segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Destemido Hélio Santos!

Por que o senhor acredita que discutir a família negra é o ponto central para o desenvolvimento do Brasil?

Tenho dito que o negro, longe de ser um problema, é parte importante da solução. O que consolida a democracia brasileira e dá sustentabilidade ao desenvolvimento aqui é a inclusão qualificada do povo negro. O Brasil do futuro depende do destino da família negra.


Geralmente quando se fala em políticas públicas na área de educação para a comunidade negra se pensa somente no jovem da universidade pública. Como pode ser avaliado os talentos negros nas universidades privadas?

Todos sabem dessa sina: como o negro frequenta a escola pública, sucateada e sem qualidade, apresenta dificuldades para ir para a universidade pública, mais competitiva e reservada às elites. Sendo assim, acaba indo para a universidade privada, nem sempre dotada de qualidade. Como a maioria negra universitária está nessa escola, tenho proposto que o estado brasileiro desenvolva um efetivo e eficaz sistema de financiamento aos nossos estudantes. Ou seja, a adoção de uma política de ação afirmativa nessa direção. Diante do racismo presente no Brasil e das dificuldades para um negro ascender no poder, na política ou em qualquer outra esfera de comando.


Qual o maior obstáculo de uma liderança negra para chegar e permanecer nos espaços em que ele não é maioria?

Por incrível que possa parecer à primeira vista, o maior problema é essa liderança continuar a ser efetivamente voltada para os interesses da população negra, o que muitas vezes não acontece. Muitas são as armadilhas e muitos, gostosamente, se comprazem na posição do “já cheguei”; na verdade uma rendição. Na academia, por exemplo, há intelectuais negros. Todavia, nem todos são negros intelectuais. Isto é, nem todos têm como foco pensar e deslindar a centopeia de duas cabeças que vem a ser a questão negra no Brasil: complexa, dissimulada e inercial.




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