terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Neste soneto, Paulo Mendes Campos.


Neste soneto, meu amor, eu digo,
Um pouco à moda de Tomás Gonzaga,
Que muita coisa bela o verso indaga
Mas poucos belos versos eu consigo.
Igual à fonte escassa no deserto,
Minha emoção é muita, a forma é pouca.
Se o verso errado sempre vem-me à boca,
Só no meu peito vive o verso certo.
Ouço uma voz soprar à frase dura
Umas palavras brandas, entretanto,
Não sei caber as falas de meu canto
Dentro de forma fácil e segura.
E louvo aqui aqueles grandes mestres
Das emoções do céu e das terrestres.

Ouça Quincy Jones!

Em entrevista à revista americana US Magazine, o lendário produtor musical Quincy Jones, 77 anos, falou sobre sua visão da música atual, com os desafios trazidos pela pirataria e pelo download ilegal de músicas em MP3. Jones, que está lançando um disco com versões de suas músicas feitas por astros da atualidade como Amy Winehouse, Ludacris, Akon e Mary J. Blidge, criticou o disco de músicas inéditas de Michael Jackson e o megalomaníaco rapper Kanye West, mas elogiou Lady Gaga.

O entrevistador disse que nesta década Kanye West é o produtor com que todos querem trabalhar, como Jones era no passado. "Como, cara? Nem pensar. Ele compôs para orquestra sinfônica? Ele compõe para uma orquestra de jazz? Dá um tempo, cara. Ele é apenas um rapper. Não há comparação. Eu não estou diminuindo ele ou fazendo um julgamento, mas nós viemos de dois lados diferentes do planeta. Eu demorei 28 anos para aprender minha técnica. Eu não faço rap. Não é a mesma coisa", respondeu o produtor. Ele disse ainda que não pensa muito sobre West. "Ele é um bom rapper, mas há muitos bons. O Ludacris é um dos meus favoritos".

Sobre Lady Gaga, Jones disse: "ela é ótima. Me interpretaram mal em outra entrevista e disseram que eu não escuto tudo, se referindo a ela. Claro que eu não escuto tudo, cara. Cada um tem seu estilo, mas isso é o show business. Gaga é como Madonna Jr. Muitas pessoas seguem a Madonna. Eu não, mas não critico aqueles que seguem. Não há certo ou errado. É o que você gosta ou não. Sou contra categorias."

O produtor disse que ainda não teve chance de ouvir com atenção as faixas do disco póstumo de Michael Jackson. "Alguém me ligou e me perguntou se era o Michael cantando, e eu disse que parece o Michael. Mas tem tantos outros vocais que eu ainda não consegui mergulhar fundo para poder identificar. Mas eu acho que de modo algum isso deveria ser lançado. Tudo devia ter ficado no cofre. Parece que todo mundo está tentando lançar qualquer coisa que tenha ele. É só para ganhar dinheiro. Ele não ia querer que isso saísse desta forma. Ele não ia querer nada que ele não tenha dado o toque final. Mas esta é uma época louca. Estamos vendo a decadência da indústria musical. Eu estou nesse ramo há 60 anos, e nunca vi nada assim."



Clarice Lispector encontra Tom Jobim.

Tom Jobim foi o meu padrinho no I Festival de Escritores, não lembro em que ano, no lançamento de meu romance "A maçã no escuro". E na nossa barraca ele fazia brincadeiras: segurava o livro na mão e perguntava:

- Quem compra? Quem quer comprar?

Não sei, mas o fato é que vendi todos os exemplares.

Um dia, faz algum tempo, Tom veio me visitar: há anos que não nos víamos. Era o mesmo Tom: bonito, simpático, com o ar de pureza que ele tem, com os cabelos meio caídos na testa. Um uísque e conversa que foi ficando mais séria. Reproduzirei literalmente nossos diálogos (tomei notas, ele não se incomodou).

- Tom, como é que você encara o problema da maturidade?

- Tem um verso do Drummond que diz: "A madureza, esta horrível prenda..." Não sei Clarice, a gente fica mais capaz, mas também mais exigente.

- Não faz mal, a gente exige bem.

- Com a maturidade, a gente passa a ter consciência de uma série de coisas que antes não tinha, mesmo os instintos, os mais espontâneos passam pelo filtro. A polícia do espaço está presente, essa polícia que é a verdadeira polícia da gente. Tenho notado que a música vem mudando com os meios de divulgação, com a preguiça de se ir ao Teatro Municipal. Quero te fazer esta pergunta a respeito da leitura de livros, pois hoje em dia estão ouvindo televisão e rádio de pilha, meios inadequados. Tudo o que escrevi de erudito e mais sério fica na gaveta. Que não haja mal-entendido: a música popular, considero-a seríssima. Será que hoje em dia as pessoas estão lendo como eu lia quando garoto, tendo o hábito de ir para a cama com um livro antes de dormir? Porque sinto uma espécie de falta de tempo da humanidade - o que vai entrar mesmo é a leitura dinâmica. Que é que você acha?

- Sofro se isso acontecer, que alguém leia meus livros apenas no método do vira-depressa-a-página dinâmico. Escrevi-os com amor, atenção, dor e pesquisa e queria de volta como mínimo uma atenção completa. Uma atenção e um interesse como o seu, Tom. E no entanto o cômico é que eu não tenho mais paciência de ler ficção.

- Mas aí você está se negando, Clarice!

- Não, meus livros, felizmente para mim, não são superlotados de fatos, e sim da repercussão dos fatos no indivíduo. Há quem diga que a música e a literatura vão acabar. Sabe quem disse isso? Henry Miller. Não sei se ele queria dizer para já ou para daqui a 300 ou 500 anos. Mas eu acho que nunca acabarão.

Riso feliz de Tom:

- Pois eu, sabe, também acho!
- Acho que o som da música é imprescindível para o ser humano e que o uso da palavra falada e escrita é como a música, duas coisas das mais altas que nos elevam do reino dos macacos, do reino animal.

- E mineral também, e vegetal também! (Ele ri.) Acho que sou um músico que acredita em palavras. Li ontem o teu O búfalo e A imitação da rosa.

- Sim, mas é a morte às vezes.

- A morte não existe, Clarice. Tive uma experiência que me revelou isso. Assim como também não existe o eu nem o euzinho nem o euzão. Fora essa experiência que não vou contar, temo a morte 24 horas por dia. A morte do eu, eu te juro, Clarice, porque eu vi.

- Você acredita na reencarnação?

- Não sei. Dizem os hindus que só entende de reencarnação quem tem consciência das várias vidas que viveu. Evidentemente, não é o meu ponto de vista: se existe reencarnação, só pode ser por um despojamento.

Dei-lhe então a epígrafe de um de meus livros: é uma frase de Bernard Berenson, crítico de arte: "Uma vida completa talvez seja aquela que termina em tal identificação com o não-eu que não resta um eu para morrer."

- Isto é muito bonito - disse Tom - é o despojamento; Caí numa armadilha porque sem o eu, eu me neguei. Se nos negamos qualquer passagem de um eu para outro, o que significa reencarnação, então a estamos negando.

- Não estou entendendo nada do que estamos falando mas faz sentido. Como podemos falar do que não entendemos! Vamos ver se na próxima reencarnação nós dois nos encontraremos.

3 de julho de 1971

Uma história de Lindomar Castilho


Em 1981, a vida do cantor Lindomar Castilho deu uma virada brusca. Lindomar era "o rei do bolero" até 30 de março daquele ano, dia em que assassinou a tiros a ex-mulher Eliane de Grammont numa boate em São Paulo. Preso em flagrante, esperou na cadeia o julgamento. Em 23 de agosto de 1984, foi condenado a doze anos de reclusão, por homicídio doloso e tentativa de homicídio. O artista também havia tentado matar seu primo, o músico Carlos Randal, namorado de Eliane, que estava com ela na ocasião. Tudo premeditado: antes de encontrar o casal, Lindomar comprou um revólver calibre 38 e o recheou com balas "dundum", daquelas que explodem dentro do corpo provocando ferimentos ainda mais graves nas vítimas. O crime do cantor foi um divisor de águas na história jurídica brasileira. Até então, a figura da "legítima defesa da honra" costumava ser utilizada, cinicamente, como atenuante para atos covardes como o que ele praticou. A desculpa não serviu para Lindomar.

Seu julgamento foi acompanhado de perto por organizações feministas, que pressionaram para que se fizesse justiça. Sentença proferida, ele permaneceu preso até 1988, quando ganhou liberdade condicional por bom comportamento. Antes disso, já gozava de algumas regalias. Transferido para Goiânia, onde tem parentes importantes, ele ficava por longos períodos fora da prisão, sob pretexto de estar realizando serviços comunitários.

