sábado, 19 de setembro de 2009

Minha Boêmia [Arthur Rimbaud]

Eu caminhava, as mãos nos bolsos desgastados;
também meu paletó fazia-se ideal;
ía sob o céu, Musa! e era o amante leal!
Ah que esplêndido amor que então foi sonhado!

Meus únicos calções tinham um grande furo.
- Pequeno Polegar que entre rimas discursa,
via minha taverna às margens da Grande Ursa,
no escuro!

Sentado eu escutava, à beira dos caminhos,
as meigas noites de setembro; e tinha o vinho
do orvalho sobre a fronte – ó tônico perfeito!

E ali rimas tecia entre vultos fantásticos,
com a minha lira – meu sapato e seus elásticos
que eu fazia vibrar, tendo um pé contra o peito.



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