sábado, 5 de fevereiro de 2011

Uma banda para Leila: Fitz & The Tantrums.


Olhar para o passado é complicado. Ao mesmo tempo em que nos deparamos com sons incríveis e inspiradores, é muito difícil conseguir tirar deles inspiração na medida certa sem recorrer a anacronismos, nostalgia ou cópia pura e simples.

Reproduzir o passado por meio de uma nova visão é um desafio, e é isso que a onda de artistas neo-soul tenta fazer: resgatar diversos elementos do R&B, pop, jazz e black music em geral através de uma visão contemporânea. Mais do que isso, o importante é conseguir trazer o passado para o presente sem deixar de contribuir com ideias e sonoridades novas. Entre os artistas dedicados a esse som temos Mayer Hawthorne, Adele, Raphael Saadiq, os dinamarqueses do Quadron, os veteranos Cee-Lo Green e Sharon Jones & The Dap Kings e a problemática rainha mainstream Amy Winehouse.
Curiosamente, um dos grupos mais bem acabados de toda essa leva neo-soul é provavelmente um dos menos conhecidos: o sexteto norte-americano Fitz & the Tantrums. O som do grupo resgata sonoridades da Motown, Stax e Chess Records por meio de um instrumental poderoso, que conta com dois cantores, um organista, um saxofonista, um baterista e um baixista. Longe de ser um exagero, o instrumental pesado da banda traz a força necessária para que as melodias pop ganhem consistência e façam com que o som do grupo sempre pareça estar sendo feito ao vivo.


O Fitz & The Tantrums estreou com o bom EP Songs for a Breakup Vol.1, mas foi em seu primeiro álbum de estúdio, Pickin' Up The Pieces, que o som da banda ganhou consistência e mostrou que sabe equilibrar o passado com o presente. Em entrevista à Spinner, o grupo definiu seu som como "Motown and soul-influenced indie pop", deixando bem claro que a intenção do Fitz & The Tantrums é não ficar preso a rótulos e tentar misturar estilos tão diferentes quanto pop, indie-rock e soul. Ao menos em seu primeiro álbum, o grupo conseguiu.

Se em estúdio algumas melodias da banda parecem repetitivas (e de fato são), o problema parece desaparecer ao vivo, com as canções tomando outros rumos. A ausência de uma guitarra, aliás, faz com que os vocais e as melodias sejam mais agressivos, como se tentassem substituir e suplantar a força do instrumento. E funciona.

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