Ao sair da cadeia, Lindomar tentou retomar a carreira. No começo dos anos 90, fez alguns shows. Em todos eles, enfrentou vaias sonoríssimas de mulheres na platéia. "Em uma das vezes, durante um espetáculo beneficente, os assobios eram tantos que ele desistiu de cantar", lembra Sérgio Reis, um dos poucos amigos que não se afastaram de Lindomar. Enxotado dos palcos, o artista foi cuidar das três fazendas que possui em sua cidade natal, Santa Helena de Goiás. Agora, aos 61 anos, ele tem uma grande oportunidade. Vai lançar um CD ao vivo em abril pela multinacional Sony. A gravadora, que já ressuscitou Reginaldo Rossi, aposta no apelo de clássicos castilhianos, como Você É Doida Demais e Eu Vou Rifar Meu Coração. Em seu auge, nos anos 70, Lindomar chegou a vender 500.000 cópias de um único LP, um número assombroso para o mercado da época. "Já paguei minha dívida com a sociedade", diz o cantor. "Quero começar uma outra vida."

Lindomar se diz um novo homem. Trocou o cavanhaque por um rabo-de-cavalo. Parou de beber e de fumar. Não fala sobre o crime que o marcou indelevelmente – prefere chamá-lo de "o acidente" ou "a burrada". Tem até namorada, a funcionária pública Vera Cruz de Castro Lobo, de 49 anos. Não moram juntos. Lindomar vive com um irmão mais velho num confortável apartamento em Goiânia. "Não pretendo mais me casar. Prefiro cada um no seu canto, está bom assim." Ele afirma que está menos machista e cita um episódio para ilustrar o fato. "Uma vez, num dos raros shows que dei, um casal de gays pediu para que eu cantasse Nós Somos Dois Sem-Vergonhas em homenagem a eles. Achei estranho esse público apreciar minha música, mas no fim considerei tudo muito engraçado."

Curso de dança – O ponto mais delicado da reconstrução da vida do cantor é o relacionamento com a filha. Liliane de Grammont Cabral, de 20 anos, tinha 1 ano e 8 meses quando a tragédia aconteceu. Com a mãe morta e o pai na cadeia, foi criada pelos tios Carmen, irmã de Eliane, e Haroldo. Teve assistência psicológica, mas ninguém lhe contava sobre o que realmente tinha acontecido. Soube do assassinato na época do julgamento, por uma prima, aos 5 anos. Na família Grammont, o nome de Lindomar é tabu. "Meus tios evitam falar dele, mas também nunca julgaram em casa a moral de meu pai", diz Liliane, que é bailarina e estuda psicologia. Na adolescência, resolveu, enfim, conhecer Lindomar. Telefonou para ele. O cantor chora quando se lembra desse momento. "Eu esperei dezessete anos para ouvir minha filha me chamar de pai", emociona-se. Estabelecido o contato, o artista patrocinou um curso de dança de seis meses para a moça na prestigiada Juilliard School de Nova York. Só vieram a se encontrar pessoalmente em 1998, quando Liliane apareceu de surpresa na festa de aniversário do pai. Hoje Lindomar paga o seu curso de psicologia numa faculdade paulista. Mesmo assim, os dois não são próximos. Eles raramente se vêem. Liliane atualmente mora com outra tia, a jornalista Helena de Grammont, casada com o comentarista esportivo Juarez Soares. Lindomar não se sente à vontade em telefonar para lá. Quando a saudade aperta, pede para a sua namorada ligar e chamar Liliane. Em seu apartamento, coleciona as lembranças dos melhores momentos de sua vida – discos de ouro, pôsteres, troféus. Num lugar de destaque está a foto da filha.

Para relançar-se, o cantor arrendou as fazendas e abriu um escritório em Goiânia. Não tem secretária nem empresário. Ele próprio atende aos telefonemas e tenta vender os seus shows, a um cachê de 3.000 reais. Está de passagem marcada para Boston e Toronto, onde cantará para os brasileiros e portugueses que emigraram para essas cidades. O CD que sai em abril terá os maiores sucessos de sua época áurea e incluirá uma música composta na cadeia, Muralhas da Solidão. A letra tem versos como Essa dor eu transformo em sorriso/ E meu inferno em paraíso/ Ao plantar na lama e colher uma flor. "Tudo o que posso dizer é que lamento, de verdade, o que aconteceu", diz o artista. Há quase dezesseis anos, Lindomar submeteu-se a júri popular e foi condenado. Agora, espera com ansiedade o veredicto do público – que dirá se ele merece ou não ter sua carreira de volta.



Wikipédia explica Ibiassucê-Ba ou Paula Fernandes na Festa da Padroeira da Cidade.

Os primitivos habitantes da região eram índios Caetés. No século XIX, o território integrava o município de Caculé. Nessas terras desenvolveu-se a fazenda Lagoa do Cisco, propriedade de Anselmo Cruz Prates, Sebastião Figueiredo Cardo e das famílias Lima, proprietária da Casa Grande - primeira edificação do sito e onde celebrava-se as missas inicialmente-, e Gonçalves de Aguiar. Logo surgiram as primeiras casas e edificou-se a capela de São Sebastião. Formou-se o povoado São Sebastião do Cisco, situada à margem do Rio das Antas ou Jacaré e da Lagoa do Tamboril em fins do século XIX.

A sociedade local baseava-se em economia escravagista, utilizando-se de mão-de-obra forçada para a construção das primeiras edificações, para a produção agrícola e para as tarefas caseiras. Dada a fertilidade de suas terras, foram chegando famílias e o lugarejo transformou-se em povoado. Inicialmente, pertenceu ao município de Caetité a depois, com a emancipação política de Caculé, passou a se integrar àquele município, adquirindo a condição de distrito.

A denominação do vilarejo foi alterada para São Sebastião em 1920, para São Sebastião do Caetité em 1933 e voltando a São Sebastião em 1938, para finalmente ser nomeado Ibiassucê, topônimo definido pelo Decreto Estadual nº 141, de 1943. Contudo, era ainda distrito de Caculé. O povoado evoluia lentamente e a sua população ansiava pela sua emancipação política, que só veio a ocorrer em 18 de julho de 1962, pelo Decreto nº 1.724, do então governador da Bahia coronel Juracy Magalhães, desmembrando a vila do município de Caculé e conseguindo a sua municipalização.

O município teve como primeiro chefe executivo o professor Benedito dos Santos Nascimento que foi inicialmente o responsável pela partida desenvolvimentista da sede, em seus aspectos físicos sócio-culturais.


Obs.: É nessa quarta-feira, dia 19 de Janeiro, o super show com Paula Fernandes na cidade de Ibiassucê, em comemoração à padroeira da cidade.

Energia Solar: Sustentável e Econômica.

A energia solar não beneficia apenas residências. As adaptações para adoção do sistema podem ser feitas também em empresas, conforme explica Marcelo Mesquita, Gestor do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol). “Quando o sistema é contemplado ainda durante o projeto do empreendimento, a aplicação se torna mais barata e fácil. Mas já existem soluções simples e com preço acessível, que não exigem muitas reformas”, diz o especialista.

No caso de aquecimento solar de água, os benefícios para as empresas são a redução do IPI e a isenção de ICMS. Alguns municípios possuem leis que incentivam o uso do aquecimento solar, oferecendo redução também do IPTU. Como o Brasil é privilegiado pela grande insolação na maior parte do ano, o Governo Federal tem incentivado este sistema, adotando-o, inclusive, em habitações populares do programa Minha Casa, Minha Vida.

Neste programa, um sistema com coletor solar de 2m2 e reservatório térmico de 200 litros custa, aproximadamente, R$ 1.700. Segundo Mesquita, o Brasil possui atualmente cerca de 6 milhões de metros quadrados de coletores solares instalados. “A expectativa é de que o setor tenha crescido 15% em 2010 e que este valor continue crescendo com a criação de novas leis de incentivo”, finaliza Mesquita.

O Sistema de Aquecimento Solar (SAS) é formado por um coletor, responsável por absorver a radiação solar e aquecer a água, e por um reservatório, que armazena a água aquecida.

Existem três tipos de coletores: tubo de vácuo, aberto plano e fechado plano, que é o mais utilizado em todo o mundo, segundo Marcelo Mesquita, Gestor do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol).

Os raios solares – especialmente os infravermelhos – atravessam a tampa de vidro liso do painel e aquecem os tubos de cobre ou alumínio, que são pintados com uma tinta especial que absorve mais a radiação e transfere melhor o calor. Por ser um coletor vedado, a temperatura do interior aumenta à medida que recebe mais incidência da luz solar. A água dentro dos tubos esquenta e vai diretamente para o reservatório, localizado na parte superior do sistema.

