A pianista Maria Luiza Corker-Nobre, membro da Comissão de Patrimônio Intelectual do Rio de Janeiro, condena as intervenções de Araújo: - Quando um compositor põe barra dupla numa partitura é o ponto final. A música popular também é maravilhosa e acho que esse deveria ser o caminho do Vítor, onde poderá fazer qualquer arranjo. Ele precisa aprender que na música clássica não se pode fazer essas modificações. É um desrespeito. É grave.
Professor do Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro, o pianista Ivanildo Guilherme Ribeiro diz que Vítor é um talento a ser lapidado: - É inegável que Vítor é um dos grandes talentos surgidos no Brasil. Não resta a menor dúvida, a habilidade dele não se discute. O problema é que, no caso, o compositor e o intérprete estão se misturando. Acho que ele deve ser orientado, até porque há possibilidade de sofrer conseqüências, inclusive judiciais, se reescrever partituras consagradas, como vem fazendo. Ele precisa entender que não pode modificar partituras de outros músicos.
O maestro João Carlos Martins põe a batuta na polêmica, mas para salvar a pele do rapaz. Não vê problema nos (re) arranjos, caso a interferência seja boa. Cita o francês Jacques Lussier e o americano Bobby McFerrin, que fazem Bach suingar: - Já ouvi falar muito bem do Vitor. Infelizmente ainda não vi nenhuma apresentação dele, mas as referências que tenho são maravilhosas. Se ele faz bem, está de parabéns. Agora, se for de mau gosto, aí eu mato o cara.
Vitor Araújo (em defesa própria): "Minhas grandes influências são os jogos do Náutico, cervejas no bar com amigos e filmes de Stanley Kubrick e Woody Allen. Não digo que sou normal, porque seria pretensão demais desejar isso. Toco para quebrar a frieza inerente ao mundo erudito. Sou mais Galo da Madrugada do que Nelson Freire e sei que meu tipo de arte é suscetível a críticas, mas não gosto de radicalismo, não gosto quando querem me impor algo ou acabar com a minha liberdade. Meus dedos são uma extensão do meu coração."
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