Como se forma a juventude rebelde? James Dean definitivamente retratava o pensamento, costume e personalidade do jovem revolucionário dos anos 50. É um ícone, incondicionalmente. Juventude Transviada é um foco definitivo sobre fissura cultural entre jovens e velhos: destrói as aparências familiares, determina os comportamentos juvenis delinqüentes, rompe com o conservadorismo familiar. Dirigido por Nicholas Ray, que enfatiza aspectos psicológicos e sociológicos da juventude, é um filme cicatrizante. A contextualização de evidenciar a narrativa do filme em um único dia captura a essência do que é ser jovem: nota-se, evidentemente, no personagem de James Dean - um exímio vivant que não se preocupa com o dia seguinte. A rebeldia é também sinônimo da carência juvenil em três focos: Jim Stark (James Dean) foi detido por embriaguez, Judy (Natalie Wood) por ter brigado com o pai, e Plato (Sal Mineo) por ter atirado em cães. Ambos se amparam, são aliados do destino rumo à dissolução da carência afetiva de uma vida imersa no desastre familiar. Jovens são desajustados? São também ansiosos por amparo, por atenção. E a rebeldia pode ser uma consequência da ausência de atenção familiar. O filme desnuda relações conturbadas de pais com filhos, mas serve também de um alerta: todo ser humano necessita de carinho incondicional. São personificações reais de problemas do desajuste familiar? Pais nulos versus filhos abandonados? A revolta, o desajuste e o delírio transgressor não se justificam - mas pode ser a maneira que o ser justifica a sua própria amargura de não ser compreendido sentimentalmente. O personagem de James Dean desconstrói as falsas aparências com sua vitalidade sexual, seu comportamento questionador e sua virilidade sincera. Mas, há uma fragilidade que embala sua transgressão, e isso fica evidenciado em diversos momentos. E o filme vai mais fundo nas feridas, pois demonstra os maus hábitos da juventude rebelde dos anos 50. O belo trabalho de Nicholas Ray provoca por ser uma ruptura com a formalidade da época, serve como um basta ao puritanismo norte-americano. Sim, é um convite à rebeldia sem causa como forma de verbalizar uma busca pela identidade e pela auto-afirmação. Os personagens jovens do filme subvertem, questionam e são imersos na rebeldia - estes que condicionam a vida na mais pura fidelidade de um para o outro. James Dean representa o jovem carente, marginalizado e inconseqüente. A juventude ali é passional, emocional e imatura. A rebeldia é necessária para evidenciar a insatisfação generalizada, contextualizada. Mais que uma busca existencial: uma maneira de atrair a atenção da sociedade, chamar atenção ao seio familiar. Há uma relação nítida de homossexualidade e carência intensa de Plato ao Jim, sua admiração beira ao misto da devoção e do desejo juvenil. Plato sentia a necessidade de ter Jim como uma figura paterna, eis a contradição. Jim é o centro da atenção: é desejado por Plato e Judy - seu charme, seu comportamento e atos rústicos geram desejo alheio, seu comportamento e personalidade contagia proporcionando o tesão aos dois amigos. Seria Jim um modelo a ser seguido? Havia nele um desejo de consumir os outros e ser consumado de desejo. Jovens no turbilhão de questionamentos, desejos e delícias sexuais da puberdade. O filme é, portanto, um aprofundado estudo da juventude transviada, magistralmente interpretado pelos trio central: James Dean, Natalie Wood e Sal Mineo. E s charmosa trilha sonora de Leonard Rosenman acentua o tom saboroso das cenas. Os personagens masculinos têm um sexy-appeal com o look das jaquetas pretas, camisetas brancas e jeans - além de astutos, altivos e instintivamente rebeldes. Fatalmente os três atores principais vieram a falecer de maneira trágica.
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