Este ciclo cria o fenômeno conhecido como termossifão, como explica Mesquita. “A água aquecida perde densidade e peso. A água fria empurra a quente, menos pesada, fazendo com que ela se desloque para a parte interior do sistema, onde está o coletor.”

Para ter total segurança, é indicado que as pessoas procurem revendas que apresentem o selo Qualisol, que atesta a qualidade da comercialização destes produtos. A relação de empresas específicas se encontra no site do próprio Inmetro.

A energia gerada pelo Sol é inesgotável, renovável e não polui o meio ambiente. Os painéis solares estão cada vez mais baratos e potentes. Por isso, esta energia é vista como uma das alternativas mais promissoras atualmente.

Para falar sobre a instalação dos painéis, o blog Energia Sustentável conversou com Marcelo Mesquita, Gestor do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol), da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava). Ele explica que o princípio do Sistema de Aquecimento Solar (SAS) é bastante simples e traz benefícios para o consumidor e para o meio ambiente. “A grande vantagem para o consumidor é a economia na conta de luz, que pode ser de até 30%, no caso de uma família de classe média, e de até 50% para uma de baixa renda”, comenta. Segundo ele, o coletor solar pode aquecer a água em até 80oC, valor superior ao de um chuveiro elétrico.

Quem decide investir em painéis solares têm ainda outras vantagens. Os equipamentos são duráveis e exigem pouca manutenção. “A vida útil do sistema é de aproximadamente 20 anos. A manutenção é, basicamente, a lavagem da cobertura do coletor e a verificação de vazamentos. Além disso, os materiais são 100% recicláveis”, explica Mesquita. O investimento em equipamentos para obtenção de energia solar para uma casa com quatro pessoas fica em torno de R$ 1.200. Este custo inicial é compensado com a economia gerada pelo sistema e o retorno vem em, aproximadamente, dois anos e meio.

Entrevista com Marku Ribas.

Para começar, fale um pouco sobre o DVD Toca Brasil, como esse trabalho foi concebido, e a importância dele em sua trajetória artística. O mesmo está saindo pela via independente, não é isso? O que te fez buscar esse caminho?

MARKU RIBAS- Quando percebi no tempo em que gravei na Phillips (hoje, Universal Music) que de 100% gerado pelo disco ficavam apenas 14% no país para gerenciar tudo que eles queriam fazer aqui, ganhavam um dinheirão, desperdiçavam até um certo ponto e o resto ia para as matrizes, vi que não poderia continuar nessa. O que ocorre? É preciso equacionar bem, como se faz na música, na arte, onde você escolhe acordes, divide os tempos, tira verso, põe verso. Teu companheiro dá palpites, troca um acorde e outro, até gravar. É uma elaboração, como se faz uma correção de texto. E na parte financeira para uma produção de disco, cinema ou teatro, é a mesma coisa que se tem de levar em conta, para se fazer isso de forma mais justa. Com esse evento do Itaú, que tem na sua iniciativa social e artística fenomenalmente uma posição de cidadã, porque usa recursos do sistema financeiro que não são poucos, objetivando a evolução da arte, eles propiciam realizar um evento que vale dinheiro, porque quando você coloca cinco câmeras, uma grua com câmera elevada que capta imagens especiais, cenografia, pessoal do som muito competente, isso tudo engrandece o espetáculo. E num ambiente calmo, gentil, tranqüilo. Tinham até um adesivo fluorescente verde colocado no chão do palco para me guiar quando eu precisava entrar em cena no escuro para colocar um instrumento. O som saiu muito bom, dividimos muito as opiniões de timbre e volumes.

E como ocorreu a parte comercial do produto DVD, como ele está sendo comercializado, e como funcionam as porcentagens para cada um dos envolvidos?

MARKU RIBAS- Proporcionando toda essa infraestrutura, o banco quase te obriga a encontrar um selo para sair com o DVD, pois é a grande oportunidade de lançar músicas, no meu caso quase todas inéditas. Aí, me associei à Mais Brasil, de Belo Horizonte, são os companheiros da Cria Cultura, que tem uma estrutura muito boa e criaram a editora para edições musicais e o selo Mais Brasil para o lançamento de DVDs e CDs. E temos a distribuição feita pela Tratore. Estamos atualmente no Top 20 de vendagens de DVDs, na internet. Agora estamos entrando na fase de divulgar o produto nos programas de tevê, na mídia em geral. Tocam nele o maestro Tiquinho, no trombone, o Bruninho Buarque (que toca com a Céu e o grupo Barbatuques) na percussão e o gaúcho Xandelle na guitarra. O DVD é muito autêntico, cara-a-cara, assino tudo embaixo. As músicas traduzem tudo. Eu tive de assumir 50% para mim como autor, músico, minha personalidade, meu nome, sou autor das músicas, arranjador etc. Dei 20% para o Eduardo Bid, que é o produtor, e 30% para a Cria, para conseguir viabilizar o projeto.

Recentemente saiu uma coletânea intitulada Zamba Ben, com uma seleção de suas músicas. Como você a avalia? Encara como uma boa iniciação para quem não conhece a sua obra?

MARKU RIBAS- Essa compilação foi lançada pelo selo Dubas Música, que é do Ronaldo Bastos, um grande letrista que fez coisas com o Milton Nascimento, Beto Guedes. O Ed Motta, admirável músico e meu amigo, bolou essa coletânea, escolheu as músicas, fizeram a remasterização, pagaram os direitos às editoras direitinho, valorizaram na nossa negociação. Ed é humilde, diz que se surpreendeu comigo ao me ver tocar ao vivo em Londres e Nova York. Aí, foi atrás do meu trabalho. Eles pegaram músicas boas que soam atuais. Escrevi para o encarte do CD informações sobre cada faixa, e também sobre a minha vida e carreira. Se eu fosse você, iria procurar essa coletânea, mesmo, pois é muito boa!

Você teve algumas experiências ao lado do Mick Jagger, dos Rolling Stones, inclusive gravando com essa banda. Como rolou essa história toda? É verdade que você não recebeu um tostão por ter gravado com eles?

MARKU RIBAS- Conheci o Mick Jagger em 1968, quando ele foi jantar em um restaurante no Rio de Janeiro onde eu estava, e conversamos. Anos depois, em 1984, eu trabalhava em um musical do Oscar Castro Neves, e me avisaram que estavam fazendo no hotel Copacabana Palace a seleção para participar de um videoclipe do Mick Jagger para a música Just Another Night, do disco solo dele She’s The Boss. Acabei sendo escolhido para viver o baterista no clipe, dirigido pelo Julien Temple. O percussionista Café, que tocou com o Djavan, também participa. Aí, o Mick perguntou se eu estaria na Europa no ano seguinte, e por coincidência, eu iria para Paris naquele período. Ele me convidou para gravar com os Rolling Stones. Fui para Paris com a peça do Oscar, com 62 integrantes. Aí, ele mandou um carro de luxo me buscar, e fui com o Mário, um amigo meu que tocou comigo no grupo Batuki, gravar. Participei da faixa Back To Zero, do CD Dirty Work (1986), toquei tambor marroquino de pele de peixe e cerâmica e uma cuíca de boca, a gravação ocorreu no estúdio da EMI em Paris. Não cobrei dinheiro, não, pois tinha um monte de burocracia para poder receber. Foi uma cortesia que fiz para eles. Hoje, teria cobrado, e até mais caro. (risos) Não tem o crédito no disco, o que me deixou magoado, acho que isso é pior do que não ter recebido.

Seus shows são sempre muito elogiados, e não se restringem a um único formato. Como você os planeja?

MARKU RIBAS- Procuro adequar o meu show aos espaços onde toco, e é a partir daí que escolho como será a formação. O violão você precisa tocar sentado, já a guitarra é em pé. Quando toco de pé, posso me dedicar mais à parte de coreografia, de dança. Tenho o show que você pode pagar, desde um trio, quarteto, eu sozinho, tenho versatilidade para me adaptar aos mais diversos tipos de situação.

Você tem um projeto musical envolvendo músicos muito conhecidos e em vias de ser concretizado. Fale um pouco sobre ele, e quando o mesmo será viabilizado.

MARKU RIBAS- Esse projeto é gravar um CD com João Donato no piano, Maurício Einhorn na gaita e o Raul de Souza no trombone. O projeto chama-se Croas e Loas e em função dele visitaremos oito cidades. A utilização de lei de incentivo já está aprovada, e o patrocinador para viabilizar tudo também está a caminho, acho que isso será concretizado em breve.
Sua participação no filme Chega de Saudade, da Lais Bodanski, foi muito elogiada. Qual a importância do mesmo em sua trajetória como músico e ator, e como foi trabalhar ao lado de Elza Soares, que já gravou músicas suas?

