sexta-feira, 12 de março de 2010

BENDITO BENITO!!!

Depois de passar um tempo longe da mídia, você levou cerca de 3 mil pessoas para a gravação do DVD. Foi uma resposta aos que diziam que Benito Di Paula estava em decadência e não tinha mais público?
De certa forma. Disseram muita coisa sobre mim, que eu estava acabado, que eu não conseguiria lotar nem o boteco da esquina... Quem diz isso não conhece a realidade. Sei que incomodo muita gente, porque falo na cara. Mas nunca menti, nunca difamei, nunca persegui. Acabei de voltar de Garanhuns, onde cantei para 20 mil pessoas. Esse é o público de um artista decadente? Estive afastado das gravadoras e dos programas de TV, mas nunca do público. O povo brasileiro gosta de mim.

Você guarda mágoas de alguém? Acha que foi prejudicado pelas críticas?
É claro que fui prejudicado. Esses canalhas que ganham para falar mal dos outros devem ser uns cornos. Não valem nada. Muita gente tentou puxar o meu tapete, mas o meu tapete é o chão. Mas o chão pertence a Deus, irmãozinho. É ruim me derrubar, hein? Agora, mágoa eu não guardo. Não guardo nem o nome dessas pessoas que quiseram me f...

Você encontra uma explicação para o fato de as gravadoras e a TV terem colocado a carreira de Benito Di Paula na geladeira?
Não sei, cara. Não sei como me esqueceram. Simplesmente deixei de ser chamado para fazer televisão, as gravadoras não me queriam mais, os convites para shows diminuíram e tive que baixar o cachê. Saíam muitas mentiras na imprensa.

Que tipo de mentiras?
Ah, coisas da minha vida pessoal. Que eu era drogado, que eu era veado, que eu era sei lá o quê. Ficavam me jogando contra outros artistas, inventando fofocas. Ou então diziam que eu era brega, que a minha música era música de corno. Isso tudo foi uma covardia e ferrou a minha vida. De que maneira? Eles impediram um homem de trabalhar. Um homem sem trabalho não vale nada. Por causa deles briguei com a minha família, perdi dinheiro, entrei numa depressão filha da p... Tive até que fazer tratamento psiquiátrico. Não queira saber a barra que eu segurei.

Você pensou em abandonar a carreira?
Não, isso nunca. Porque Deus me fez artista e não posso ir contra os seus desígnios. Queriam me mandar pra fora do País, diziam que seria melhor pra mim. Mas não quis, não fui. Sou patriota, sou brasileiro. Vou ficar aqui, eu dizia. Não saio, vou ficar aqui e enfrentar essa situação.

Seu nome de batismo é Uday Veloso. De onde veio o pseudônimo Benito Di Paula?
Isso foi na época em que eu ainda morava em Nova Friburgo e cantava na noite. Quem me deu o nome de Benito Di Paula foi o Alfredo Mota, que era dono de um hotel onde fui procurar emprego. Ele quis me contratar como cantor fixo, mas achava que Uday Veloso não era um nome muito simpático. Não era um nome de cantor de hotel (risos). Sugeriu Benito Di Paula, que ele achava chique. Deu certo.

No início, seu repertório passava por todos os estilos que geralmente um crooner canta na noite. Quando foi que você resolveu trilhar o caminho do samba?
Na verdade, sempre segui o caminho do samba. Nasci numa casa onde só se ouvia samba e música nordestina. Meu pai passava o dia ouvindo Cartola, Elizeth Cardoso, Luiz Gonzaga... Além disso, morei no Morro da Formiga e convivi com a malandragem. Cresci ouvindo o som do tamborim, não sou um aventureiro.


Você é muito religioso?
Sou católico, apostólico, romano e brasileiro (risos). Em casa sempre teve rezas, ladainhas... Mamãe era muito religiosa e passou isso para os filhos. Sou do tipo que não perde a missa de domingo.

Você é tido como o inventor de um estilo de samba que ficou conhecido como sambão joia. De onde veio esse nome?
O canalha que disse isso deve ser um corno (exaltado). Porque o canalha, ao invés de cuidar da vida dele, cuida da vida dos outros. O sambão joia não existe, nunca existiu. O que é sambão joia? Você sabe o que é isso? Não é porra nenhuma, porque eu nunca disse que fazia essa merda aí. O que faço é samba, somente samba.

É que todo mundo se refere ao seu samba dessa forma.
Tá errado. É um erro que foi sendo repetido com o passar dos anos e virou uma marca que eu nunca quis. Quero deixar claro que não inventei o sambão joia e não visto essa camisa. Aliás, não quero mais falar sobre isso (taxativo).

E aquela história de que Paulinho da Viola teria feito o samba Argumento (“Tá legal, eu aceito o argumento/ Mas não me altere o samba tanto assim”) para criticar o seu estilo? É verdade que você compôs Não Me Importa Nada em resposta a ele?
Paulinho da Viola já disse mil vezes que nem sabia dessa polêmica. Eu duvido que ele faria uma coisa dessas. Porque Paulinho é um gentleman, ao contrário dessa corja que fica inventando boatos para ferrar a vida dos outros. Da mesma forma que o Paulinho não faria isso comigo, não fiz resposta nenhuma pra ele.

Charlie Brown é o seu maior sucesso e se tornou um clássico da MPB. Parece que esta composição tem uma história curiosa, não é?
Essa música foi feita no início dos anos 70, quando eu ainda morava em Santos, numa pensão de italianos. Eles recebiam umas revistas estrangeiras daquele desenhista que morreu, aquele cara que criou o Snoopy (o cartunista Charles Schulz). Meu personagem preferido era o Charlie Brown. Às vezes, não tinha o que fazer, pegava aquelas revistinhas e ia ler no banheiro. Um dia, veio a ideia de fazer uma letra para o Charlie Brown, como se ele viesse me visitar e eu apresentasse o Brasil pra ele. Aí fiz (canta): “Se você quiser/ Vou lhe mostrar/ Bahia de Caetano/ Nossa gente boa”. E por aí vai.

Nesta música você cita Caetano Veloso, Luiz Gonzaga, Vinícius de Moraes e Jorge Ben. Além deles, que compositores fizeram a sua cabeça?
Chico Buarque é o bambambã. Depois dele, Paulo César Pinheiro, Tom Jobim, Ataulfo Alves e Zeca Pagodinho. Minhas referências são as melhores possíveis (risos).

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