Se Nietzsche entende a morte de Deus como o momento de uma crise da cultura, cabe então investigar todo o processo de desenvolvimento dessa cultura niilista para compreender o sentido a que esses valores apontavam e o que lhes dava sustentação. O niilismo do homem moderno é fruto de um erro da filosofia... O erro da crença na verdade! A morte de Deus marca o fim da metafísica. O fim da concepção de realidades imutáveis que possam fornecer uma chave para a compreensão do mundo em geral. Tal concepção se assenta “na pressuposição da igualdade das coisas, da identidade de uma mesma coisa em diferentes pontos do tempo”, reconhece “cada objeto em si, em sua própria essência, como um objeto idêntico a si mesmo, portanto existente por si mesmo e, no fundo, sempre igual e imutável, em suma, como uma substancia”.
A metafísica se tornou a ciência dos erros fundamentais do homem, como se esses fossem verdades fundamentais. A moral atuou como antídoto ao niilismo, apoiando-se no ideal de verdade. “Não passa de um preconceito moral que a verdade tenha mais valor que a aparência”. A morte de Deus marca o fim do dualismo entre mundo sensível e supra-sensível, e o mundo que sobrou parece falso e sem valor. Ao eliminar o “mundo-verdade” a morte de Deus põe fim também ao “mundo das aparências” e ao mais longo erro da humanidade. Se o mundo verdadeiro não existe, tudo o que se acreditou era uma mentira, a vontade do homem moderno é uma vontade que quer o nada. A morte de Deus cria um vazio que pode ser acentuado pelo último homem, para quem não há mais valor, ou preenchido pelo super-homem, produto da criação de novos valores.
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