MARKU RIBAS- A Elza é uma entidade, uma mulher brasileira que deve ser muito respeitada por toda a sua história, o seu favelismo. Uma mãe solteira na favela, negra, com um marido bêbado que lhe batia todos os dias, e aí ela se rebela contra tudo isso, até conhecer Garrincha, a quem ela ajudou muito financeiramente e como mulher, ao contrário das críticas injustas que recebeu na época. E uma cantora de personalidade forte, como o foram Monsueto, Noite Ilustrada, aqueles negões que cantam de um jeito diferente, que não dá para ser igual, cantam de forma rascante e que trazia toda aquela revolta natural do sofrimento que vivenciaram. Quando o Ary Barrozo perguntou em um programa de rádio de que planeta a Elza vinha, ela respondeu que era do planeta fome! (risos). Respeito muito ela, admiro-a como artista, suas posições e atitudes. Esse filme nos aproximou mais ainda. A Laís sempre foi muito gentil conosco, nos dirigiu muito bem. Gostei de fazer o filme, cuja trilha sonora ganhou como a melhor do cinema brasileiro em 2008.

Sua primeira experiência em cinema foi em Paris, e logo com um diretor famoso, o Robert Bresson. Como isso ocorreu?

MARKU RIBAS- Morei em Paris entre 1970 e 1971. O Bresson tem uma importância fundamental, inovou para que uma indústria de cinema, sendo mais autêntica, pudesse ser mais barata, mais objetivamente construída, tirou aquelas câmeras pesadíssimas de Hollywood, aquela estrutura enorme, e fez a câmera na mão, o cinema mais objetivo, caminhando com o ator pelas ruas, sentindo a sensibilidade cara-a-cara, entrando nos becos. Esse filme analisa quatro noites de sofrimento sobre o amor, uma senhorita linda que se apaixona por alguém que irá voltar dali a um ano no mesmo lugar, na mesma praça e no mesmo horário. Durante quatro noites, ela está lá, mas ele não vem. Ocorre algo surpreendente na quarta noite, e ela, sozinha, é percebida por um pintor sensível, francês, estudante de pintura, que vê nela uma musa, se aproxima, a vê melancólica e conversa com ela. Aí, entra a cena de eu e o meu grupo na época, o Batuki, do qual fazia parte o Mário (o mesmo que foi comigo na gravação com os Rolling Stones em 1985), tocando dentro de um barco que descia o rio Sena. O casal fica absorvido pela música, vem em direção ao cais, e a música virou uma protagonista no roteiro. No mesmo ano, fiz outro filme por lá com o cineasta Jean-Mark Tibaut, Revolucion, no qual representei o Luis Carlos Prestes.

Aliás, é verdade que a trilha sonora desse filme nunca foi lançada, e que você tem as fitas masters da mesma?

MARKU RIBAS- É verdade. As músicas foram gravadas em 1970 no estúdio do Michel Magne, que ficava a 19 quilômetros de Paris, na estrada de Lyon, chamava Chateau de Rouville. Está na minha mão, estou esperando negociações para poder lançá-lo com prensagem, remasterização, capa nova, divulgação, isso tudo.

Você teve outras experiências interessantes em termos de cinema. Fale sobre elas, e também qual é a importância para você de atuar como ator.

MARKU RIBAS- Vivi o papel do Carlos Marighela no filme Batismo de Sangue, do Helvécio Ratton, ao lado de Caio Blatt, Ângelo Antonio, Cássio Gabus Mendes, Daniel de Oliveira, uma turma boa. Gosto muito de cinema. No momento, gravo participação no filme do Fábio Barreto, Lula O Filho do Brasil, vivendo um sindicalista aposentado que era uma espécie de consciência do movimento. Será uma participação curta, mas contextualizada, ele vigiava e pegava no pé dos caras, para manter a coisa longe do peleguismo. A cena é gravada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Acho fundamental a documentação da história do Brasil, dessa coisa da Ditadura, da “Redentora”, para que nunca mais ocorra algo assim neste País, e esses filmes sobre nossa história tem esse papel.

Por sinal, uma das razões pelas quais você saiu do país no final dos anos 60 foi a Ditadura Militar, não é isso?

MARKU RIBAS- É verdade. Fui preso no dia 27 de outubro de 1968 no Leblon, no Rio de Janeiro, pelo Exército Brasileiro. Uma experiência injusta. Eu fazia críticas em músicas como Alerta Geral, que na época chamava-se Canto Certo e que foi gravada pela Alcione em 1978, no seu LP Alerta Geral, que depois virou também nome do programa de televisão que ela apresentou na Rede Globo. Eles proibiram de forma absurda porque não havia conteúdo para ser proibido, era apenas uma sátira musical, uma crítica inteligente e bem-humorada. Outra música que me causou problemas foi a Nunca Vi, com os versos “nunca vi país democrata ter tanto rei, tanto rei, tanto rei, rei do rock, do samba, da bola, enquanto isso, outra criança chora, e o palácio anuncia outro rei”. Vivi na França e também quatro anos no Caribe.

Fale um pouco sobre a sua forma de atuar, como ator.

MARKU RIBAS- Procuro incorporar o personagem que faço, sair da pessoa que você conhece, e aí, você não me vê mais, você vê o personagem lá. Tenho feito vários projetos, como um ditador de república das bananas em Uma Nova Bandeira Para a Nação, do jovem cineasta Paulo Marcelo Tavares do Valle, da Faap. A escola do cinema no Brasil é muito boa, temos um cabedal desde Humberto Mauro, aproveitamos bem as lições dos irmãos Lumiére e desenvolveu-se o Brasil do cinema competente, porque em outras áreas não somos, mesmo.

A sua formação como músico é riquíssima em termos culturais e de intercâmbios. Dá para fazer um pequeno resumo de tudo isso?

MARKU RIBAS- A surpresa do chamado original, atávico, autóctone, que são sinônimos do mesmo sentimento, as pessoas que tem cultura própria onde nasceram, já ali. As manifestações folclóricas, a música erudita, eu tive a sorte de presenciar tudo isso com o meu pai, meu avô, meu bisavô, que era mouro. Meu pai, como médico, tinha muito interesse pela vida. Ele gostava de cantar coisas de Caruso, Carlos Gardel, Vicente Celestino, Orlando Silva, fazia serenatas nas horas vagas. Captei a diversidade das coisas, até do cantochão, da música nas igrejas, a confluência indígena, com influência negras e com o meu avô materno português. Sou barranqueiro da gota, como existem os cariocas da gema, os paulistanos etc. Represento uma cultura do rio São Francisco que tem semelhanças de espectro com o Rio Vermelho da China, o Rio Nilo da África, o Mississipi americano, são sentimentos iguais em lugares díspares, mas com uma vivência muito igual de depender da pescaria, da chuva, do sol, da enchente.

E como isso tudo foi se desenvolvendo? Você sente influências de outros artistas no seu trabalho e do seu trabalho no dos outros?

MARKU RIBAS- Faço sons com as mãos, no rosto, na testa, na bochecha, desde que era criança, alguma coisa eu aprendi com a minha mãe. Uma verdadeira sinfonia corporal. Aí, descobri o gutural, os sons onomatopaicos que traduzem não palavras ou línguas, mas sentimentos. Fui incorporando isso tudo enquanto ouvia grandes violonistas como Dilermando Reis, Manoel da Conceição, Baden Powell, Manoel da Conceição Mão de Vaca, Rosinha de Valença, Paulinho Nogueira, e um gênio da minha região, o Deoclécio, que morreu cedo tragicamente e que fazia cada “aranha” nos acordes que a gente não tinha a menor noção do que era, grande guitarrista e violonista. Sou parceiro de Erasmo Carlos, Walter Queiróz, João Donato, Djalma Correa. Tenho essa noção do violão cheio, violão magnífico, que se toca em todas as regiões do instrumento. Sou ainda um aprendiz de tudo, sim, mas tenho o bom senso e a sensibilidade de ter colocado alguns craques no jogo, como o baixista Artur Maia, o violonista Romero Lubambo, o tecladista Jotinha Moraes, que começaram tocando e gravando comigo. Vejo influências minhas em Eduardo Dussek, João Bosco, Tunai, Ed Motta e João Donato, entre outros.

Marku, sua história de vida é riquíssima. Já pensou em escrever uma biografia contando tudo isso?

