sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Quatro das 21,2 mil ruas da capital concentram 3,4% das mortes.

Em apenas quatro das 21,2 mil ruas de Salvador aconteceram 3,4% dos 736 assassinatos catalogados entre fevereiro e junho deste ano, de acordo com dados internos da Secretaria da Segurança Pública (SSP) conseguidos com exclusividade por A TARDE. A Rua de Nova Constituinte, em Periperi, lidera o ranking das mais violentas com nove dos 131 homicídios ocorridos em todo o subúrbio ferroviário naquele período.

A Avenida General San Martin (seis assassinatos), Gal Costa (cinco) e o Viaduto dos Motoristas (cinco) ocupam, respectivamente, os segundo, terceiro e quarto lugares no ranking. As vítimas são, em geral, negros, com idades entre 20 e 35 anos, moradoras da própria comunidade ou regiões próximas onde ocorreram os assassinatos. As localidades, em geral, carecem de direitos básicos a serem assegurados ao cidadão como saneamento básico, posto de saúde e escolas públicas.

Para se ter uma ideia, levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Censo 2000/ IBGE), feito para o governo do Estado e Prefeitura do Salvador, publicado em 2010, indica que 31,41% dos chefes de família de Nova Constituinte ganham de meio a um salário mínimo. Com população de 11,2 mil, a região não tem escolas de ensino básico e 36% dos domiciliados estudaram de quatro a sete anos.

Na avaliação do delegado Nivaldo Dórea, que atuou durante oito anos como titular da 5ª CP (Delegacia de Periperi) e hoje é delegado adjunto, a disputa por pontos de tráfico de drogas é determinante para o alto índice de homicídios na localidade. “São vários grupos tentando tomar os pontos uns dos outros. Na verdade são marginais se matando entre si”, ponderou. Ele admite que Nova Constituinte é uma localidade com maiores índices de criminalidade. O delegado Antônio Carlos Santos Magalhães, que assumiu a titularidade da unidade em 23 de junho último, diz que vai concentrar o foco no combate aos assassinatos. “A gente tem que acabar com essa sensação de impunidade”, comentou.


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