Ernesto Nazareth (1863-1934) nasceu no morro do Nheco, na região da Cidade Nova, no Rio de Janeiro. Aprendeu a tocar piano com sua mãe, Carolina Augusta Pereira Nazareth. Na infância sofreu um acidente em que perdeu a audição de um dos ouvidos, fato que não o impediu de tornar-se um exímio pianista e compositor reconhecido mundialmente. Entre valsas, polcas e maxixes, construiu uma obra de aproximadamente 212 peças.
Tinha apenas 14 anos quando fez sua primeira música, a polca-lundu Você bem sabe,dedicada a seu pai, o despachante Vasco Lourenço da Silva Nazareth. No ano de 1880, fez seu primeiro recital e publicou sua polca Gracietta. Logo depois tomou aulas com o professor Lucien Lambert e passou a apresentar-se com frequência pelos clubes de sociedade da época, executando no repertório composições próprias e eruditas.
Em 1894, o tango Brejeiro, reeditado e gravado pela Banda da Guarda Republicana de Paris, atingiu sucesso internacional. O desenvolvimento de sua carreira a partir de então permite que um número cada vez maior de suas peças sejam editadas. Trabalhou na primeira década do século XX como pianista na sala de espera do cine Odeon, cujo nome batizou um de seus mais famosos tangos brasileiros.
O tango brasileiro, surgido na segunda metade do século XIX, era uma fusão de gêneros estrangeiros de música dançante em voga na época, entre eles a habanera cubana, o schottisch, a polca e notadamente o maxixe, gênero já formado no Brasil e que apresentava características de ritmos africanos. Essa nova forma musical tem seu desenvolvimento creditado ao maestro Henrique Alves de Mesquita, e com Nazareth atinge seu mais alto nível. Sua característica de virtuosismo instrumental o tornava mais propício para ser ouvido do que para dançar. E sua forma de construção o coloca em um lugar de difícil definição entre a música erudita e a popular, sendo de fato um resultado híbrido entre as duas vertentes.
A coleção de documentos de Ernesto Nazareth foi incorporada pelo Instituto Moreira Salles em 2003. É composta por centenas de documentos como fotos de família, partituras de autores, métodos de estudo de piano, cartas, cartões de visita, cartazes de recitais, recortes de jornal com reportagens sobre suas apresentações, compêndios de música, textos de músicos como Henrique Oswald, Heitor Villa-Lobos, entre outros. Os documentos mais raros dessa coleção constituem-se em manuscritos autógrafos do autor de músicas, tais como: Nenê (tango), Remando (tango), Beija-flor (polca), Julieta (valsa).
Em 2007, o IMS publicou o livro O enigma do homem célebre: ambição e vocação de Ernesto Nazareth, no qual o historiador Cacá Machado realiza um estudo profundo da obra e da vida do compositor e pianista, estabelecendo uma aproximação com o conto O homem célebre, de Machado de Assis. Nesse trabalho, utilizou-se de conceitos musicológicos, da história social e da literatura trazendo para o público contemporâneo uma nova abordagem sobre o lugar crucial ocupado pela música de Ernesto Nazareth na cultura popular brasileira do século XX.
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