MARKU RIBAS- Boa pergunta. Já estou fazendo isso, uma autobiografia que intitulei Marku Por Marco Antonio, e para a qual vou procurar patrocínio, editora etc. Para quem não sabe, meu nome de batismo é Marco Antonio Ribas. Criei o personagem Marku para homenagear a tribo Cariri Macu, da minha região, onde tem um sítio arqueológico de 2.500 anos com resquícios históricos da vivência dessa tribo indígena na barranca do Rio São Francisco, no Norte de Minas Gerais, entre Pirapora e Buritizeiros. Já escrevi contando coisas que ocorreram comigo entre o meu nascimento em 1947 até 1977. Acho que depois farei um segundo volume, contando todo o resto. Nasci em um 19 de maio com eclipse total do sol, que tem toda uma influência cósmica, elétrica, na espiritualidade, também. Vou contar histórias nesse livro que farão muita gente cair de costas (risos). Por exemplo, como era quando eu cheguei em São Paulo em 1967 e gravei logo de cara um LP pela Continental. Eu namorava a passadeira e lavadeira para livrar a passagem e a lavagem de roupa. (risos) Ia às cinco da manhã às rádios para fazer a divulgação do disco, que na época era chamada de “caitituagem”. Também estou escrevendo outro livro, Moemas e Moemas, que será de poemas sobre amor, a vida etc.

Você tem um problema com o Marcelo D2 em relação a direitos autorais e conexos. A quantas vai essa história?

MARKU RIBAS- O Marcelo D2 está usando a minha gravação de Zamba Ben não como um sampler, simplesmente, como ele declara no disco A Procura da Batida Perfeita, mas como um plágio. Ele usa a minha música o tempo todo na dele. A Maldição do Samba é o Zamba Ben lá dentro, o meu violão, o baixo do Cláudio Bertrami, o som dos músicos que participaram dessa minha gravação. Todo mundo está lá, e não recebem direitos conexos, e nem eu, como autor. Ele não me pediu autorização, a editora Arlequim comeu mosca, também. Está em litígio na justiça, mas está demorando, três anos já se passaram. Ele gostou tanto que já colocou essa música em três discos dele, virou o carro-chefe dele. Zamba Ben é um avanço, uma porrada, música criativamente brasileira para dançar, com contexto internacional que não fosse batuque ou samba, somente.

Ponto de Encontro: Carlos Santana e Wayne Shorter.

O pai de Carlos Santana era um violinista de mariachi, e o jovem Carlos inicialmente aprendeu o violino, porém mudou para a guitarra quando tinha 8 anos de idade. Depois que a família mudou-se para Tijuana, Santana começou a tocar em casas noturnas e bares. Ficou em Tijuana quando sua família decidiu mudar para São Francisco, nos Estados Unidos, porém logo se juntou a eles. Em 1966, ajudou a formar a Santana Blues Band, nome posteriormente encurtado para Santana. A banda começou a tocar no Fillmore West Auditorium, onde muitas das grandes bandas de São Francisco começaram. A primeira gravação de Santana foi The Live Adventures of Mike Bloomfield and Al Kooper, com Al Kooper e Mike Bloomfield.

Depois de assinar com a Columbia Records, Santana lançou um álbum auto-intitulado Santana. O grupo consistia, na época em: Carlos Santana (guitarra), Gregg Rolie (teclado e vocais), David Brown (baixo), Michael Shrieve (bateria), Jose Areas e Michael Carabello (percussão). Na turnê que fizeram para divulgar o álbum (que incluía os sucessos "Jingo" e "Evil Ways"), a banda tocou no Festival de Woodstock. A apresentação aumentou enormemente a popularidade do Santana. Santana se tornou um grande sucesso, tal como o álbum Abraxas, de 1970 (destacando a música "Oye Como Va") e Santana III, de 1971. Em seguida, a formação original do Santana se desfez. Gregg Rolie se tornou um dos fundadores da banda Journey.


Carlos Santana manteve o nome e utilizou diversos músicos diferentes para continuar a turnê pelo país, lançando vários álbuns. Durante este período, Carlos adotou o nome "Devadip", dado a ele pelo líder espiritual Sri Chinmoy. Vários álbuns foram lançados nas décadas de 1970 e 1980, incluindo colaborações com Willie Nelson, Herbie Hancock, Jones, Wayne Shorter, Ron Carter e The Fabulous Thunderbirds. Em 1991, Santana apareceu como convidado no álbum "Solo Para Ti", de Ottmar Liebert, nas músicas Reaching Out 2 U e numa versão de sua música Samba Pa Ti. Carlos Santana foi incluído no Hall da Fama do Rock em 1998.

Carlos Santana lançou em 1999 o álbum Supernatural, que teve as participações de Rob Thomas, Eric Clapton e Lauryn Hill, ganhando prêmios Grammy em nove categorias, no ano seguinte, igualando um record histórico que somente Michael Jackson detinha.

Santana costuma usar guitarras PRS de modelo próprio (Signature). Foi aclamado pela revista Rolling Stone como o 15º melhor guitarrista de todos os tempos.


Wayne Shorter (25 de Agosto de 1933) é um saxofonista e compositor estadunidense. É conhecido em todo o mundo desde a década de 1960 como um dos importantes nomes do jazz.

Shorter já gravou dezenas de discos como leader, além de ter aparecido em diversas gravações de artistas como no Art Blakey's Jazz Messengers, com quem tocou no fim dos anos 1950, no segundo quinteto de Miles Davis nos anos 1960 e no grupo Weather Report nos anos 1970. Várias de suas composições hoje são consideradas standards do jazz.

Shorter nasceu na cidade de Newark, no estado de New Jersey, onde frequentou a Newark Arts High School. Desde o início amava a música, tendo , ainda adolescente, sido encorajado por seu pai a tocar saxofone (seu irmão Alan Shorter veio a ser um trompetista). Depois de graduar-se na New York University em 1956 Shorter passou dois anos no exército. Nesse tempo chegou a tocar com Horace Silver. Depois de sua dispensa das forças armadas, tocou com Maynard Ferguson. Em sua juventude, Wayne Shorter foi apelidado de "Mr. Gone", que posteriormente viria a ser o título de um álbum do seu grupo Weather Report.

Em 1959 Shorter juntou-se ao grupo Art Blakey and the Jazz Messengers. Tocou com Blakey por cinco anos e eventualmente trabalhou como diretor musical para o grupo.

Após o lançamento do seu disco Odyssey of Iska, em 1970, Shorter juntou-se ao tecladista Joe Zawinul (também veterano do grupo de Miles Davis) com quem formou o grupo Weather Report. Os outros membros originais eram o baixista Miroslav Vitous, o percussionista Airto Moreira e o baterista Alphonse Mouzon. Depois da partida de Vitous em 1973, Shorter e Zawinul co-lideraram o grupo até o fim da banda em 1985. Vários grandes músicos passaram pelo Weather Report ao longo dos anos (mais notavelmente o revolucionário baixista most Jaco Pastorius), ajudando a banda a produzir música de alta qualidade em diversos estilos — tendo bebop, latin jazz, música étnica e "futurismo" como classificações predominantes.


Perfil do Orkut: João Pedro.


aniversário: 15 maio

idade: 6

idiomas que falo: Português (Brasil)

interesses no orkut: amigos, companheiros para atividades

quem sou eu:

- Sou Bahia, não sou Vitória. Sou Brasil!
- Minha mãe é enfermeira, meu pai é maluco e minha vó Eva bebe cachaça.
- Gosto de ler. Não gosto de matemática.
- Fui no museu e tinha um cara lá, sentado, assim, com a mão no queixo, pensando na vida e na morte.
- Teve um dia que eu bati na porta da casa de Deus mas ele não atendeu.

religião: Cristão/católico

visão política: libertário

estilo: casual, contemporâneo

fumo: não

bebo: não

animais de estimação: gosto de animais de estimação

moro: com meus pais, amigos visitam com freqüência

cidade natal: Salvador

paixões: Minha mãe, meu pai, meus livros, meus dvds, música e ficar na praça.

esportes: Andar de bicicleta.

livros: Um bocado.

música: Waka Waka (Shakira)

programas de tv: Zorra Total

filmes: Branca de Neve e os 7 anões

cozinhas: Pão com manteiga e suco.

cidade: Tancredo Neves

estado: BA

país: Brasil

Cenas dos próximos capítulos: Insensato Coração.


