Na noite de 28 de dezembro de 1992, as personalidades de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz se encontraram com Daniela Perez. Segundo o laudo da polícia técnica, Daniela Perez estava desacordada quando o assassino desferiu os golpes que a mataram. Pelas evidências reunidas até o final da semana passada, a hipótese mais plausível para o crime encontra-se num depoimento de Paula Thomaz. Sua história foi narrada aos detetives Newton Moreira, Valdir Andrade e Nélson dos Santos quando eles foram ouvi-la em casa, horas depois de prender seu marido. Havia suspeita da participação da moça no assassinato desde a manhã daquele dia, quando, sem saber que estava sob escuta, Guilherme ligou para casa, da delegacia, instruindo a mulher a entregar à polícia as roupas que ele usara na noite anterior. "Mas a roupa não está lavando", respondeu-lhe a mulher do outro lado da linha telefônica, ouvida na extensão por um policial. A polícia descobriria, depois de receber um pacote de roupas molhadas, que o hábito da casa era ligar a máquina de lavar à tarde e que fora Paula quem instruíra a empregada a mudar o procedimento, depois do telefonema do marido.
À primeira insinuação do detetive Waldir sobre sua participação no crime, Paula começou a chorar, em seu quarto, confirmando que estava no local. Em outro depoimento, ela narrou o episódio em detalhes para o inspetor Nélio Machado. Contou que estava escondida embaixo de um lençol no banco de trás do Santana dirigido por Guilherme quando ele saiu da produtora Tycoon depois de combinar um encontro secreto com Daniela Perez. Não se sabia até a última sexta-feira por que razão Daniela aceitou essa conversa num local tão estranho, quase baldio. Havia apenas hipóteses para isso. Na versão que Paula deu à polícia, seu marido pretendia provar-lhe que a atriz o estava assediando com propostas amorosas. Quando o Santana parou, num local escuro, ele desceu do carro e começou a conversar com Daniela, cujo Escort estava parado logo à frente. Paula levantou a cabeça, para ouvir melhor o diálogo, e foi percebida por Daniela. "Você trouxe esta vagabunda para cá”, foi a reação da atriz, segundo disse a mulher do ator. Seguiu-se uma briga, Guilherme aplicou uma gravata na atriz, Paula pegou uma chave de fenda no porta-luvas do Santana e tentou ferir a suposta rival. "Mas a chave de fenda não entrava”, ela contou. Por isso, voltou para o carro e retomou armada com uma tesoura.
Durante a luta, Daniela desmaiou. Guilherme perguntou à mulher se a tinha fendo com a tesoura. Ela não sabia. “Tudo escureceu”, afirmou para os policiais. "Só me lembro de Guilherme arrastando o corpo para o mato e dando tesouradas na Daniela." Mais tarde, Paula desmentiu, enfaticamente, que tivesse feito a confissão. Numa entrevista ao repórter Nelio Bilate, da Rádio Tupi, disse que não sabia de nada. Quanto à culpa de seu marido, ela lavou as mãos. “Se ele fez, não sei. Eu não estava com ele." Existem fatos e testemunhas para atestar que Paula falou a verdade no depoimento aos policiais. Pode ter se arrependido mais tarde, optando pela mentira.
O primeiro fato é que Guilherme e Paula saíram juntos de casa na tarde do crime, com um lençol e um travesseiro, e retomaram às 2 horas da madrugada seguinte, com o carro ainda molhado, segundo o depoimento do garagista Cesarmo Manoel do Nascimento. Isso pode indicar que o tenham lavado para apagar vestígios pudessem comprometê-los. Quando deixou o estúdio da Tycoon, naquela noite, o auxiliar de câmara Gilmar Lima Marinho viu um volume grande no banco traseiro do Santana, coberto por um lençol de cor clara. Paula também foi reconhecida pelo advogado do Hugo da Silveira, que lembra ter visto um homem e uma mulher de rosto redondo dentro do Santana, ao passar pela terceira vez ao lado dos carros de Guilherme e Daniela, desconfiado de que podia estar ocorrendo um assalto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário