As primeiras experiências de Paul com a guitarra elétrica datam da metade dos anos 30. Naquela época, ele era imitador assumido de Django Reinhardt - e não muito mais do que isso. Não havia tido lá muito sucesso com o piano, tocava banjo, mas não era isso tudo, dedilhava o violão, mas não lia partitura. A reviravolta veio em 1941, quando ele levou a um clube noturno o que chamou de "the log (o tronco)". Fazia jus ao nome: era um toco de madeira com cordas de violão de aço pregadas. Ele deu suas dedilhadas por lá, mas não suscitou aplauso ou vaia. Posteriormente, ele lembraria, divertido, que ninguém entendeu nada.
Ele adaptou o tronco com asas de madeira, que o aproximaram do visual de um violão normal e o resto é história. A Gibson começou a produzir as guitarras Les Paul, que deram voz às mãos de gente tão diversa quanto Bob Marley, Pete Townsend (The Who), Al DiMeola, Steve Howe (Yes) e Jimmy Page (Led Zeppelin). Como se isso não fosse suficiente, sem Les Paul, nenhuma das experimentações progressistas de Page teria acontecido; George Martin não teria produzido Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band; Lee "Scratch" Perry não teria inventado o dub; Michael Jackson não teria gravado Thriller e, em última instância, não existiria música eletrônica.Todas essas viagens que moldaram a cultura do século XX só foram possíveis graças à gravação multicanais inventada por Les Paul. Antes dela, os músicos se reuniam no estúdio, gravavam ao vivo todos os instrumentos e o disco estava pronto. Depois dela, os artistas ganharam recursos até então inimagináveis: gravar a própria voz várias vezes e harmonizar consigo mesmo; sobrepor instrumentos diversos; duplicar riffs e construir harmonias a partir deles. Enfim, Paul acabou com os limites técnicos da criatividade.
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