Terça-feira, 18 de janeiro – Luciana avisa à mãe que vai ao aeroporto buscar seu noivo. Pedro fica atordoado com o assédio da impressa ao sair da aeronave. Vitória e Oscar ficam tensos ao saber da morte de Jonas. Léo afirma a Afrânio que conseguirá o dinheiro para fechar o negócio. Raul ouve tia Neném dizer que Léo convidou Umberto para a festa. Léo começa a exibição do seu vídeo, mas Raul interrompe irritado. Júlio avisa que Pedro está sendo entrevistado por ter evitado um acidente aéreo e Léo fica irritado. Luciana assiste com orgulho à entrevista do noivo. Marina pensa em Pedro e afirma a Bibi que vai encontrá-lo. Sueli fica chocada ao descobrir que Jonas foi morto depois de sequestrar um avião. Luciana marca um encontro com Marina, sua amiga de infância, para apresentá-la a Pedro. Léo diz para Wanda que Raul foi injusto com ele. Instalado na casa de tia Neném, Umberto consegue o número do celular de Wanda. André marca um jantar com Carol. Natalie pede para Roni promover um encontro dela com André. Umberto telefona para Wanda. Pedro conta para Léo sobre seu beijo com Marina no avião e o vilão aconselha o irmão a desistir do casamento com Luciana. Wanda discute com Raul e ele desiste de dormir no quarto com ela. Marina conta para Vitória sobre o encontro com Pedro no avião. Luciana apresenta Marina a Pedro.

Quarta-feira, 19 de janeiro – Pedro e Marina tentam disfarçar a tensão do reencontro. Zuleica pretende se desculpar com Wanda pelas ofensas que fez a ela durante a festa. Eunice, que deseja morar no Rio de Janeiro, pensa em pedir a Marina um emprego para Júlio na empresa de Vitória. Pedro se surpreende ao chegar em casa e encontrar Marina a sua espera. Vitória pergunta a Bibi sobre como Marina e Luciana se conheceram. Pedro e Marina falam sobre o que estão sentindo um pelo outro. Umberto deixa tia Neném curiosa ao fazer mistério sobre a sua verdadeira relação com Wanda. Raul conta a Pedro o que aconteceu na festa de seu aniversário de casamento e reclama de Léo. Raul tenta se reconciliar com Wanda. Carol conta para Alice como foi sua noite com André e fica na expectativa de um segundo encontro. Natalie pede para Roni conseguir todos os contatos de André. Olga e Floriano vão à casa de Wanda para conversar sobre a confusão que aconteceu durante a festa. Irene invade o quarto do primo Pedro, mas é repreendida por Nando. Léo vai à casa de Tia Neném a procura de Umberto.

Quinta-feira, 20 de janeiro – Léo fica decepcionado com a recusa de Umberto em lhe emprestar dinheiro. Irene reage contrariada quando ouve Pedro dizer que chamará Luciana para ir à praia com eles. Repórteres assediam Sueli após o enterro de Jonas para tentar descobrir por que ele sequestrou o avião. Carol avisa a Vitória que ela precisa fazer uma reunião de negócios com Raul. Marina confessa para Bibi que está apaixonada por Pedro. Pedro pensa em Marina. Léo propõe a Afrânio uma outra alternativa para começar o negócio, pois ele ainda não conseguiu o dinheiro que havia prometido. Sueli afirma que Jonas foi preso injustamente e deixa Ismael aflito. Luciana e Eunice almoçam com Marina e Bibi. Irene tenta ficar sozinha com Pedro. Carol decide telefonar para André, mas eles não se entendem. Roni entrega para Natalie um convite para um almoço onde André estará. Aquiles fica furioso com André ao saber que ele está desenvolvendo um projeto sem a sua autorização. Pedro é contratado para trabalhar como piloto da CTA. Pedro descobre que Vitória é avó de Marina. Marina pensa em contratar Léo para administrar seu escritório. Léo convence Wanda a vender seu carro. Vitória se surpreende ao saber que Pedro vai se casar com Luciana e que Marina será a madrinha. Umberto vai atrás de Wanda em um shopping. Carol encontra André no almoço de negócios e fica com ciúmes de Natalie.
Sexta-feira, 21 de janeiro – Marina afirma a Pedro que não pode ficar perto dele. Durante o evento, Natalie decide conquistar André e não dá atenção para um empresário americano que conversa com ela. Vitória tenta esconder o constrangimento quando Raul a convida para ir ao casamento do filho. Werner pede para Pedro fazer um último trabalho antes de deixar a empresa. Wanda fica nervosa ao encontrar Umberto no shopping e implora que ele vá embora antes de Olga chegar. Olga e Zuleica aconselham Wanda a perdoar Raul. Vitória conversa com Marina sobre Pedro e pede à neta para se afastar do piloto. Pedro conta para Léo que vai viajar com Luciana. Marina inventa uma desculpa para Luciana e desiste de ser sua madrinha de casamento. Wanda e Raul se reconciliam. Haidê tenta convencer Natalie a esquecer André. Carol recebe uma mensagem de André pedindo para encontrá-lo no píer. Marina conta para Bibi que voltará para o Rio de Janeiro com Vitória. Léo acerta com Zeca os detalhes sobre a venda do carro de sua mãe. Pedro sonha com Marina. Zeca encontra um comprador para o carro de Wanda e Léo fica preocupado ao descobrir que os documentos estão em nome de Raul. lamenta Luciana não querer viajar com ele. André aluga uma lancha para passear com Carol. Pedro termina o noivado com Luciana e vai ao encontro de Marina.

Sábado, 22 de janeiro – Pedro conta para Marina que terminou com Luciana e os dois se beijam. Pedro e Marina combinam se encontrar longe do hotel e ela conta tudo a Bibi. Leila e Cecília não aprovam a ideia de Eunice de ir para o Rio de Janeiro. Wanda afirma a Léo que vai conseguir a assinatura de Raul para vender o carro. Umberto deixa um recado no celular da cunhada e tia Neném ouve. Zuleica e Eunice convencem Luciana a aceitar viajar com Pedro para tentar se reconciliar com ele. Pedro e Marina namoram em uma praia deserta. André e Carol passeiam com a lancha e decidem parar para mergulhar. Natalie é convidada para ir a uma feijoada em uma fazenda. Pedro e Marina decidem não contar a ninguém que estão juntos. Irene inventa para Luciana que Pedro terminou com ela por sua causa. Raul não gosta de saber que Umberto ainda está na cidade. Raul e Wanda discutem por causa de Umberto e o empresário decide não deixá-la vender o carro para dar o dinheiro a Léo. Tia Neném conta para Umberto sobre a discussão que ouviu na casa de Raul. Umberto marca um encontro com o irmão e a cunhada. Luciana pede para Marina descobrir por que Pedro terminou o noivado com ela.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Direto da Reader’s Digest: Chamado selvagem.



Por Kim Willsher

Ela cresceu livre na África. Será que conseguirá se adaptar à vida na cidade?

Na última cena do filme Mogli, o menino lobo, o personagem principal deixa para trás a floresta onde cresceu e entra na “aldeia dos homens”. Os amigos Balu, o urso, e Baguera, a pantera, observam. “Iria acontecer mais cedo ou mais tarde”, diz Baguera. “Agora Mogli está no lugar dele.” Para Tippi Degré, apelidada menina-mogli, não é fácil descobrir qual é o seu lugar. Faz dez anos que ela trocou a selva africana onde cresceu pela “aldeia dos homens” em Paris, mas a adolescente ainda não resolveu bem essa questão.

Hoje, aos 18 anos, ela estuda cinema na renomada Universidade Sorbonne, na capital francesa, e luta para conciliar os dois mundos tão diversos onde viveu.

“Ela teve uma infância extraordinária na África”, explica sua mãe, Sylvie Robert. “Era um mundo mágico que, para ela, representava a felicidade perfeita. Depois, teve de vir para Paris estudar, onde encontrou uma realidade bem diferente. Acho que Tippi sente que a África foi arrancada dela, e isso lhe causou dor e uma tristeza profunda. Ela nunca se queixou, nunca conversou sobre esse assunto. Foi simplesmente como se uma parede desmoronasse.”

A mãe continua o relato:

“A primeira reação de Tippi foi se sentir encurralada com a falta de espaço na cidade. Ela dizia: ‘Maman, é estreito demais entre os prédios. Não consigo ver o céu.’ Nunca tive medo de deixá-la solta na floresta, porque ela estava acostumada àquela vida e às regras do mundo selvagem, mas a vida urbana é cheia de perigos.”

Tippi Benjamine Okanti Degré nasceu em 1990, em Windhoek, capital da Namíbia, e recebeu o nome da atriz americana Tippi Hedren, estrela do filme Os pássaros, de Alfred Hitchcock. No dialeto namibiano, okanti é o nome do suricato, pequeno mangusto que levou os pais, Sylvie Robert e Alain Degré, fotógrafos autônomos da vida selvagem, ao deserto do Kalahari.

As fotografias que tiraram da filha pequena e descabelada interagindo com os bosquímanos, brincando com animais selvagens, andando nua pelas dunas do deserto e perambulando na mata vestindo apenas uma tanga durante as viagens pelo sul da África encantaram o mundo.

