 de novembro de 2010

O amor é um Taj Mahal.



Era uma vez um príncipe chamado Kurram que se enamorou por uma princesa aos 15 anos de idade. Reza a história que se cruzaram acidentalmente mas seus destinos ficaram unidos para todo o sempre. Após uma espera de 5 anos, durante os quais não se puderam ver uma única vez, a cerimónia do casamento teve lugar do ano de 1612, na qual o imperador a rebaptizou de Mumtaz Mahal ou "A eleita do palácio". O Príncipe, foi coroado em 1628 com o nome Shah Jahan, "O Rei do mundo" e governou em paz.

Quis o destino que Mumtaz não fosse rainha por muito tempo. Ao dar à luz o 14º filho de Shah Jahan, morreu aos 39 anos em 1631. O Imperador ficou tremendamente desgostoso e inconsolável e, segundo crônicas posteriores, toda a corte chorou a morte da rainha durante 2 anos. Durante esse período, não houve música, festas ou celebrações de espécie alguma em todo o reino.

Shah Jahan ordenou então que fosse construído um monumento sem igual, para que o mundo jamais pudesse esquecer. Não se sabe ao certo quem foi o arquiteto, mas reuniram-se em Agra as maiores riquezas do mundo. O mármore fino e branco das pedreiras locais, Jade e cristal da China, Turquesa do Tibet, Lapis Lazulis do Afeganistão, Ágatas do Yemen, Safiras do Ceilão, Ametistas da Pérsia, Corais da Arábia Saudita, Quartzo dos Himalaias, Ambar do Oceano Índico.

Surge assim o Taj Mahal. O seu nome é uma variação curta de Mumtaz Mahal.. o nome da mulher cuja memória preserva. O nome "Taj" é de origem Persa, que significa Coroa. "Mahal" é arábico e significa lugar. Devidamente enquadrado num jardim simétrico, tipicamente muçulmano, dividido em quadrados iguais cruzado por um canal ladeado de ciprestes onde se reflete a sua imagem mais imponente. Por dentro, o mausoléu é também impressionante e deslumbrante. Na penumbra, a câmara mortuária está rodeada por finas paredes de mármore incrustado com pedras preciosas que forma uma cortina de milhares de cores. A sonoridade do interior, amplo e elevado é triste e misterioso, como um eco que soa e ressoa sem nunca se deter.
Sobre o edifício surge uma cúpula esplendorosa, que é a coroa do Taj Mahal. Esta é rodeada por quatro cúpulas menores, e nos extremos da plataforma sobressaem quatro torres que foram construídas com uma pequena inclinação, para que em caso de desabamento, nunca caiam sobre o edifício principal.

Os arabescos exteriores são desenhos muçulmanos de pedras semi preciosas incrustadas no mármore branco, segundo uma técnica Italiana utilizada pelos artesãos hindus. Estas incrustações eram feitas com tamanha precisão que as juntas somente se distinguem à lupa. Uma flor de apenas sete centímetros quadrados pode ter até 60 incrustações distintas. O rendilhado das janelas foi trabalhado a partir de blocos de mármore maciço.

Diz-se que o imperador Shah Jahan queria construir também o seu próprio mausoléu. Este seria do outro lado do rio. Muito mais deslumbrante, muito mais caro, todo em mármore preto, que seria posteriormente unido com o Taj Mahal através de uma ponte de ouro. Tal empreendimento nunca chegou a ser levado a cabo. Após perder o poder, o imperador foi encarcerado no seu palácio e, a partir dos seus alojamentos, contemplou a sua grande obra até à morte. O Taj Mahal foi, por fim, o refúgio eterno de Shah Jahan e Mumtaz Mahal. Posteriormente, o imperador foi sepultado ao lado da sua esposa, sendo esta a única quebra na perfeita simetria de todo o complexo do Taj Mahal.

Após quase quatro séculos, milhões de visitantes continuam a reter a sua aura romântica... o Taj Mahal, será para todo o sempre um lágrima solitária no tempo.

Wikipedia explica Billie Jean.



"Billie Jean" é uma canção do cantor e compositor americano Michael Jackson lançada como segundo compacto do álbum Thriller em 1982. Atingiu a primeira posição em nove países e tornou-se o maior sucesso do cantor nos Estados Unidos, permanecendo por sete semanas no topo da lista pop e nove liderando a rhythm & blues. A música foi indicada a quatro Grammys em 1984 e venceu nas categorias "Desempenho Vocal R&B Masculino" e "Canção R&B".
A
canção está em 2º lugar na lista do VH1 das "Melhores Canções dos Últimos 25 Anos" de 2001; 5º na "Melhores Canções Pop" lançada pela MTV e Rolling Stone em 2000; e 28º na "100 Melhores Canções para Dançar" do VH1, também divulgada em 2000. Na lista dos "Melhores Vídeos" da MTV o clipe aparece em 35º e na do VH1, em 34º. É frequentemente citada como uma das canções mais revolucionárias da história e é considerada por muitos como a maior música de Jackson.

Aspas para Djavan.



