terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Papo é POP!

Música pop é a trilha sonora da juventude desde os anos 50. Entender a associação entre música pop e produção cultural feita por e para adolescentes, com a nova configuração que o mundo assumiu após o final da Segunda Guerra Mundial – devido ao avanço da indústria cultural, do consumismo e das tecnologias de comunicação –, é o primeiro passo para compreender o que é a canção pop, um gênero tão abrangente e camaleônico que tem incorporado elementos do rock’n’roll ao rap.

A canção pop tem sido jovem, dançante e sexy desde as suas origens, quando surgiu como uma versão mais “adocicada” do rock. Aliás, ser musicalmente mais branda e palatável em relação a ritmos mais agressivos, em qualquer época, é uma das características fundamentais da música pop. Além disso, ter letras fáceis de memorizar e refrões grudentos em sua poética é outro elemento dominante, assim como apresentar predominantemente temas românticos. Por fim, a canção pop procura ser popular, muito popular, seja por meio dos mecanismos da indústria cultural ou, nas últimas décadas, através das possibilidades oferecidas pela Internet.

O pop começa a se tornar um gênero musical com relevância estética e comercial junto com o rock na década de 50. Nos anos 70, a ascensão da música e da cultura da discoteca mostrou o sucesso das características dançantes e dos temas românticos e sensuais da canção pop. Mas é definitivamente nos anos 80 que o pop assume dimensões de um megagênero musical. Michael Jackson e Madonna despontam como a realeza do pop com canções que dominam as paradas e mostram a fórmula do sucesso para uma legião de artistas que viria a seguir. Desde então, o gênero se estabeleceu como um sucesso comercial. Entre 2001 e 2007, oito entre os dez álbuns mais vendidos no mundo foram do gênero pop, segundo dados da International Federation of the Phonographic Industry (IFPI), em um mercado que movimenta US$ 130 bilhões anualmente.

características principais: musicalmente explora a redundância sonora e pulsos rítmicos dançantes em melodias suaves; sua poética traz versos de fácil memorização em torno de temas românticos cantada normalmente com um vocal agradável; artisticamente insere-se na lógica da cultura de massas e está associada aos valores da juventude urbana.

alguns dos principais artistas: Madonna, Michael Jackson, Elton John, Britney Spears, Spice Girls, Justin Timberlake, Mariah Carey, Robbie Williams, Jimmy Sommerville, Bee Gees, Village People, Lionel Ritchie e Donna Summer.

Álbuns essenciais: Thriller (Michael Jackson, 1982), Like a Virgin (Madonna, 1984), Goodbye Yellow Brick Road (Elton John, 1973), Baby One More Time (Britney Spears, 1999), Spice (Spice Girls, 1996), Bad Girls (Donna Summer, 1979), Future Sex/Love Sounds (Justin Timberlake, 2006), Spirits Having Flown (Bee Gees, 1979), Intensive Care (Robbie Williams, 2005), Read My Leaps (Jimmy Sommerville, 1989) e Can’t Slow Down (Lionel Ritchie, 1983).



O termo “música pop” tem sido utilizado com diferentes significações. Ele já foi consagrado como sinônimo de músicas que são as mais populares nos quesitos vendagem e execução. Também serviu para classificar as canções jovens que se diferenciam esteticamente do rock, por serem mais palatáveis e comerciais. Apesar da aplicabilidade desses usos, o que se pode observar é que também artisticamente o pop se constituiu ao longo das décadas como um gênero específico da canção jovem. É possível notar que, desde o surgimento do rock, aparece também um tipo de canção que estabelece tênues limites entre sua sonoridade e a de alguns outros gêneros musicais jovens. Sem a mesma agressividade sonora do rock, esse tipo de canção transitava, por exemplo, nos anos 50 entre o rock’n’roll e as baladas, e, nos anos 60, ela se confundia com a soul music. Esse estilo ganhou corpo até que nos anos 80 configurou-se como um megagênero específico da canção jovem.

A canção pop surge nos anos 50 como uma versão light, mais suave, do rock’n’roll que acabara de nascer. Claro que, assim como o rock, alguns anos antes da década de 50 canções produzidas nos Estados Unidos já carregavam algumas características estéticas do que seria a música pop. Mas aquela era uma época dominada pelos sucessos das big bands, ao estilo Glenn Miller ou Duke Ellington, e das grandes vozes, como as de Frank Sinatra e Bing Crosby. Foi somente com o sucesso do rock, gênero totalmente identificado com a cultura jovem que emerge nos anos 50, que se abriu espaço para que um novo universo na música popular fosse criado.


As novidades que surgiram a partir da ruptura artística provocada pelo rock estavam intimamente associadas a um novo ambiente econômico, social e cultural. Ambiente que trouxe como características principais a conquista de um poder aquisitivo pelos adolescentes, a valorização do consumismo, a expressão mais contundente das aspirações libertárias dos jovens, o conflito de gerações, o enfrentamento das segregações raciais, sexuais e sociais, o avanço das tecnologias de comunicação e o surgimento e a popularização de novas formas de entretenimento, como a televisão e o disco fonográfico.

No começo dos anos 50, a fusão da música negra com a música caipira norte-americana originou o rock’n’roll. Enquanto isso acontecia, começou a tomar forma também um novo estilo de canção popular jovem e dançante. Com uma sonoridade mais calma do que a do rock, esse novo tipo de canção resultava normalmente em baladas românticas. Derivada também do rhythm’n’blues, a fonte principal do rock, a canção pop teve nos cantores Nat King Cole e Bobby Vee e em grupos vocais como The Platters seus primeiros representantes de sucesso. Naquele momento, o rock se consolidava como gênero dominante e criava ídolos para os adolescentes como Elvis Presley, Chuck Berry e Buddy Holly.

Dos anos 50 aos 70, diferentes variações do rock e da soul music produziram canções em versões mais brandas. Nelas é possível identificar características da música pop, como a redundância sonora, a proposta dançante e melodias suaves, acompanhadas por versos de fácil memorização que tratam normalmente de temas românticos e são cantados com um vocal agradável.

De Marvin Gaye a Elton John, muito do que fez sucesso na época classificaríamos atualmente como música pop, embora seus artistas filiassem-se a gêneros mais específicos. Na segunda metade dos anos 70, no entanto, ocorreu uma reviravolta no cenário da música jovem com o movimento punk, o hip-hop, o advento da música de discoteca e os primórdios da música eletrônica pop. A partir daquele momento, além da radicalização provocada pelo punk e pelo hip-hop, há uma acentuada diluição do rock e da soul music que junto com uma miscelânea crescente de gêneros desembocará num tipo de canção que dominará o cenário da música jovem a partir dos anos 80: a canção pop.



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