Tippi era uma filha da natureza. Seu parque de diversões eram a floresta e o deserto, seus amigos, os grandes felinos, elefantes, cobras, avestruzes e as outras criaturas que lá viviam.

As fotografias se transformaram em Tippi: Mon livre d’Afrique (Tippi: meu livro da África), publicado em 14 países.

Duas fotos na mesa de centro do apartamento da mãe, no Marais, em Paris, resumem a esquizofrenia geográfica da vida de Tippi. Numa delas, a da capa do livro, a menina acaricia um filhote de leão. Na outra, está em pé numa rua de Paris, à frente de uma parede coberta de pichações.

Sylvie, de 52 anos, diz que, em 2000, quando se instalaram em Paris, a adaptação à vida urbana foi difícil para Tippi. Num golpe duplo para a menina, a volta à França coincidiu com a decisão dos pais de encerrar o casamento de 25 anos. “Tippi tinha 10 anos, e o sentimento de ruptura foi total. Ela teve de lidar com a separação da vida que levava na África e com a separação do pai”, conta Sylvie. “Morávamos em Madagascar e voltamos à Europa para o Natal de 1999 porque Tippi, que já era famosa na época, fora convidada para participar de um programa da TV francesa. Em Paris, o pai de Tippi e eu terminamos nosso relacionamento.”

Sylvie explica que, como muitas crianças de pais separados, Tippi achou difícil entender por que o seu amado “Dadou” virou um pai ausente. “Até então, vivíamos sempre juntos, dia e noite. Primeiro, Alain e eu, e depois, quando Tippi nasceu, nós três. A vida dela sempre foi assim: nós três juntos.”

Sobre esse período, Sylvie conta apenas que foi muito conturbado e que a relação de Tippi com o pai a partir de então foi, e ainda é, complicada.

“Não nos sentamos para discutir esse assunto como fariam as famílias normais porque não éramos uma família normal. Nunca expliquei nada e ela nunca perguntou”, confessa Sylvie. “A maior preocupação de Tippi era continuar colada a mim, como fora durante a infância. Eu era o centro do mundo dela, e desde que eu estivesse a seu lado, ela se sentiria bem. Tippi via felicidade em tudo: em sua vida na África, nos animais, fossem quais fossem. Ela era tão feliz com as galinhas quanto com os guepardos. Nunca imaginou que a vida na África acabaria um dia. Quando percebeu que isso tinha acontecido, não disse nada. Tentou esquecer, pois as lembranças eram dolorosas.
Tippi costumava frequentar escolas francesas nas férias e tivera um tutor em Madagascar, mas nunca cursara um ano letivo completo. “Veja o que ela achou disso”, ri Sylvie, mostrando uma fotografia de Tippi sentada na sala de aula, atrás de uma carteira onde o estojo e os livros estão arrumados com precisão matemática. A menina não sorri. Seu rosto está quase carrancudo.

A mãe explica como foi aquela experiência:

“Ficar o dia todo na escola foi duro.” Embora nunca tenha sido arrogante, ela era a “Tippi da África”. Paris não era o seu mundo, e ela tentou fugir. De acordo com os relatórios da escola, ela não se integrava, não falava. Sentava-se longe das outras crianças.

A menina se sentia uma estranha e teve dificuldade de fazer amigos. Em Tippi: Mon livre d’Afrique, publicado depois que voltou à França, ela escreveu: “Todo mundo tem problemas. Não tive nenhum na época em que morei na selva africana.”

Em outro trecho, ela conta: “Quando voltei à França, tentei conversar com pardais, cães, pombos, gatos, vacas e cavalos. Não deu certo. Não sei por quê. Acho que é porque o meu verdadeiro país é a África, não a França.”

“Tippi sentiu muita falta dos animais”, conta Sylvie. “Costumava correr atrás dos bichos que encontrava na cidade. Chegava até a pegar e acariciar pombos sujos.” Ela aponta o canto da sala. “Um dia Tippi encontrou um camundongo envenenado bem ali e me implorou para que eu a deixasse segurá-lo. Ficou sentada enquanto ele morria em suas mãos. Foi horrível. A separação da vida anterior foi total, mas eu não tive opção. Ela precisava estudar. Só queria o melhor para minha filha.”

Com a chegada da adolescência, esse relacionamento incomum entre mãe e filha enfrentou novas pressões. Houve as discussões típicas sobre estudos, namoro e liberdade.

“É estranho, mas Tippi achava que eu não era rígida o bastante. Eu queria lhe dar espaço para que tomasse suas próprias decisões, para mostrar amor, confiança e respeito por ela como indivíduo, e Tippi encarou isso como uma traição, como se eu a largasse enquanto ela ainda precisava de mim.”

Como a leoa e seu filhote, Sylvie é ferozmente protetora e rápida ao pular em defesa da filha única. Diz não se importar com as críticas, mas a maneira como volta ao assunto revela que talvez se incomode mais do que admita.

“Muitas pessoas, até da família, não entenderam as escolhas que fiz por Tippi, mas segui o meu coração.”

Hoje, depois de passar dois anos dedicando-se aos estudos para terminar o ensino médio e passar no vestibular, Tippi mora num conjugado unido ao apartamento da mãe por um corredor que Sylvie chama de “cordão umbilical”. Ela diz que Tippi fica insegura não só em relação ao lugar a que pertence mas também a respeito de quem é.

Sylvie escolhe as palavras com cuidado. “Tippi ainda não sabe como expressar o que viveu. Ela recorre a mim em busca de respostas. Decidi que já é hora de ela se libertar e viver a própria vida. Tenho de ajudá-la, empurrá-la com jeitinho para que tome as rédeas da própria vida.

Sylvie se cala e, como se tivesse sido combinado, Tippi entra na sala – uma figura miúda e delicada de jeans branco e camiseta também branca, aparentando menos de 18 anos.

Ela para e ralha com dois periquitos numa gaiola, Bozo e Angie, por piarem alto demais. Depois olha pela janela e se preocupa com a possibilidade de sua motoneta ser multada por estacionar em local proibido. Dois símbolos de mundos diferentes.

Anos atrás, quando chegou a Paris, perguntaram a Tippi qual era a sua nacionalidade e ela respondeu: “Sou africana.” A mãe conclui: “Não sei o que Tippi fará, mas acho impossível que a vida não a leve de volta à África. É inevitável. Lá é o lugar dela.”

Garotas Suecas

Com seis anos de estrada, três EPs, uma estatueta de Aposta MTV e quatro turnês nos Estados Unidos - que renderam elogios nos jornais The New York Times e The Washington Post, o grupo paulistano Garotas Suecas lança seu primeiro álbum, Escaldante Banda, com direito a turnê nacional.

Os meninos Guilherme Saldanha (vocal), Fernando "Perdido" Machado (baixo), Sérgio Sayeg (guitarra), Nico (bateria) e Tomaz Paoliello (guitarra) e a menina Irina Bertolucci (teclados), da Garotas Suecas, começaram tocando no Café Aprendiz, no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. "O nome da banda é uma homenagem a um cantor gringo que conhecemos em Foz do Iguaçu, que compôs uma música para algumas garotas suecas que ele conheceu na cidade", explica Tomaz. E, assim, partiram para estrada.

De volta às origens, BRAVO! conversou com quatro dos seis membros do grupo. Entre piadas, palhinha e água mineral, Guilherme, Fernando, Sérgio e Tomaz falaram sobre o novo CD, o sucesso nos EUA e ainda fizeram um pedido ao Rei Roberto Carlos para participarem de seu especial de fim de ano.

Como é o processo de composição das músicas da banda? Quais são as suas principais influências?

Tomaz Paoliello: É bem variado. A maioria das letras vem de uma conversa com a banda. A partir disso, as músicas se desenvolvem.

Sergio Sayeg: Nossas influências são a música americana dos anos 60 e 70 e o soul. E letras saem das nossas cabeças, não tem muito do que teorizar.

O álbum sai agora, após seis anos de carreira. O que mudou no grupo durante este período?

TP: Eu acho que o Garotas Suecas de hoje é melhor do que quando começou. Nós tocamos melhor, entendemos melhor as ideias uns dos outros e temos mais maturidade para fazer escolhas. O disco saiu mais próximo do que queríamos dos nossos trabalhos anteriores. Hoje temos uma capacidade maior de traduzir nossas ideias.

Guilherme Saldanha: Soubemos incorporar toda a gama de influências que tínhamos no começo da banda, coisas do rock de garagem dos anos 70. Crescemos e aprendemos, adquirimos um bom gosto, aprendendo a comer espinafre. Acho que este álbum reflete um pouco esta nossa trajetória.

