Quando fazemos uma visita, quando acabamos de falar com um colega, sempre estranhamos – muito ou pouco – o que o outro disse. Estranhamos também o que ele fez, achamos que ele não regula bem neste ou naquele ponto, achamos – vejam só! – que ele faz as coisas de um modo bem esquisito. De outra parte, veja como eu sou mais inteligente do que ele, veja como eu sei viver melhor, como eu sou mais esperto, etc. Tudo isto é dito de mim para mim mesmo – logo depois do encontro. É a fofoca de fora (poderia dizer o mesmo para um terceiro), porém, feita com os meus botões.
Há duas espécies fundamentais de fofoqueiros: os orgulhosos, que desprezam a pessoa que estão criticando. A esta espécie de fofocador se pode perguntar: se o outro é tão desprezível por que você se incomoda com ele? A segunda classe é a dos ostensivamente invejosos. A o fazer a fofoca, mostram no olhar e no rosto alguma coisa de espanto e de perplexidade. Estes são mais honestos, sabem fingir menos, ou não percebem o que estão mostrando! A cara dos dois, porém, diz a mesma coisa.
Jornais e revistas trazem principalmente retratos do que todos desejam – ou temem – e ninguém declara. A máquina de reproduzir textos começou o processo de despersonalização da fofoca – que sempre foi assunto de boca para ouvido. Às revistas coube a tarefa de fotografar e colorir as fofocas públicas. O terreno estava pronto para o cinema – que iria apresentar e representar os sonhos da humanidade.
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