segunda-feira, 27 de julho de 2009

Conversa Indireta: Ivete e Rosa

No ano em que se comemorou meio século da Bossa Nova, não seria mais “fácil” gravar um disco só com clássicos do movimento?


Eu ouço Bossa Nova todos os dias, meu preto! Não preciso esperar a Bossa Nova fazer cinqüenta anos para comemorar porque é um movimento que sempre fez parte de minha vida musical. Minha ligação mais forte é com João Gilberto e Tom Jobim. Eu fiz o Amorosa” (2004), do qual gosto muito e, modéstia à parte, acho primoroso, que é um disco de Bossa Nova para qualquer época. É um trabalho audacioso porque foi uma homenagem ao “Amoroso” (1977), de João Gilberto.

Até quando você acha que vai fazer sucesso? E se um dia ele acabar, o que você vai fazer?

Sei, não. Se acabar? Acaba, não! Sou um touro para trabalhar e o meu trabalho é regado a amor e satisfação. E isso eu tenho de sobra!

Você e João Gilberto têm se conversado?

A última vez que conversei com ele foi quando eu estava indo para fazer o Carnegie Hall, em 2006, depois de quase 15 anos sem nos falarmos. Ele me ligou querendo saber o endereço de um maestro com quem gostaria de ter contato e me desejou boa sorte. Sei que ele acompanha meu trabalho porque temos uma amiga em comum. Sempre mando um disco para ele.

Logo que você despontou no mercado fonográfico, houve quem desejasse que você passasse a cantar música popular brasileira. Mas você resistiu e continuou com o axé. Você acha que fez a escolha certa?

Mas eu canto música popular brasileira, e das boas. Sou da Bahia, sou filha do trio elétrico e tenho muito do que me orgulhar. Somos um povo de muita personalidade e força, e eu assino embaixo quando o assunto é música baiana, axé music!

A música lhe deu essa alegria, em algum momento ela a deixou ou você quis deixá-la e fazer outra coisa?

A música nunca me decepcionou! Alguns momentos a carreira foram muito difíceis, muitas lágrimas e lutas... Hoje eu tenho a certeza de que escolhi o caminho mais difícil e ao mesmo tempo certo que é fazer música de qualidade.

Você sente que tem liberdade para fazer tudo o que você quiser sem ser perturbada?

Depende do que você diz com “ser perturbada”. O assédio não me incomoda e acho que as pessoas entendem… É o seguinte: quando você vai para a rua querendo ser notado e ovacionado, você vai e tem que se preparar para isso. As pessoas me conhecem e não é nenhum incômodo o assédio pra cima de mim. Eu tenho noção dos limites do meu ir e vir em determinadas circunstâncias. E existem várias maneiras de chegar a esses lugares e ter privacidade, mesmo [que seja] uma privacidade vigiada. Não pode ter tudo também. Toda essa coisa é uma renúncia. Eu e umas amigas minhas estávamos conversando e elas disseram: “Coitada de Ivete, não pode nem ir ao supermercado”. Eu disse: “É, coitada de mim, não posso nem ir ao supermercado, não posso ir à feira, só posso ir ao supermercado em Nova York…” Ah, coitada de mim? Coitada de quem tem que ir ao supermercado todo dia…


Qual seu tamanho, Rosinha?


(risos) Tenho 1,53 metros de altura... Não sei, não saberia responder a essa pergunta sua... Sei apenas que sou uma missionária da música. Meu tamanho exato quem sabe é Deus!

O que você faz quando não é a Ivete superstar?

Mas eu não sou duas coisas. Eu sou uma só. Sou a "Ivete Superstar" que acorda, escova os dentes, toca violão, vai ao cinema, faz show, dá risada. Tudo junto. Se separar, a gente pira.

Você é imensa!

Ô, meu preto... Tudo isso é um presente que ganhei nessa encarnação. Pedi para vir cantando e estou tentando cumprir minha missão da melhor maneira possível. Estou num momento muito feliz da minha carreira, não tenho mais necessidade de provar mais nada a ninguém, nem a mim mesma. Sou perfeccionista, chego a ser “cricri”. Penso sempre em fazer o melhor. E o melhor ainda é fazer a música com o coração.

Você atualmente é tão famosa que sofre assédio não apenas da mídia e de fãs, mas também dos próprios artistas. Tem hora que isso cansa? Você tem alguma vontade de ser anônima em alguns momentos?

Canso, não. Adoro ser famosa e me sinto "a tal", quando alguém chega e diz que gosta de mim e da música que faço. Adoro de verdade. É massa demais ser famoso!

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