Vocês fizeram vários shows em outros países e começarão a se apresentar no Brasil. O que esperam desta turnê nacional?

TP: A grande diferença entre o público daqui e o de lá é que os brasileiros entendem o que nós estamos falando. Nos Estados Unidos, as letras em português nos limitava. Este disco foi feito especialmente para os brasileiros e o que queremos é tocar muito por aqui.

Vocês permitem que os fãs baixem o álbum de vocês no site da banda. Qual a relação de vocês com a internet?

SS: Desde que a banda começou, nós sempre usamos a internet para divulgar o nosso trabalho. Achamos que é muito bom ter este tipo de relação aberta com a música gravada. Assim as pessoas quase não têm desculpa para não ouvir o som.

Qual é o próximo passo da Garotas Suecas depois deste álbum?

GS: O próximo passo é divulgar o disco pelo Brasil. Nós ainda não tocamos fora de São Paulo.

TP: Estamos preparando clipes novos para continuar a divulgação. Queremos viajar tocando este show que está muito bom. É o melhor que conseguimos fazer até agora e espero que ainda melhore.

GS: E o nosso grande projeto que é participar do especial do Roberto Carlos vai ficar para o ano que vem. Já estamos em dezembro e ele já deve ter gravado. Roberto, chame a gente!


Aconteceu em 2010: Lou Reed no Brasil.

Imaginem como seria se hoje, em pleno ano de 2010, Marcel Duchamp enviasse a sua obra Fountain (um urinol, vaso sanitário, assinado com pseudônimo) para a Bienal de São Paulo. Haveria escândalo? O público fugiria? A crítica se enfureceria, como em 1917?

Lou Reed propôs algo parecido na noite de anteontem no Sesc Pinheiros com o seu Metal Machine Trio, com um efeito final curioso. Passou um espanador numa obra de impacto antiestético, o disco Metal Machine Music - An Electronic Instrumental Composition (RCA, 1975). Aquele álbum, hoje com 35 anos, era feito somente de música aleatória, álbum duplo com quatro faixas contínuas sem picos dramáticos, sem manipulação de emoções. Um manifesto de vanguarda ("Isso não tem significado para o mercado", advertia o cantor, nas notas do álbum).

Metal Machine Music, portanto, prestava-se a um questionamento ético - o que significa fazer música para entreter plateias? "Esse disco não é para festas, dança, música de fundo ou romance", escreveu Lou Reed. Quando foi anunciado seu novo projeto com o Metal Machine Trio, ficou no ar a questão: como ele retomaria aquela ideia, sem parecer déjà-vu, extemporâneo e, pior ainda, exibicionista?

A resposta, para os brasileiros, veio no show do Sesc, com todas as implicações de respeito e rejeição que a resolução da charada traria. Lou, tocando na penumbra, cercou-se de dois parceiros aplicados, que davam pinta de ter escapado de alguma banda extinta de metal melódico: o saxofonista Ulrich Krieger e o piloto de botões Sarth Calhoun, que também operava uma percussão eletrônica.

Livre improvisação num território eletrônico, um jazz de serralheria. Feedback, realimentação contínua dos sons, alternância de velocidades da guitarra (Lou Reed, sentado no centro do palco, parecia uma velha costureira do purgatório) e rasantes de saxofone. O efeito, na maioria do tempo, era de que o Metal Machine Trio tinha enfiado 1.000 pessoas (a lotação do teatro) numa espécie de máquina de ressonância magnética coletiva.

Os desavisados saíam às dezenas do teatro do Sesc Pinheiros após uns 20 minutos de show. Surpreendidos por uma música abstrata, cheia de distorções, sem melodias, sem padrões, sem canto, assaltos de urros e restos de sons urbanoides, como sirenes e metrôs, alguns sentiam-se lesados. "Está insuportável", dizia a educadora Ísis de Palma. "É um desconforto que dá, é um incômodo", definia a professora.

Como cães metálicos ganindo, a guitarra de Lou Reed gemia e o saxofone de Ulrich Krieger ignoravam a movimentação apressada no escuro do teatro, em direção à porta de saída. Seus "solos" lembravam serras elétricas desgovernadas na noite de São Paulo, e só de vez em quando se intuía alguma melodia no meio de tudo aquilo. Na frente do saxofonista, haviam falsas partituras - não é o tipo de música que se escreve.

Lou trabalhou a criação eletrônica ao vivo, com instrumentos eletrônicos e eletroacústicos, criando música em progresso. A referência ao álbum clássico só foi dada somente 10 minutos antes do início do show - enquanto a plateia ainda se sentava, o sistema de som tocava faixas do mais odiado disco do rock. De vez em quando, as vozes eram usadas para criar mantras soltos, que eram repetidos pelos laptops e juntavam-se a novos mantras.

Somente na metade do show é que Lou soltou algumas frases soltas ("O que você pensa? O que você vê?"), sob uma base que lembrava uma improvisação jazzística, mas um primo bem remoto desta. Com gestos enérgicos com as mãos, como um maestro da improbabilidade, Lou ordenava ao outro parceiro da noite, Sarth Calhoun, que operava os laptops ao vivo, para que castigasse a percussão eletrônica, ou estendesse efeitos.

Nos anos 1950, a música eletroacústica de Pierre Henry e Pierre Schaeffer utilizava-se de um banco de sons que armazenava desde gritos de animais a barulhos industriais editados. O alemão Stockhausen chegou a fazer um concerto com um quarteto de cordas tocando dentro de um helicóptero. Lou Reed parece concordar com Pierre Henry, que hoje em dia coloca os computadores na "categoria acidente de trabalho", preferindo sempre enfatizar os sistemas analógicos.

É preciso salientar que o show do Metal Machine Trio não seguiu de forma alguma o script daquele disco de 1975. Lou Reed fez música dessa vez, mas igualmente perturbadora quanto os ruídos do álbum. Naquela época, o artista escreveu no álbum que se sentia forçado, devido à capacidade de estimulação sensorial do seu trabalho, a advertir que poderia ter contraindicações - salientava que era delicado para hipertensos, pessoas com possibilidade de ataques epiléticos, disfunções motoras, etc.

No saguão fora do teatro do Sesc Pinheiros, a plateia que fugia gargalhava aliviada. Mas quem ficou tinha motivos fortes. Ao final, a plateia que resistiu pediu e Lou voltou. Ciente de que submetera seu público a uma provação, encerrou com uma do Velvet Underground, I"ll Be Your Mirror (a música é de 1967, do álbum The Velvet Underground & Nico, composta por Lou a partir de uma frase da cantora alemã Nico). "Com o Velvet Underground, a ideia sempre foi assumidamente lírica, verbalmente orientada para a cabeça, rock cabeça, com a exploração de vários temas tabu, como drogas, sexo e violência", disse Reed. Ao retornar a esse mundo das coisas naturais, tocando uma canção convencional no apagar das luzes, Lou Reed acabou cometendo um solitário ato de generosidade de um eterno enfant terrible do rock. Depois, foi comer numa cantina italiana.

Jornal Apocalipse Now: Banheiro para gays na quadra da Unidos da Tijuca.

A Unidos da Tijuca inaugura oficialmente neste sábado a sua nova quadra na Avenida Francisco Bicalho e uma polêmica: a criação de um banheiro destinado ao público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros). Para Cláudio Nascimento, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT do Rio, a proposta é sinal de preconceito. Ele informou que serão encaminhados ofícios a todas as escolas de samba que já tenham adotado o banheiro LGBT. Em 2006, a Unidos do Viradouro, de Niterói, inaugurou o primeiro banheiro gay de locais públicos do estado.

- É um apartheid carnavalesco. Se a intenção era incluir ou proteger os LGBT de preconceitos, tenham certeza de que ela exclui, estigmatiza, extrapola o bom senso e estimula a homofobia - afirma Claudio, que é também coordenador do Programa Rio sem Homofobia e superintendente de Direitos Individuais Coletivos e Difusos da Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.

Coordenador de comunicação social da Unidos da Tijuca, Bruno Tenório diz que a intenção foi apenas atender a uma demanda do público LGBT que frequenta a quadra da escola:

- Os transexuais se sentem discriminados. O uso desse banheiro não é uma obrigação, e sim mais uma opção. O metrô, por exemplo, tem um vagão só para mulheres, mas isso não quer dizer que elas não possam viajar nos outros.

Coreógrafo da primeira ala - a dos Ursos - voltada para gays, há cinco anos, Eduardo Saadi não vê problemas na criação do banheiro LGBT:

- Acho que é um lugar para todos se sentirem mais à vontade, longe de olhares curiosos.


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