domingo, 6 de junho de 2010

Santeria – um aprendizado.

Santeria (Caminhos dos Santos) ou Lukumi ou Regla de Ocha, é um conjunto de sistemas religiosos relacionados. Trata-se de uma fusão de crenças católicas com a religião Yorubá, que como no Brasil, foi praticada por escravos e seus descendentes em Cuba, em Porto Rico, na República Dominicana, no Panamá (região do Caribe e América Central).

Há registros de sua prática, também em centros de população latino-americana como Florida, Nova York, e Califórnia (nos Estados Unidos). A palavra “Santeria” foi originalmente um termo pejorativo aplicado pelos espanhóis para ridicularizar a devoção excessiva dos seguidores aos santos e à negligência de Deus. Os proprietários cristãos dos escravos não permitiram que praticassem suas várias religiões provenientes da África Ocidental. Os escravos encontraram uma maneira de contornar, concluindo que os santos cristãos eram manifestações simplesmente diferentes de seus vários deuses. Os proprietários pensaram que seus escravos tinham se tornado bons cristãos e elogiavam os santos, quando na realidade continuavam suas práticas tradicionais...

Os Santeros (praticantes da Santeria) conhecem Deus como Olorún (Dono dos Céus) ou como Olodumarê. Existe um número indefinido de Orixás, que auxiliam Olorún a distribuir o Axé a toda a criação.

Alguns dos Orixás da Santeria, são:
-Obatalá, o Rei do Tecido Branco, amado Orixá paternal da pureza;
-Eleguá ou Exú, Orixá da comunicação que abre os caminhos e faz travessuras;
-Yemayá, a Mãe dos Peixes, Orixá do mar, dos segredos, da comunidade, e da maternidade.
-Changó, que na vida era o Rei da cidade sagrada de Oyó, Orixá da estratégia e da vitória;
-Ogún, o Orixá dos ferreiros, o ferro, e é o patrono dos inventores;
-Oyá, a guerreira, Orixá dos tornados, a morte, os ventos, e as mudanças.
-Ochún, Orixá do amor, da feminilidade, do sexo, do prazer, do dinheiro, e dos rios;
-Ochosí, o guia, Orixá da caça e da pesca que mora no bosque com Ogún e Osain;
-Osaín, Orixá das ervas e das plantas;
-Orunmila, Orixá da sabedoria e a testemunha do destino;
-Babalú Ayé, Pai do Mundo, Orixá da pestilência, patrono compassivo dos anciões e dos doentes.
Apesar da importância desses e de muitos outros Orixás, a fundação espiritual da Santeria é a reverência pelos antepassados. É só depois que se estabelece uma base sólida com os Egún (ancestrais) que então se pode entrar no mundo espiritual dos Orixás. Isto se faz através de vários rituais e iniciações. Na Santeria cubana tradicional, o primeiro nível de iniciações é a colocação dos elekes, ou colares, onde o iniciado chega a ser membro da linhagem espiritual do seu padrinho ou madrinha, e adquire as bênçãos e as proteções. Na iniciação, o neófito recebe os colares que contêm o Axé de Obatalá, Yemayá, Changó, Ochún, e Eleguá, e estes chegam a ser os seus protetores, ajudando a guiar, dar amor, e a ajuda a quem necessite. A recepção dos elekes é uma cerimônia elaborada e bonita, e de extrema importância. A segunda iniciação consiste em receber os Guerreiros. Estes são Eleguá (mas aqui é recebido geralmente em forma de uma pedra ou fundamento), Ogún (em forma de um caldeirão de ferro com as suas ferramentas), Ochosí, e Osún. Com esses quatro Orixás, se abrem os caminhos, e os Santeros percebem que são mais efetivos quando trabalham juntos, logo após serem dados ao iniciado no mesmo ritual. O momento final é “Fazer o Santo”. O nome próprio desse ritual que leva sete dias é “Kari-Ocha”, ou “Assentar o Orixá” na cabeça do iniciado.
Durante esta iniciação maior, que sucede só uma vez na vida, se faz uma leitura importantíssima com os Búzios, onde os tabus e os detalhes mais importantes do destino do iniciado são marcados pelo Orixá tutelar, e onde vários Orixás falam. Este sistema de adivinhação é conhecido como Diloggún, os Búzios ou Itales, e é algo diferente do sistema de Ifá, que é outro oráculo importante da Santería. A partir de este evento e na sua vida, o iniciado é considerado Iyawó por um ano inteiro, onde deve se vestir de branco e seguir vários rituais para proteger o seu novo estado espiritual e manter-se puro. Nem todos os Orixás podem ser coroados neste ritual. Alguns recebem de outro modo. Os Ibeyi (os Gêmeos), por exemplo, são recebidos como figuras de um menino e uma menina, que são preparados por um Santero e proporcionam prosperidade e alegria. Outros Orixás não se coroam diretamente, senão por meio de um dos Orixás principais. Erinlé ou Inlé, e também Olokún, se coroam só através de Yemayá e não por si mesmos, e muitos os consideram caminhos de Yemayá. Dadá se coroa via Changó e é considerado seu irmão. O ritual de Santeria é altamente secreto e transmitido primeiramente de forma oral. As práticas conhecidas incluem oferendas, danças, e invocações cantadas aos espíritos. A música do tambor, atabaque e dança são usadas para produzir um estado do transe nos participantes, que podem incorporar um Orixá e até mesmo falar com sua voz.

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