"Eu tenho 34 anos de carreira e nunca tinha feito um disco assim, onde eu uso só músicas de outros autores. Porque a minha vida sempre foi autoral, e esse disco é um diferencial fortíssimo. Eu estou muito feliz de ter realizado esse sonho, e aproveitei para trazer para esse disco todas as minhas reminiscências, as minhas lembranças de infância, de adolescência, da época em que eu era crooner em boate, e músicas do meu coração, compositores que eu sempre amei... Enfim, é um disco que reúne todas essas sensações. Foi um disco que movimentou bastante a minha emoção. No repertório que escolhi, Sabes Mentir (composição de Othon Russo gravada por Ângela Maria), por exemplo, é uma música da minha infância, que minha mãe cantava muito, e foi através dela que eu me encantei com a música. E gravei também Nada a nos Separar (música de Wayne Shanklin com versão de Romeo Nunes), que veio num momento da minha adolescência de muita carência e sofrimento, quando morei fora de casa, por um ano e meio, no Recife."

Tristeza tem fim quando à felicidade se diz: Sim!, Cazzo Fontoura.

Minha cidade hoje acordou mais bonita: tricolor! Carros, fachadas, painéis de ônibus, ruas, vielas, avenidas refletiam sobre meus olhos rasos d’água a belíssima combinação de cores do Esporte Clube Bahia. Confesso que, ainda sob efeito da euforia das buzinas contentes e hinos tricolores que se manifestam por todos os cantos da cidade, chega a ser assustador, como se não me desse conta de que o Bahia está apenas de volta ao que fora seu lugar-comum tempos atrás. É que talvez quase sempre nos acostumamos com a dor, a humilhação.

Quando menino, eu colecionava figurinhas para completar álbum e ali estava a referência de uma elite do jogo de bola. De tal maneira que quando ouvia falar em times como Operário-MT, Avaí-SC e CRB era como se se abrisse um universo absolutamente fora de meu alcance, pois não estava entre eles o time do meu coração. Acontece que o mundo há algum tempo se nivela por baixo [lê-se mais Paulo Coelho do que Shakespeare] e o futebol sofre tanto desse mal que hoje há uma Série B com a mesma importância e quase a mesma equivalência da primeira divisão.

O reflexo mais bem acabado dessa constatação é que, durante esse doloroso tempo rebaixado, o Bahia e sua torcida em muito se acostumara a tão lastimável condição e com tamanha consistência que não cessam nem mesmo rumores na busca de se conquistar o título desta infame divisão do campeonato e, se conquistado, pasmem, transformá-lo em estrela no peito. Muitíssimos anos passados isso era algo impensável.

Importante é que a partir desse momento essas são águas passadas, a humilhação, contornada de uma suposta humildade, desfaz-se para o aparecimento de um super-homem além do mascote, bem perto de Nietzsche. Cheio de si o torcedor do Bahia canta e dança do jeito próprio que aqui se cultiva a fé: findo o espetáculo de três gols, antes da festa, um estádio inteiro ora o Pai-Nosso, num fervor de comover o mais convicto e raivoso ateu.

Agora, de fato, deve-se pensar no futuro, torcedores e dirigentes tem a chance de repensar planos, exterminar por completo o mau costume de viver à base de lucros a curto prazo. Pois o time que pulsa no coração de Lourinho, Maurício, Japinha, Tica, André e Marcelo, após tantos anos humilhado, retorna aos campos nas quartas-feiras e domingos e já não sofrerá a restrição de enfrentar tradicionais adversários apenas no mata-mata da Copa do Brasil.

O que outrora parecia inabalável andar curvado de quem se acostuma a dar quantas faces fosse necessário a tapas, em menos de um dia, passada uma só noite eufórica a propor, fora de época, novo circuito de carnaval, colunas eretas desfilam na cidade da Bahia, batendo forte o brilho de duas estrelas no peito – mais vale o símbolo do que o patrimônio –, numa visível e convincente auto-estima que há tempos não se vê por estas bandas.

Sim, o Bahia está de volta à sua origem, de volta ao grupo dos vinte maiores clubes de futebol deste país. Ontem, a definitiva certeza de que, embora seja fato que o sofrimento arrefece-nos o amor, nos acende firme a paixão, muito melhor é o estado de graça de sentir-se satisfeito, pois, quando se diz “sim” à felicidade, a tristeza, outrora senhora, chega ao desejado final.


Sinopse/Ficha Técnica: Lavoura Arcaica.

título original:Lavoura Arcaica
gênero:Drama
duração:02 hs 43 min
ano de lançamento:2001
estúdio:VideoFilmes
distribuidora:Riofilme
direção: Luiz Fernando Carvalho
roteiro:Luiz Fernando Carvalho, baseado em livro de Raduan Nassar
produção:Luiz Fernando Carvalho
música:Marco Antônio Guimarães
fotografia:Walter Carvalho
direção de arte:Yurika Yamasaki
figurino:Beth Filipecki
edição:Luiz Fernando Carvalho

André (Selton Mello) é um filho desgarrado, que saiu de casa devido à severa lei paterna e o sufocamento da ternura materna. Pedro, seu irmão mais velho, recebe de sua mãe a missão de trazê-lo de volta ao lar. Cedendo aos apelos da mãe e de Pedro, André resolve voltar para a casa dos seus pais, mas irá quebrar definitivamente os alicerces da família ao se apaixonar por sua bela irmã Ana.

Elenco:
Raul Cortez (Pai)
Selton Mello (André)
Juliana Carneiro da Cunha (Mãe)
Leonardo Medeiros (Pedro)
Simone Spoladore (Ana)
Caio Blat (Lula)
Mônica Nassif (Irmã)
Renata Rizek (Irmã)
Denise Del Vecchio (Prostituta)
Pablo César Câncio (André - criança)
Luiz Fernando Carvalho (Narrador)
Leda Samara Antunes
Felipe Abreu Salomão
Samir Muci Alcici Junior
Raphaela Borges David
Christiana Kalache



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