Bobinha, de mim já não falo. Me enxugava no banheiro. Puxa, que susto.
- Está nascendo cabelo…
Um por um, tentei arrancar - doía muito. Confessei o medo para minha irmã.
- Lá embaixo.
Ela me acalmou:
- Sua tonta, é assim mesmo. Quando veio a primeira vez, bem me apavorei.
- Estou sangrando. Acho que vou morrer.
Correndo a toda hora ao banheiro.
- Estou me esvaindo… De novo, minha irmã:
- Agora você sabe. O que é moça. Daqui a um mês. Todo mês.
Me ensinou a usar toalhinha, ainda o tempo da toalhinha. Esquecida horas no banheiro, lavando, lavando. Para a mãe não ver.
O seio aflorando, o biquinho doendo - de sete novenas fiz promessa.
- Meu Deus, me acuda. Se aperto o biquinho, sai leite?O primeiro namorado, sabe o quê? Ah, o beijo único na boca. Já era pecado: duas línguas na boca. Me abraçava, eu tremia de gozo. Tanto medo: duro, grande, furando a calça. O tempo das primeiras calças justas. Ele descia reto: o começo ali no umbigo? Como adivinhar que se dobrava para cima?
Os dois de pé, na varanda, naquelas tardes fagueiras. Qual era o versinho antigo? À sombra das bananeiras, agarradinhos, debaixo dos laranjais. Pelos cantos, a sua terceira mão, na escola noturna. Oh, João.
Passamos o domingo na praia. Galinha com farofa, a descoberta do mar, o rosto em fogo do sol. De volta, no ônibus, minha mãe dormia ao lado. Começamos a nos beijar ali no escuro.
- É um jogo - eu disse. - O que faço em você, faz em mim.
Morria de vontade que me pegasse no seio. Qual seria a sensação? Primeiro um beijinho no nariz. Alisei o queixo, a penugem do braço. Abri-lhe a camisa, achei um cabelo crespo no peito. Um olho nele, outro na mãe dormindo. Se ela acorda, já pensou?
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