Com esta nova forma de comunicação, tabus como contatos de fundo sexual vão se dissolvendo. Invisíveis, as pessoas se permitem conversar, seduzir, trocar experiências em áreas antes proibidas. É a descoberta de uma nova forma de sexo seguro, em que adolescentes ensaiam os primeiros contatos com o sexo oposto e adultos realizam fantasias sem culpa.
Morais da Rosa (2001), em uma pesquisa acerca de relacionamentos virtuais, pôde constatar que na sala #sexo do programa IRC, dentre os 25 entrevistados, 21 eram do sexo masculino (84%) e 4 do sexo feminino (16%), 100% eram solteiros, 92% afirmaram obter prazer através do sexo virtual, 88% dos entrevistados já tiveram ou gostariam de ter contato real com alguma pessoa com quem já praticaram sexo virtual, 44% praticantes de sexo virtual entrevistados já assumiram ou assumem o papel de sexo oposto nas relações sexuais virtuais, 52% dos entrevistados tinham entre 19 e 26 anos, 56% declararam que mudaram a opção sexual (heterossexual para homossexual, ou vice-versa) a partir do momento em que passaram a acessar as salas de sexo virtual, apesar de declararem não ter esta opção sexual na vida real.
A ilusão de proximidade, de conhecimento e intimidade a despeito das - às vezes, enormes - distâncias geográficas é um dos aspectos negativos da virtualidade.
Outro contraponto, e um dos mais sérios, é a fuga da “realidade real”, quando essa não é, ou não está das melhores, o que, muito provavelmente, é parte do que está por trás da tão alardeada adicção na Rede, principalmente nos “chats”. O uso da Internet já foi comparado ao uso da cocaína por Griffiths (citado por Nicolaci-da-Costa, 1998), sendo esta comparação feita em virtude da semelhança dos sintomas apresentados pelos viciados em ambas, como palpitações, tremores, sombras diante dos olhos, confusão mental, como também sintomas fracamente psicóticos com delírios de ciúmes, alucinações e idéias de perseguição.
Já para Castro (1999), os relacionamentos através da Internet produzem uma inversão das relações sociais vistas pela sociologia clássica. Enquanto esta última afirmava que a relação social necessitava da materialidade, o ciberespaço, ao contrário, não condiciona a relação social ao contato face a face, mas a um sentimento coletivo, à lógica do estar-junto, mesmo num espaço desterritorializado. Há um redimensionamento do processo da relação interpessoal e social.
Num primeiro momento, os contatos sociais e interpessoais dão-se em nível virtual, cabendo a cada um dos envolvidos determinar sua continuidade. Num segundo momento, o relacionamento virtual pode, ou não, materializar-se na realidade, concretizando as relações iniciadas no ciberespaço. Os conflitos, as mentiras, os problemas e as decepções quando da relação materializada são de caráter subjetivo, dependendo do usuário e da maneira como ele lida e convive no ciberespaço. O usuário é responsável por suas ações e atitudes na esfera do virtual e posteriormente na realidade.
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