terça-feira, 29 de setembro de 2009

PRA QUE SERVEM AS CRIANÇAS?

Uma coleira, um medidor de mastigadas e até um colete com controle remoto. Esses são alguns dos apetrechos tecnológicos aos quais os pais recorrem com o objetivo de controlar os filhos.

Parece estranho? Pois, os equipamentos são cada vez mais comuns, principalmente nas famílias em que a falta de tempo e o estresse da rotina diária acaba dividindo espaço com a criação dos pequenos. "Todo esse aparato ajuda a reduzir o tempo que os pais passariam correndo atrás dos pequenos ou supervisionando suas atividades, assim sobra mais horas (ou minutos) para dar conta de outras tarefas", explica a psicóloga Mariana Chalfon.



Para ela, os acessórios para os cuidados com as crianças surgem por conta da transformação da sociedade, em que o indivíduo assume multifunções. "A indústria mobiliza o marketing para as pessoas terem novas necessidades, que vão sendo incorporadas à vida delas", explica. Porém, será que tudo isso realmente é necessário? A especialista comenta três artigos à venda nas lojas.


Kami-Kami Sensor (o mastigador)

Lançamento da empresa japonesa Nitto Kagaku Co., o Kami-Kami Sensor monitora a movimentação da mandíbula da criança para garantir que ela mastigue os alimentos de forma adequada, ou seja, numa quantidade suficiente que não o faça engasgar.

O método pode até poupar os pais de assistirem com atenção o ritual da alimentação dos filhos, mas antes de partir para medidas extremas, a psicóloga explica que fazer uso desse tipo de objeto pode deixar transparecer que os pais não confiam na capacidade de entendimento do filho e que subestimam que ele possa seguir uma orientação simples como mastigar. "Quando a criança cria problemas na hora de comer, a mãe deve explicar por que é importante que ela mastigue os alimentos, incentivando o processo", completa.



Child Harness (a coleira)

A novidade Child-Harness parece ser a solução para os pais que vivem correndo atrás das crianças em um passeio no shopping ou no supermercado, sem falar os pequenos que "fogem" da vista dos pais em qualquer outro lugar. A vantagem é que a peça pode ser útil quando o assunto é garantir a segurança dos filhos em situações como atravessar a rua ou no meio da multidão dos parques de diversão.


O problema é a que preço essa troca é feita. Segundo Mariana Chalfon, a "coleira" pode bloquear a fase de aprendizado da criança. "Os pais podem passar a ideia de que não confiam nos filhos", diz ela.


Child Guardian (o colete)

Com a mesma proposta de não deixar a criança escapar de vista, o Child Guardian usa um
controle remoto para imobilizar imediatamente a criança desgarrada. Um alarme de 105 decibéis é disparado pelo colete que a criança usa, causando o efeito paralisante no corpo. Além do dispositivo para localizar a criança, há também um alarme que soa caso a criança se sinta ameaçada enquanto não está na companhia dos pais. De acordo com a psicóloga, o correto é que os pais passem orientações para os filhos para que, por exemplo, eles não corram na rua sem olhar para os lados ou que conversem com estranhos. "Trata-se de mais um caso em que os pais deixam parecer que não confiam na capacidade de aprendizado do filho. Uma orientação como “não atravesse a rua sem olhar para os dois lados” pode garantir a segurança da criança sem precisar desses acessórios", completa.

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