Virgens juramentadas, trocaram
os cabelos longos, vestidos e a possibilidade da maternidade por calças longas,
cabelos curtos e um rifle. Tornaram-se patriarcas de
suas famílias para conseguirem sobreviver em uma região extremamente pobre,
flagelada pela guerra e regida por valores machistas.
A tradição das virgens juramentadas
remonta ao Kanun de Leke Kukagjini, um código de conduta que foi passado
verbalmente entre os clãs do norte da Albânia durante mais de cinco séculos.
Segundo o Kanun, o papel das mulheres era severamente restrito. Elas tomavam
conta das crianças e do lar. Embora a vida de uma mulher valesse a metade da
vida de um homem, a de uma virgem tinha o mesmo valor que a deste último -12
bois. A virgem juramentada foi um fruto da necessidade social em uma região
agrária flagelada pela guerra e pela morte. Caso o patriarca da família
morresse sem deixar herdeiros masculinos, as mulheres casadas da família
poderiam ver-se sozinhas e sem poder algum. Ao fazer um voto de virgindade, as
mulheres podiam assumir o papel masculino como chefes de família, portar armas,
ser proprietárias e locomover-se livremente.
“Renunciar à sexualidade ao jurar permanecer virgem
era uma forma encontrada por essas mulheres para engajar-se na vida pública em
uma sociedade segregada e dominada pelos homens”, afirma Linda Gusia,
professora de estudos da mulher da Universidade de Pristina, em Kosovo.
“Tratava-se de sobreviver em um mundo no qual os
homens mandavam”, diz Pashe Keqi, umas das antigas patriarcas.
Em um mundo ocidental, esses preceitos se mostram
obscuros e estranhos de entender, mas no contexto da Albânia, foi a forma que
as mulheres encontraram de encontrar seu lugar num local dominado por homens.
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