Quando vocês assumiram o relacionamento publicamente, a imprensa chegou a especular muita coisa, até sobre a continuidade da sua carreira. Já deu para superar aquele momento?
Hermeto: Ficamos chateados sim naquela época. Você não deve nem se lembrar porque é muito jovem, mas chegaram a me apelidar de Chacrinha há muito tempo. Mas nunca tive medo de criar no palco, que é o mais forte dessa música universal. As pessoas que vão aos nossos shows são os maiores músicos e estamos evoluindo muito. Mas você sabe que em todas as áreas tem pessoas que gostam de aparecer. Se você pegar esses críticos de televisão, de dez tem dois que fazem teatro. E tem jornalista que pega um cara que está revolucionando e acha que pode aparecer. Além da Aline ser uma moça nova, a coisa da percepção musical que ela tem assusta muita gente. A gente se preparou muito e está feliz com o trabalho. Estou fazendo coisas hoje que não fazia nos outros shows. Aposto que você nunca me viu tocando cavaquinho, viola, trompete. Para as pessoas a gente fala que tem que aproveitar. É bom ter uma polêmica, mas para nós o maior acontecimento é no palco. A nossa resposta está no palco. E acho que se machucaram com isso.
Aline Morena pede a vez...
Aline: Com certeza absoluta! Jamais vou querer me comparar com a experiência ou o resultado da carreira do Hermeto ou da banda. Eu inclusive já questionei o Hermeto sobre isso, essa versatilidade. Cada um tem um jeito, uma forma, cada músico pode oferecer uma coisa. Modéstia à parte, tenho uma voz privilegiada e esse jeito para dançar como percussionista é inerente a mim.
Você falou o que tem aprendido com o Hermeto. Mas o que você acha que tem conseguido passar para ele?
Aline: Olha que eu não sou muito modesta! (risos). Mas em primeiro lugar é que o Hermeto está dez anos mais novo do que quando o conheci.
Hermeto intervém: “Estou mais barrigudo! (risos)”
Aline Morena continua:
(risos) Ele está cheio de idéias, compondo como nunca, me ajudando na parte de produção... estamos fazendo um site cheio de informações. O google hoje traz 330 mil resultados sobre o Hermeto, mas a maioria vem com informações incompletas ou erradas. E estamos preocupados com isso.
...Hermeto pede a palavra mais uma vez:
Ela não pára! Mas tudo isso que está acontecendo com a gente é por causa da música. Se ela não tivesse essa musicalidade, não é que eu não iria querer nada com a Aline, mas não teria paciência. Esse trabalho de cantar e tocar os instrumentos é incrível porque tenho uma banda com oito músicos e a gente consegue parecer uma banda com o duo. Escrevo para ela dançar uma divisão com voz, mão e pé. E olha que a gente não é de ensaiar. O processo de criação da gente é intenso, andamos para frente. Somos o oposto das pessoas de mente preguiçosa, que ficam naquele mesmo negócio de sempre, sacudindo a cabeça lendo o jornal.
Aline falou do uso da internet como ferramenta de informação para o público e você já deu declarações defendendo a pirataria. No fundo, é tudo democratização da informação?
Hermeto: Isso causou um agito muito grande uma vez. Eu estava em casa quando uma colega sua da rádio CBN me colocou vivo para todo o Brasil totalmente danada de assustada porque não acreditava que eu fosse a favor da pirataria. Ela dizia `Hermeto é perigoso você fazer uma declaração dessa´. Mas expliquei que estava falando dos meus discos que o público não tem acesso. Às vezes tenho que esperar três anos para gravar um novo trabalho e com 70 anos não dá mais para aguardar tanto tempo. Aí essa coisa começou a me incomodar porque eu chegava nos shows, o pessoal vinha falar comigo e quando eu via estava dando autógrafo em discos de 1945! Foi quando falei que a pirataria para os meus discos estava liberada. E se não conseguir, me ligue que dou um jeito (risos). Mas só para os meus! O problema é que tem gente que desvirtua o que eu falo. Teve uma vez que mudaram a intenção do que eu tinha falado sobre o Caetano Veloso e foram dizer que chamei ele de algum nome...
Nunca houve pressão de gravadora?
Hermeto: Pergunta para as gravadoras quanto me pagam de direito autoral para ver se vale a pena eu ficar me preocupando com isso! Por ano, me chega um recibo de 100 reais. Quero que todo mundo compre meu disco. E isso vai se espalhando, quem tiver meus discos ai em Natal, tira uma copiazinha e dá para o cara. As gravadoras, principalmente as grandes, continuam roubando a gente.
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